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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Incompreensão do mundo

Agosto avança. Muitos estão de férias, enquanto outros, em vários lugares do mundo, fogem das balas, dos bombardeamentos, das perseguições politicas, religiosas… A incompreensão pelo que se passa é cada vez maior. Parece que uma qualquer catástrofe humana se abateu sobre nós e apagou todas as referências, já não temos quadros, grelhas, categorias de análise e de resolução fundamentadas; o direito internacional é letra morta e os direitos humanos uma coisa a mais que não é necessário respeitar. Que eu sinta isso, não faz qualquer diferença, mas que políticos, analistas influentes, os grandes do mundo, se reúnam em Berlim, para discutir a crise na Ucrânia, se reúnam no Cairo, para resolver o problema israelo-palestiniano, se reúnam no conselho permanente da ONU e nada pareça verdadeiramente resultar, não é normal.
As Nações Unidas são ultrapassadas e desrespeitadas nas suas resoluções, a União Europeia, a mesma coisa, quase não nos damos conta das declarações que faz.
O que fica? Noticiários cheios de guerra, populações em fuga, campos de refugiados, campos de treino com jovens alucinados mais ou menos perdidos, movimentações políticas irrelevantes que não saem do impasse… Isto não deveria ser possível, depois de tantas declarações, tratados, convenções… Retrocedemos séculos ou talvez estejamos, como sempre, no mesmo sítio: o da miserável violência humana, só muda o machado.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Milton Nascimento, o meu preferido

Ninguém canta como Milton Nascimento. Elis Regina terá dito: “Se Deus quisesse cantar escolhia a voz do Milton”. É verdade. Há nela algo de sublime, de estranho, de transformador…, se calhar, até de redentor.
Ouvir Milton Nascimento é um compromisso com a dignidade humana, a vida, a igualdade, a justiça, a amizade, o amor…; um compromisso contra a indiferença. Por isso, não se pode ouvir sem escutá-lo, atentamente, mesmo que, às vezes, nos desinquiete por dentro. 
Posso estar muito tempo sem regressar às suas músicas, mas, quando volto, é certo que oiço os vários CD’s que tenho por dias e semanas seguidas. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A guerra, a barbárie

28 de julho de 2014, há cem anos começava a I Guerra Mundial. Haverá com toda a certeza documentários, perspectivas, análises…
Mas haverá também, no noticiário de hoje, a destruição de Gaza, mais de um milhar de mortos, a desintegração da Líbia, o separatismo na Ucrânia, novo ataque do grupo Boko Haram, agora, nos Camarões e tudo o resto..
O que falhou? Falhou quase tudo. Falhou a intervenção Papal, recorde-se que em junho se reuniram, nos jardins do Vaticano, os lideres israelita, do Hamas e o próprio Papa para, nas diferentes religiões, rezarem pela paz. Falharam as primaveras árabes, as revoluções de jasmim, a crença na decência dos senhores de Moscovo, etc., etc., etc.
É certo que o problema reside na natureza humana. Somos maus, violentos, vingativos, fantoches, ambiciosos, faccionários …; mas isso não nos desculpa, temos a capacidade de uma comunicação racional, temos a capacidade de encontrar consensos, se formos capaz de deixar cair o que nos distingue, não porque não valha, mas porque não é o essencial. Centremo-nos no que interessa verdadeiramente; centremo-nos no valor inquestionável da vida humana, seja quem for e onde for.
 Estou tão cansada da impossibilidade de compreender as coisas, de perceber de como é ténue a linha entre a decência e a desumanidade, entre a liberdade a violência. a humanidade está em ser capaz de não ultrapassar essa linha (como referia Lévinas).



quinta-feira, 24 de julho de 2014

O avião da Malásia abatido

O que dizer? Nos últimos tempos já escrevi tanto sobre isto: o terrorismo é um dos piores males da humanidade, pela violência, pela cobardia, pela desproporção, pela perversidade… Matam-se assim inocentes, como se nada fosse. Vamos ver o que faz a comunidade internacional, espero que se esclareça, até ao limite de todas as possibilidades, o que aconteceu e sejam tiradas todas as consequências. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A contingência humana

Todos os telejornais têm do mesmo: acidentes, mortes inesperadas… A certeza da morte deveria levar-nos a pensar no fundamental da condição humana: a contingência do viver.
Devíamos aprender desde pequenos  que estamos de passagem, e este pode ser o último dia, hora, minuto, segundo…
Palavreado cristão, etc., etc. Talvez, mas, no caso, é apenas bom senso.  Acumular riqueza, construir bancos, sistemas financeiros, com uma volatilidade tal que nos estonteia e que ninguém percebe ou controla, e não olhar para o essencial, não pode ser caminho para a humanidade.

Regressemos ao essencial, ao simples, ao olhar, em primeiro lugar, para o lado; resgatemos a proximidade com o outro; deixemos de nos estranhar uns aos outros. Terrível indiferença!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O jovem comunista

Ouvi falar o jovem deputado comunista (João Oliveira) e pus-me a pensar: afinal, não terminaram as utopias; afinal, há quem ponha, acima do individual, o colectivo, todos os outros. “Não estamos aqui por interesses pessoais, não estamos aqui para ir trabalhar como CEO’S de grandes multinacinais, estamos para servir as pessoas”. 

Pareceu-me descortinar, ainda, muita retórica ideológica, mas igualmente um sentido de profundo envolvimento com os problemas da sociedade. “É a realidade que mais perturba os políticos”,  fala de transformar o quotidiano, da urgência do emprego, da justiça, duma vida melhor para todos. Há lá maior utopia e maior necessidade! O necessário não é utópico, é o real e o possível. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

As jovens raptadas na Nigéria

Continuam prisioneiras e escravas do grupo que as raptou. Não parece aceitável que o seu cativeiro continue, depois de tanto  tempo, quando há largas semanas disseram que já as tinham localizado. Meandros politicos impedem que as jovens possam regressar a casa e abraçar os seus familiares.