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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pela vida de Luaty Beirão (2)

Sei tão pouco sobre psicologia, motivações, sentimentos..., que muitas vezes por ignorância esqueço a enorme importância que  tem no comportamento humano. Não é possível reduzir tudo à razão, à justificação racional, ao argumento formal... há muitas veredas e muitas pontes na mente humana. Ainda bem que é assim, espero que a carta de amor que a mulher lhe escreveu, em total desespero, faça o seu caminho.

sábado, 24 de outubro de 2015

Pela vida de Luaty Beirão

17 ativistas angolanos, estão acusados de atos subversivos com o propósito de atentarem contra o Estado, o presidente a república... 15 foram presos quando liam e comentavam um livro escrito por um deles a partir de um original de um filósofo americano. Estão em prisão preventiva, há mais de quatro meses, quando o limite em Angola são três meses. Por isto, Luaty Beirão entrou em greve de fome há 34 dias, quer aguardar o julgamento em liberdade.
Sabe-se agora que a sua situação é muito crítica, pode a qualquer momento tornar-se irreversível. E mesmo assim parece que ninguém faz nada? Ninguém pode fazer nada? Tem de ser possível fazer alguma coisa.
É uma questão de direitos humanos, obviamente, o direito à liberdade de consciência, de pensamento, de expressão, é inalienável; mas é também uma questão política, de direitos e liberdades cívicas, então, aqueles jovens não podem querer para o seu país outro governo, outra política? Podem e devem.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Direitos e dignidade

Num tempo de tantas perplexidades – a maior vaga de refugiados depois da II Guerra mundial, os critérios universais a mostrarem os seus limites, as instituições supranacionais em impasses ou respostas insuficientes... –, muitos cidadãos questionam-se que conceitos é preciso redefinir, que conceitos ganham centralidade para que o fosso entre os princípios e a realidade não seja tão grande? Impossível passar ao lado como se nada fosse, como se tudo se jogasse na formalidade dos direitos. Ou as regras servem, se adequam e respondem ou as regras criam dificuldades, por procedimentos vazios, por burocracias, por excessos de zelo...
 Em meu entender  é preciso que a dignidade humana seja o centro  da defesa dos direitos humanos, mesmo que seja difícil definir este conceito por ser muito complexo, com diferentes sentidos em diferentes culturas. 

domingo, 18 de outubro de 2015

A dignidade é como um tesouro

A dignidade é como se fosse um tesouro - tento explicar, ao jovem que me interpela - onde guardas o que mais estimas, aquilo a que dás valor, coisas que têm a ver com a forma como vês a vida e o modo como desejas e queres vivê-la. Por exemplo, sei que dás valor à liberdade, nem tu nem ninguém quer viver aprisionado, queres ser capaz de planear e organizar projectos, de inventar e de transformar a vida, de ter o respeito que julgas merecer e que queres que os outros te reconheçam. 
  A dignidade está dentro de ti, não a podes comprar, herdar do pai ou da mãe, é um bem precioso que  não têm um preço e por isso não a podes negociar. És responsável por esse tesouro que  guardas no lugar mais profundo de ti mesmo, não podes tu ou alguém fazer-lhe mal. O tesouro é frágil, se não estiveres atento pode quebrar-se. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Face a face com o outro

A vaga de refugiados, vindos sobretudo da Síria, mas também do Afeganistão, Iraque, Eritreia..., mostra à evidência até onde pode ir a maldade humana.  E até onde a questão do acolhimento se coloca na ordem das decisões políticas, sociais e éticas.Se, no mundo, apenas, existissem eu e o outro, a minha responsabilidade era total. Face a face com o outro, ninguém pode responder por mim. Quando o outro me pede ajuda, cabe-me responder aos seus pedidos, sejam de que ordem forem e tenha ou não como satisfazê-los. Mesmo que a resposta não seja a solução, é da minha responsabilidade a disponibilidade; é da minha responsabilidade dizer: estou aqui.
Claro que pouco podemos fazer sem justiça, sem leis e instituições, mas cada um fazer o que lhe cabe,  é  um dever.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Somos seres humanos situados

Importa analisar a universalidade dos direitos humanos, não para a pôr em causa, mas para mostrar a sua insuficiência. Não chega dizer: pertencemos todos à Humanidade, temos uma razão e uma liberdade que ninguém pode pôr em causa; não chega dizer: “tu tens direitos, és um ser de direitos”, importa olhar o individuo na sua situação. Somos seres situados, na nossa vida concreta, há contextos que se tornam determinantes do viver; contextos, onde, o que define o humano é muito mais a experiência religiosa, a pertença a uma cultura, a um povo ou a um grupo, do que a noção universal de Humanidade. Não reconhecer isto, é cair em impasses ou em respostas parciais que não são solução para as questões dos refugiados, dos migrantes, da diversidade com que a Europa (na verdade, o mundo todo) está confrontada.



quinta-feira, 8 de outubro de 2015

De que ordem são as injustiças?

São de natureza social, diriam uns; são  de natureza cultural, diriam outros; não é possível distinguir entre estes dois pólos, diriam ainda outros. Ou seja , o debate não é linear. Na verdade, o que mostram as sociedades actuais, democráticas, abertas e diversas, é a necessidade de considerar que qualquer hierarquização cultural é ilegítima, não há culturas superiores umas as outras, o que há é diferenças culturais. Mas, depois, vem a realidade e mostra o absurdo: fundamentalismos religiosos que decapitam, crucificam, chicoteiam...como se estivessem  num qualquer delírio que os impede de pensar. Isto é o quê?
(O jovem da Arábia Saudita condenado à morte, por crucificação, por estes dias, é um triste exemplo. Intolerável. Vamos ver o que diz a comunidade internacional!)