O Conselho Europeu atribuiu ontem o prémio Sakarov a Ralf Badawi, o cidadão saudita preso e chicoteado, até ao inimaginável, 1000 chicotadas, por ter um blog onde pensou que podia escrever livremente. Pura hipocrisia, pura demência, no reino de seiks que traficam droga, que traficam armas, que apoiam terroristas e o que mais seja e não reconhecem o direito natural que cada ser humano tem de usar o seu pensamento, a sua consciência, a sua liberdade.
Pesquisar neste blogue
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Hospitalidade e direitos humanos
Quando o acolhimento é uma urgência, quando os refugiados caminham aos milhares, não é tempo de pensar em reciprocidades: o que é que eu vou ganhar das instituições europeias? O que posso exigir...? Não é tempo de jogos de interesses. A hospitalidade ou é desinteressada ou não é verdadeiramente. Se nos batem à porta, só cada um pode responder. Ninguém responde por ninguém. Posso dizer: entre, sente-se, conte-me...; ou dizer: não tenho tempo, não posso, não vou abrir, vá bater à porta do meu vizinho...
Cada
pessoa cumprirá a sua humanidade, na medida em que for capaz de romper com a
reciprocidade eu-tu e de instaurar uma outra ordem: eu para o outro; eu para todos os outros. Percebemos, assim, como
as noções de liberdade e de igualdade, presentes na fundamentação dos direitos
humanos, dão lugar à responsabilidade por outrem e à justiça no sentido do
rosto (em Lévinas).
Etiquetas:
hospitalidade,
refugiados,
responsabilidade
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Pela vida de Luaty Beirão (2)
Sei tão pouco sobre psicologia, motivações, sentimentos..., que muitas vezes por ignorância esqueço a enorme importância que tem no comportamento humano. Não é possível reduzir tudo à razão, à justificação racional, ao argumento formal... há muitas veredas e muitas pontes na mente humana. Ainda bem que é assim, espero que a carta de amor que a mulher lhe escreveu, em total desespero, faça o seu caminho.
Etiquetas:
ditadura,
presos políticos,
repressão
sábado, 24 de outubro de 2015
Pela vida de Luaty Beirão
17
ativistas angolanos, estão acusados de atos subversivos com o propósito de
atentarem contra o Estado, o presidente a república... 15 foram presos quando
liam e comentavam um livro escrito por um deles a partir de um original de um filósofo americano. Estão em prisão preventiva, há
mais de quatro meses, quando o limite em Angola são três meses. Por isto, Luaty
Beirão entrou em greve de fome há 34 dias, quer aguardar o julgamento em
liberdade.
Sabe-se
agora que a sua situação é muito crítica, pode a qualquer momento tornar-se
irreversível. E mesmo assim parece que ninguém faz nada? Ninguém pode fazer
nada? Tem
de ser possível fazer alguma coisa.
É
uma questão de direitos humanos, obviamente, o direito à liberdade de consciência,
de pensamento, de expressão, é inalienável; mas é também uma questão política, de
direitos e liberdades cívicas, então, aqueles jovens não podem querer para o seu país outro governo, outra política? Podem e devem.
Etiquetas:
democracia,
estado de direito,
presos políticos
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Direitos e dignidade
Num tempo de tantas
perplexidades – a maior vaga de refugiados depois da II Guerra mundial, os
critérios universais a mostrarem os seus limites, as instituições supranacionais
em impasses ou respostas insuficientes... –, muitos cidadãos questionam-se que
conceitos é preciso redefinir, que conceitos ganham centralidade para que o fosso
entre os princípios e a realidade não seja tão grande? Impossível passar ao lado
como se nada fosse, como se tudo se jogasse na formalidade dos direitos. Ou as regras
servem, se adequam e respondem ou as regras criam dificuldades, por procedimentos vazios, por
burocracias, por excessos de zelo...
Etiquetas:
dignidade,
Direitos Humanos,
humanidade
domingo, 18 de outubro de 2015
A dignidade é um tesouro
A dignidade é como se
fosse um tesouro - tento explicar, ao jovem que me interpela - onde guardas o que mais estimas, aquilo a que dás valor,
coisas que têm a ver com a forma como vês a vida e o modo como desejas e queres
vivê-la. Por exemplo, sei que dás valor à liberdade, nem tu nem ninguém quer viver
aprisionado, queres ser capaz de planear e organizar projectos, de inventar e de transformar a vida, de ter o respeito que julgas merecer e que queres que os
outros te reconheçam.
A dignidade está dentro
de ti, não a podes comprar, herdar do pai ou da mãe, é um bem precioso que não têm um preço e por isso não a podes negociar. És responsável por esse tesouro que guardas no lugar
mais profundo de ti mesmo, não podes tu ou alguém fazer-lhe mal. O tesouro é frágil, se não estiveres atento pode quebrar-se.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Face a face com o outro
A vaga de refugiados, vindos sobretudo da Síria, mas também do Afeganistão, Iraque, Eritreia..., mostra à evidência até onde pode ir a maldade humana. E até onde a questão do acolhimento se coloca na ordem das decisões políticas, sociais e éticas.Se, no mundo, apenas, existissem eu e o outro, a minha
responsabilidade era total. Face a face com o outro, ninguém pode responder por mim. Quando o outro me pede ajuda, cabe-me responder aos seus pedidos, sejam de que ordem forem e tenha ou não como satisfazê-los. Mesmo que a resposta não seja a solução, é da minha responsabilidade a disponibilidade; é da minha responsabilidade dizer: estou aqui.
Claro que pouco podemos fazer sem justiça, sem leis e instituições, mas cada um fazer o que lhe cabe, é um dever.
Claro que pouco podemos fazer sem justiça, sem leis e instituições, mas cada um fazer o que lhe cabe, é um dever.
Etiquetas:
acolhimento,
refugiados,
responsabilidade individual
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Somos seres humanos situados
Importa analisar a universalidade dos direitos humanos, não para a pôr em causa, mas para
mostrar a sua insuficiência. Não chega dizer: pertencemos todos à Humanidade, temos uma razão e uma liberdade que ninguém pode pôr em causa; não chega dizer: “tu
tens direitos, és um ser de direitos”, importa olhar o individuo na sua
situação. Somos seres situados, na nossa vida concreta, há contextos que se
tornam determinantes do viver; contextos, onde, o que define o humano é muito mais a experiência
religiosa, a pertença a uma cultura, a um povo ou a um grupo, do que a noção universal de Humanidade. Não reconhecer isto, é cair em impasses ou em respostas parciais que não são solução para as questões dos
refugiados, dos migrantes, da diversidade com que a Europa (na verdade, o mundo todo) está
confrontada.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
De que ordem são as injustiças?
São de natureza social, diriam uns; são de natureza cultural, diriam outros; não é possível distinguir entre estes dois pólos, diriam ainda outros. Ou seja , o debate não é linear. Na verdade, o que mostram as sociedades actuais, democráticas, abertas e diversas, é a necessidade de considerar que qualquer hierarquização cultural é ilegítima, não há culturas superiores umas as outras, o que há é diferenças culturais. Mas, depois, vem a realidade e mostra o absurdo: fundamentalismos religiosos que decapitam, crucificam, chicoteiam...como se estivessem num qualquer delírio que os impede de pensar. Isto é o quê?
(O jovem da Arábia Saudita condenado à morte, por crucificação, por estes dias, é um triste exemplo. Intolerável. Vamos ver o que diz a comunidade internacional!)
Etiquetas:
diversidade cultural,
fundamentalismo,
injustiça
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Reconhecimento
Não há justiça
sem reconhecimento social, certamente, mas também não há justiça sem o reconhecimento das diferenças culturais. A redistribuição material de bens responde às injustiças económicas, mas não responde às injustiças sentidas pelos grupos minoritários que se vêem culturalmente desvalorizados (talvez, o caso mais flagrante seja entre nós o dos ciganos, mas também há grupos culturais de origem africana, por exemplo, desvalorizados na sua diversidade cultural).
Há padrões que hierarquizam as culturas, nem que seja de forma tácita, há preconceitos e estereótipos em relação a determinados grupos culturais, portanto, a luta por justiça requer tanto
a redistribuição como o reconhecimento cultural.
Etiquetas:
diversidade,
reconhecimento cultural,
redistribuição
sábado, 3 de outubro de 2015
Cultura, a diversidade cultural
A cultura é uma construção humana, determinada
pelos contextos geográficos, sociais e históricos em que as pessoas nascem e
vivem, pelas condições que influenciam, desde sempre, a vida e a socialização de
todos os grupos humanos. As pessoas das planícies, das montanhas, dos desertos
ou das ilhas, não vivem as mesmas dificuldades, não lutam contra os mesmos
elementos, não criam os mesmos medos, os mesmos interditos, os mesmos
sentimentos de vitória ou de derrota e por isso não se relacionam do mesmo modo
com o desconhecido, o meio ambiente, os vizinhos…
Assim, pode dizer-se que cada povo tem uma identidade
cultural que vem de muito longe, encerrando traços específicos, alguns
visíveis e que podem ser partilhados e outros invisíveis e dificilmente
partilháveis.Na realidade, podemos
aprender sobre a língua, a história, a música, a literatura, as tradições…, de
outros povos, mas dificilmente aprenderemos sobre os seus valores e os seus
sentimentos – pelo que têm de convicção profunda que só os próprios
sentem e se revela na forma como pensam, amam, educam os filhos, tratam os mais
velhos...
Etiquetas:
cidadania;diversidade cultural
Subscrever:
Mensagens (Atom)