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sábado, 5 de setembro de 2015

O regresso a Kobani

O menino sírio, Aylan, de três anos que morreu com a mãe e o irmão, no mar, ao tentarem chegar a uma ilha grega, foi a enterrar em Kobani. Não viveu o suficiente para saber a força das convicções, a força das montanhas, a força da terra, a força da identidade... O pai, sim, sabe o que tudo isto significa. Por isso, regressou para enterrar a mulher e os filhos na sua terra.

Está exausto, pede, em nome do Corão, que o deixem descansar. É tão ensurdecedor o seu sofrimento! Mesmo que diga que a mulher e os filhos são agora mártires, mesmo que evoque uma crença que o pode ajudar, permanece (e permanecerá, por muito tempo) no limite das suas forças.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Migrantes, uma tragédia diária (2)

As imagens começam a ficar insuportáveis, pela violência, pelo desânimo, pelos contínuos impasses, pelos armes farpados, pelos infindáveis acampamentos, pelos comboios a abarrotar de pessoas...Temo que se tornem banais. Temo que a situação se vá arrastando, apesar das cotas estabelecidas e dos passos que finalmente parecem mais consequentes, sem que as soluções que estas pessoas merecem sejam tomadas. Há muita hipocrisia no ar, há muito discurso vazio...É certo que se pode dizer que sempre houve margens, guerras, violência social e política, refugiados, populações perseguidas..., mas o que se passa hoje com o tal estado islâmico não é  comparável a quase nada, é maldade pura. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Migrantes, a tragédia diária

Mortes, mais mortes e mais e mais..., o número parece infindável, como infindável parece a situação dos refugiados que continuam a chegar pelo Mediterrâneo e pelos Balcãs. 
Corpos em decomposição, no interior de um camião abandonado, na Áustria; corpos a chegar às costas da Líbia, de sucessivos naufrágios; corpos a serem resgatados de porões de barcos... Uma tragédia humana que parece não ter limites.
Quem eram estes mortos? Que vidas deixaram para trás? A quem amavam? Por que emigravam? Quem podia ter feito alguma coisa e não fez?
A Europa já percebeu que, o que tem feito, não chega, todos esperam (todos esperamos) que se faça muito mais. 


sábado, 18 de julho de 2015

A flor que veio de longe

A flor nasceu e cresceu num canteiro do jardim da escola. Ela e as irmãs vivam felizes. Gostavam das brincadeiras dos meninos, do calor do sol e da sombra da tília nas tardes quentes de Verão. Mas um dia a escola fechou, os meninos deixaram de aparecer, ninguém mais regou as flores e elas começaram a ficar tristes e a secar.
- Ai se alguém nos viesse salvar! Precisamos de ajuda – pediam as flores!
Como há sempre fadas boas a ouvir os pedidos, na manhã seguinte, apareceu um jardineiro da Câmara que as arrancou com cuidado e as pôs na parte de trás de uma carrinha. A flor foi levada, juntamente com a mãe e algumas irmãs (as que ainda não estavam murchas), para outro lugar para aí ser de novo plantada. Está triste e sem forças, mudou de terra, de jardim, de cidade..., e, quando foi arrancada, as suas raízes partiram-se bastante e algumas folhas amareleceram e caíram. Já não é a mesma, tudo lhe dói. Até a estaca que lhe puseram para a ajudar a manter-se direita a incomoda.
- Estou mal, esta terra não é igual à minha, sinto tudo tão estranho! Para onde ficará a terra de onde vim? Será para o Sul ou para o Norte? Terei atravessado o rio ou as montanhas?
Não sabe. Como estava cheia de dores nunca levantou a cabeça, durante a viagem, para olhar a paisagem. Não sabe, mas imagina que veio de longe, lembra-se de ter passado muito tempo e de ter sentido fome e sede, e também porque o tempo, aqui, não é o mesmo, faz muito frio. Quando estiver melhor vai querer passear e descobrir este novo lugar.
Às vezes, diz à mãe:
- Não me sinto lá muito bem! Tenho saudades de lá! 
- Filha, vais ficar outra vez forte, bonita e cheia de saúde. Quando chegar a Primavera, terás folhas e pétalas novas. Os dias difíceis dos primeiros tempos vão passar, vais aprender coisas novas, encontrar amigos, ser convidada para as festas de anos, os bailes de domingo, o coro do jardim e a vida voltará a ser feliz para ti.
- E depois, mãe, sou daqui ou de lá?
- És daqui e de lá – repete-lhe a mãe, enquanto lhe canta baixinho uma canção que fala da terra de onde vieram.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Lá longe, na minha infância

Queria falar, neste Natal, dos que, longe de casa, são imigrantes, refugiados, deslocados..., mas regressei à minha infância. 
Anos sessenta. Era criança e não percebia muitas coisas. Não percebia, porque homens, pela calada da noite, em segredo, partiam, a"salto", para a França, atravessando montes e vales, levados por "passadores". Agora sei, fugiam da miséria em que viviam. Iam à procura de dinheiro para alimentar as suas famílias, mandar os filhos à escola, fazer uma casa. Era assim. Nunca teria ido estudar, se o meu pai não tivesse ido para a França. Homens que deixavam as suas casas, os seus filhos, as suas mulheres e partiam, quantos sacrifícios, para chegar à fronteira francesa e quem sabe a Paris, e aí arranjar um alojamento e um trabalho, precários que fossem. 
Era criança e não percebia muitas coisas. Não percebia por que jovens, de dezoito, dezanove, anos e alguns até menos, também, fugiam a "salto", para França e a Alemanha. Ficavam desertores, não podiam regressar, se voltassem ao seu país seriam presos. Agora sei, fugiam à guerra, à guerra colonial, uma guerra de que talvez pouco ou nada soubessem, senão que lhes podia roubar a vida.



sábado, 14 de dezembro de 2013

Os refugiados sírios


Os 74 sírios que chegaram a Lisboa, vindos da Guiné Bissau, chegaram como refugiados, todos pediram asilo político ao nosso país. As autoridades investigarão e se forem realmente refugiados políticos serão acolhidos ao abrigo de legislação internacional que Portugal ratificou
Mas, o que já podemos dizer é que são pessoas que fogem da guerra e da maior pobreza e dão de frente com a exploração de poderosas máfias, organizadas e com cumplicidades ao mais alto nível político (por isso, é que o caso é realmente grave).
Pagaram 5000 dólares pela viagem, pelo passaporte turco…, parece uma desproporção entre o que têm e o que pagam.
Estão aterrorizadas, não falam, não dizem quem são, mostram papéis que não são fiáveis, “desidentificam-se”…. A minha questão é: como continuam por dentro, como os afetou esta forçada “desidentificação”, ou continuam a ser quem sempre foram?
Na verdade, há um em “si mesmo” que não abandona o indivíduo, vá para onde for, sofra o que sofrer, assine que papéis assinar, chegue a aeroporto ou a refúgio que chegar. Há uma parte deles que continua inteira, mesmo que, em muitos pontos, tudo pareça partido.
É por isso que confiamos que muitos refaçam a suas vidas, construam futuros, realizem sonhos, vivam com a dignidade que merecem todos os seres humanos.




segunda-feira, 28 de março de 2011

Refugiados

À ilha italiana de Lampedusa, no mediterrâneo, chegam  vagas de refugiados tunisinos, egípcios e agora líbios, na procura de um lugar seguro para  passar estes tempos de crise ou reiniciar vidas. É certo que todos os países que assinaram a Convenção relativa ao estatuto dos refugiados, de 1951, têm a obrigação legal de receber e acolher dignamente as pessoas vítimas de perseguição, fugindo de conflitos armados ou de tensões políticas, como é o caso destes africanos.
Portugal também assinou esta convenção, de nodo que  todos os anos recebemos refugiados de várias nacionalidades, embora em número pouco significativo. Para lá do apoio do Estado, que tem um centro de acolhimento perto de Lisboa, na Bobadela, existe o Conselho Português para os Refugiados, constituído em 20/10/91, que dá, aos que pedem asilo, apoio jurídico e social, ajudando-os a conseguir o estatuto de refugiados, a conseguir emprego, a aprender a língua…

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A vida no campo de refugiados

A noite cai sobre o campo. Será uma noite igual a tantas outras, a uma infinidade de noites, num tempo e num inferno que parecem não acabar nunca. Os perigos espreitam lá fora, mesmo se falamos dos soldados que fazem a ronda, é que muitos usam uma farda e ao mesmo tempo cometem crimes, abusando de jovens crianças, recrutando meninos para tráfico, roubando parcos haveres. A vida, que não é vida, decorre no limite do possível, fora do imaginável. É o inferno, presente em toda a sua extensão. Amanhã, e quantas manhãs ainda, será mais um dia igual a todos os outros, um dia de sobrevivência.