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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Jovem columbiana insultada e espancada



Nicol, a jovem de 21 anos, colombiana, agredida na madrugada do São João no Porto, é uma vítima mais do racismo sempre latente na sociedade portuguesa. O racismo, como sucessivos relatórios da ONU têm mostrado, é a maior das discriminações e por isso não podemos deixar passar atos desta natureza.
Sei que se vão abrir inquéritos (na empresa de segurança privada a que pertencia o agressor, na PSP, chamada ao local, no Ministério Público…) e vamos ver o que vai acontecer; o que se passou é muito grave, para não haver qualquer consequência.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Mais uma das miseráveis faces de Trump


Dentro da política de tolerância zero contra a imigração ilegal, assistimos, na última semana, ao impensável: 2047 crianças, algumas muito pequenas, de quatro e cinco anos, foram separadas dos pais que atravessaram ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos. A imagem daquela espécie de jaulas, onde as crianças foram acantonadas, abanou as consciências de muita gente: procuradores gerais democratas, de 17 estados americanos, vão processar Trump; movimentou-se a sociedade daquele país e do mundo;  o presidente voltou atrás e fez aprovar uma lei que reunirá pais e filhos. Mas, parece ser um pequeno passo, e provisório, temo que, mas cedo que tarde, este senhor dê o dito por não dito e tudo volte ao mesmo.

domingo, 24 de junho de 2018

Distinção entre refugiado e imigrante ilegal


O refugiado precisa de proteção internacional, consagrada na Convenção de 1951; não deixa o seu país por vontade própria, mas para fugir de guerras, de conflitos, de calamidades naturais e  de perseguições que põem em causa a sua vida.
O imigrante sai por vontade própria, por razões económicas, fugindo da fome e da miséria; em muitos casos, sem possibilidade de encontrar forma de sobreviver no seu país, parte clandestinamente.
 É  por isso que nem sempre é fácil a distinção entre migrantes ilegais por motivos económicos e refugiados, muitas vezes, também, há por detrás da imigração ilegal dificuldades ligadas a determinado grupo étnico, religioso ou político.

(Em Portugal, ninguém é perseguido, mas sabemos quanto custa dar  trabalho a pessoas de certas comunidades negras e a ciganos, por exemplo). 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Dia Mundial do Refugiado


Ontem, dia 20 de junho, assinalou-se o dia mundial do refugiado. No mundo, segundo informação do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), há mais de 68 milhões de pessoas deslocadas ou refugiadas; pessoas que tiveram de deixar as suas casas, fugindo para locais seguros, dentro do país ou  para fora do seu país.
Desde 1951 que existe uma Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados – o que significa que há leis internacionais que definem quem pode ser considerado refugiado e como deve ser tratado. Os países que assinaram esta Convenção têm o dever de acolher, integrar e  assegurar todos os direitos que a estatuto de refugiado lhes confere. Portugal assinou esta Convenção e tem acolhido e integrado pessoas que aqui pedem asilo, sendo considerado, até, um exemplo, por parte da União Europeia, em políticas de integração.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

A migração é uma realidade



A imigração na Europa não é uma ideia abstrata, distante, sobre a qual possamos elaborar teorias; a imigração é uma realidade atual, premente, com muitos rostos e muitas causas. Conhecer e atuar sobre o problema é, a meu ver, o maior desafio colocado aos países e aos seus líderes políticos; espero que a chanceler alemã, mesmo que tenha de cair, não abdique dos princípios que tem defendido.
Cada vez serão mais as vozes contra; importa por isso  recolocar a questão sempre do ponto de vista dos direitos humanos e do direito  internacional, há já muito caminho feito, voltar para trás seria impensável.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

"O que será dos meus filhos", o filme


Emociono-me com frequência – sobretudo, com aspectos que têm a ver com a identidade profunda das pessoas, com sentimentos que não conseguimos explicar – mas não sou de chorar.  Nesse filme, contrariamente ao habitual, recordo ter chorado do princípio ao fim.
É um drama humano, no limite do suportável: uma mãe doente, cancerosa, muito religiosa (de resto, a paróquia é um apoio), que sabe que vai morrer muito proximamente e procura um futuro para os filhos que vê possível, entregando-os a famílias com possibilidades. Entrega um, dois, três, quatro…, mas há uma criança (ou talvez mais) deficiente que não é adoptada e acaba numa instituição.
Deixa com a filha mais velha as direcções de todos os irmãos, na esperança de que não se percam uns dos outros.  
Já na fase terminal, resiste a tomar uma certa medicação que lhe alivia as dores, mas a torna inconsciente, alheada, incapaz de continuar a lutar pelos filhos.
Não recordo a figura nem o papel do marido, estaria ausente do filme, seria a senhora viúva?
Não sei, vi-o há muitos anos, e se o recordo hoje, é porque acabo de me cruzar com uma heroína semelhante à do filme, também em fase terminal, e que literalmente me reproduziu a frase: “o que será dos meus filhos”. Fico sem articular palavra, parece-me ouvir um coro de mães: “o que será dos meus filhos”. Haverá lá dor maior!

(publicado em 22/8/2012)

segunda-feira, 11 de junho de 2018

174, Última Parada - o filme

É um filme sobre meninos da rua, no Rio de Janeiro. Tem tudo o que estamos à espera: violência, tráfico, consumos, roubos, favelas..., a sobrevivência mais absoluta. O que mais impressiona é a escalada de uma criança, Ale, no mundo do crime. Impressiona ver como se perdem valores, sentimentos, referências..., como se passa por cima de tudo, como se engana, mente, trafica, mata...e, consequência inevitável, um dia é-se também assassinado. Ale foi capturado e morto a tiro pela polícia, na última paragem do  autocarro 174, quando levava a cabo mais um sequestro.  

Assistir à desumanização  deste jovem, quase criança, sem que ninguém tenha podido fazer nada, nem a  (suposta) mãe que, julgando ser o filho que o pai lhe tirara dos braços ainda criança, faz tudo, tudo mesmo, para o recuperar; nem Valquíria, a senhora da associação,  que, embora não desistindo dele, lhe diz, "não posso ajudar quem não quer ser ajudado". 

Há na vida do jovem uma espécie de precipício,  um buraco negro, sempre cada fez mais fundo, de que nunca se vislumbra vontade de sair, como se uma inevitabilidade lhe perturbasse o ser e lhe marcasse o destino.


(publicado em 17/9/2011)v