Os estivadores do porto de Setúbal, onde 90% são trabalhadores precários, ameaçam paralisar a
Autoeuropa, a grande fábrica alemã de automóveis.
De repente, a sua luta ganha dimensão, escala; de repente, o trabalho
deles torna-se visível, nas filas intermináveis de carros novos que não foram
embarcados. Agora, pode ser que alguém os receba e oiça, com atenção, o que têm
para dizer. Trabalham na precariedade mais absoluta, alguns há vinte anos, contratados
ao dia, através de uma mensagem no telemóvel, isto parece uma coisa impossível
de acontecer, mas acontece.
Espero mesmo que a fábrica pare. Espero que o problema deles seja
notícia não apenas cá, mas noutros sítios e se perceba a importância de um
trabalho com direitos. (Pena que tenha de ser assim, depois de muitos dias de
greve, com transtornos para os próprios e suas famílias).