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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A greve dos estivadores


Os estivadores do porto de Setúbal, onde 90% são trabalhadores precários, ameaçam paralisar a Autoeuropa, a grande fábrica alemã de automóveis.
De repente, a sua luta ganha dimensão, escala; de repente, o trabalho deles torna-se visível, nas filas intermináveis de carros novos que não foram embarcados. Agora, pode ser que alguém os receba e oiça, com atenção, o que têm para dizer. Trabalham na precariedade mais absoluta, alguns há vinte anos, contratados ao dia, através de uma mensagem no telemóvel, isto parece uma coisa impossível de acontecer, mas acontece.
Espero mesmo que a fábrica pare. Espero que o problema deles seja notícia não apenas cá, mas noutros sítios e se perceba a importância de um trabalho com direitos. (Pena que tenha de ser assim, depois de muitos dias de greve, com transtornos para os próprios e suas famílias).


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Centenário do Armistício


Sábado e domingo, decorreram, em Paris, com pompa e circunstância, as comemorações do final da Primeira Grande Guerra. Nove milhões de soldados mortos, uma tragédia incalculável. Muita gente não tinha a noção exata ou sequer aproximada do que aconteceu.
Houve simbolismo e cerimónias tocantes. Foi bonito ver a chanceler alemã emocionar-se, e Macron, também (vencidos e vencedores, agora juntos). Foi bonito perceber que os discursos tinham um compromisso claro com a paz, entre os povos e os países. Uma paz que não acontece por acaso, tem de se querer, tem de se construir.
Há uma maldade humana sempre à espreita; é muito ténue o que separa a civilização da barbárie.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Os que gritam por justiça...


Podemos dizer que a justiça está para as sociedades, como a liberdade está para os indivíduos; não é possível uma organização social sem uma noção de justiça, e esta varia conforme o entendimento que temos do mundo e da vida, sobretudo dos governos que a cada momento executam políticas. 
Em sociedades tão abertas como as atuais, a discussão tem de ser sobre uma noção de justiça  que inclua em vez de excluir. Estamos muito longe disso; bastaria olhar, agora mesmo, para as caravanas de migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos ou para as multidões de refugiados que cruzam as fronteiras em vários lugares do mundo, para se perceber a urgência em encontrar outras respostas .

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O Principezinho... (5)

(Para terminar a viagem na terra...)

"Casas, estrelas ou desertos, é tudo a mesma coisa, o que lhes dá beleza nunca se vê”!

O essencial é invisível para os olhos (...) ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti”.

“ Quando nos prendemos a alguém arriscamos-nos a chorar de vez enquando” 

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O Principezinho...(4)


No 6º planeta, seis vezes maior que os outros, o Principezinho encontra-se com um senhor de idade, escritor, geógrafo, sempre no gabinete; encontra exploradores e outras pessoas, sempre sérias e bem comportadas.
 
O 7º planeta é a terra. O Principezinho não via ninguém. Pensou: "Também se pode estar sozinho ao pé dos homens - e repetia: "Ando à procura de amigos"! 
“Os homens agora já não têm tempo para conhecer nada. Compram coisas feitas nos vendedores. Os homens, agora, já não têm amigos. Se queres um amigo prende-me a ti!”
“Só as crianças é que sabem do que andam à procura - disse o Principezinho - são capazes de perder tempo com uma boneca de trapos que, por isso, passa a ser muito importante para eles. Se alguém lha tira, desatam a chorar...”
“Os homens - disse o Principezinho - bem se encafuam dentro dos comboios, mas já não sabem do que andam à procura. Portanto, não fazem senão andar à roda... Os homens da tua terra - disse o Principezinho - plantam 5000 rosas no mesmo jardim ...e, mesmo assim, não descobrem do que andam à procura... Deve-se é procurar com o coração”

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O Principezinho...(3)

(A viagem do Principezinho continua de planeta em planeta)


No 3º planeta, habita um bêbedo que bebe para se esquecer de que tem vergonha de beber. Como em todos os tipos de decadência humana, há uma lucidez que dói, que maltrata, que se torna insuportável e a queda é inevitável. Quando começamos a escorregar é muito difícil não cair, mesmo que façamos um grande esforço para contrariar o declive.


 No 4º planeta, habitam homens de negócios, preocupados com contas, somas e riquezas. Para que serve o dinheiro? “Para comprar outras estrelas, se alguém as descobrir, é que para o Principezinho as coisas sérias eram muito diferentes daquilo que as coisas sérias são para as pessoas grandes”.

No 5º planeta, habita um homem curioso, menos absurdo que todos os outros, era acendedor de candeeiros. “Este - pensou o Principezinho, enquanto continuava a sua viagem - seria alvo do desprezo de todos os outros: do rei, do vaidoso, do bêbedo, do homem de negócios e, no entanto, é o único que eu não acho ridículo, talvez por se interessar por mais alguma coisa para além de si próprio. O seu trabalho tem uma utilidade comum, a luz do candeeiro é para todos".



terça-feira, 23 de outubro de 2018

O Principezinho...(2)

O  Principezinho convida o leitor a viver a criança que cada um leva dentro,  parte integrante e esquecida de nós próprios e de que necessitamos para viver com ilusão, frente a um futuro incerto e a um presente que nos confunde e agride.

O livro é sobre a responsabilidade (a fidelidade a uma flor) e a amizade (que prende, que dói, que absorve, mas que realiza). Questiona os valores do mundo dos adultos como o poder, a autoridade, a vaidade, a ostentação, a marginalização, o dinheiro , a riqueza, o sentido do trabalho.




 A viagem do Principezinho


No 1º planeta, trata-se da questão da autoridade; a autoridade é o bom senso. Todos eram súbditos, as ordens eram sensatas, “só se pode exigir a uma pessoa o que essa pessoa pode dar”. Julgar-se a si próprio é o mais difícil de tudo, é bem mais difícil julgarmos-nos a nós próprios do que aos outros.
Diziam-lhe: “faço-te ministro, faço-te embaixador... as pessoas grandes são mesmo esquisitas - pensou o Principezinho que não queria poder. Só queria ver o pôr-do-sol. Como é que as pessoas grandes podem entender isto. Não entendem.

No 2º planeta, habita o homem vaidoso, tal como, aqueles que querem ser admirados, aclamados, “os vaidosos nunca ouvem senão elogios”. Questiona o que significa admirar e pensa: - “Não há dúvida de que as pessoas grandes são mesmo muito esquisitas”......