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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A banalidade da violação de direitos

As violações de direitos humanos estão por todo o lado; estão na guerra da Síria, nos conflitos politicos e sociais do Mali, do Egipto, de Moçambique... e de tantos outros lugares, tal como estão nas diferentes discriminações, no desemprego, na violência doméstica... e noutras situações que quotidianamente vivemos e observamos.
Não há dúvida de que existem poderes políticos, económicos e sociais que ignoram e defraudam as justas expectativas das pessoas e dos povos, naquilo que é o seu ser fundamental: a dignidade, consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH, 1948). É certo que se pode dizer que sempre houve margens, bairros de lata, pessoas desamparadas, sem-abrigos…, como se um destino inexorável ditasse as suas vidas, por gerações sucessivas. Ainda assim, não se trata de um determinismo, outro viver é possível. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Leonarda, a jovem cigana


Há umas semanas atrás, foi expulsa de França com a sua família e enviada para o Kosovo, de onde os pais são originários. Detida dentro do autocarro, durante um passeio escolar, o seu caso comoveu meio mundo.
Legalmente, nada a apontar, parece que se cumpriu o que as leis determinam, no caso de imigrantes ilegais em França.
Mas, o problema é que não se trata de uma questão de legalidade; é uma questão de moralidade, de justiça.
Escolarizada, integrada, com amigos, os colegas saíram às ruas exigindo o seu regresso ao país, viu a sua vida truncada, como milhares (se não milhões) de outros emigrantes clandestinos.  
Hollande (o presidente francês) foi obrigado a vir dizer que podia voltar, mas sozinha. Outra injustiça, como vem, uma criança de quinze anos, sem os pais? Ela recusou, o caso continua, pelo menos enquanto os média falarem dele, depois cairá no esquecimento como tantos outros dramas da imigração ilegal.



O tufão Yolanda, Filipinas

Há ilhas completamente arrasadas. Destruição por todo o lado, quase três mil mortos confirmados, milhares e milhares de desalojados, muitos feridos com marcas no corpo e na alma que dificilmente vão sarar.
Olho a jovem mãe que pede ajuda para enterrar o seu bebé que já começa a cheirar mal; olho a idosa que acaba de morrer no centro de acolhimento improvisado; olho a multidão que se aglomera junto ao porto esperando um lugar no barco, mas acaba por ficar, porque só há lugar para os casos mais urgentes; olho as valas comuns onde se enterram os mortos para evitar epidemias…

Olho e penso na contingência humana, na sua desdita e na sua desgraça. Penso na ajuda humanitária da ONU que não chega como devia, apesar da ajuda internacional, e sempre com a mesma desculpa: dificuldades de logística, burocracias, atrasos,… e os que não podem aguentar mais vão morrendo, debaixo das câmaras de televisão. A morte humana não é um espectáculo, mas há alturas, como agora, que quase desculpamos, porque sem imagens como estas, muitas consciências adormecidas dos poderosos do mundo continuariam a dormir descansadas. E é preciso fazer muito mais do que aquilo que está a ser feito. É preciso levar a sério os desequilíbrios ambientais e as alterações do clima, como repetem vezes sem conta os entendidos nestes temas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Crise ou mais do que isso?

A situação portuguesa é de tal ordem, cada dia parece pior que o anterior, que não vemos qualquer saída. O pior é que estamos tão pertinho dos gregos, da miséria grega, e tão longe dos irlandeses e dos espanhóis e italianos, para estes há um estado social que ainda responde, por exemplo na Espanha, onde o desemprego é uma enormidade, quando acaba o subsídio a pessoa recebe um mínimo de 400 euros, vê-se  diferença, entre o nada e este apoio. aqui verdadeiramente se não é a família, muitos caem na maior desgraça.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Pobreza

Há uma definição técnica para pobreza, os que vivem com menos de um dólar por dia, penso. Aparentemente, se considerássemos esta definição seriam poucos os pobres em Portugal. Contudo, aumentam a olhos vistos, como refere a Cáritas e outras organizações que estão no terreno.
Pobreza é não poder fazer face ao dia a dia  e aos compromissos que temos, daí que muitos pobres sejam por isso classe média e média alta, pessoas que, com a crise e os cortes nos rendimentos disponíveis, vêem o salário a pagar contas sem que fique o tal dólar para comer.
Para onde caminha este modelo de sociedade? Quando nos confrontamos com a impossibilidades de pagar dívidas, o Estado e as famílias, começamos a perceber que nos venderam um modelo social que não podemos suportar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A banalidade dos naufrágios


Temo a banalidade dos naufrágios no Mediterrâneo; temo que, qualquer dia, se tornem em não notícia, passando a considerar-se como algo de tal modo normal que já  não nos perturba. Temo que se deixe de questionar o que está verdadeiramente em causa: a impossibilidade de “fechar”, nos seus países, pessoas na mais extrema pobreza.
Quando Hannah Arendt, ao presenciar a forma como os carrascos nazis se referiam, sem qualquer pingo de emoção, às barbáries cometidas, falou da banalidade do mal, não sabia da tragédia dos emigrantes clandestinos , mas sabia da incapacidade dos seres humanos (de alguns seres humanos) se revoltarem e tomarem medidas sobre tragédias desta natureza. 

domingo, 13 de outubro de 2013

Malala, um símbolo

A jovem paquistanesa que há um ano foi baleada, no atentado a um autocarro, quando regressava da escola, é já um símbolo. Falou nas Nações Unidas, acabou de ganhar o Prémio Sakharov e está nomeada para o Nobel da Paz.
Malala é uma menina corajosa, inteligente, determinada…, luta pela educação a que tem direito, a sua e a de todas as raparigas do seu pais e de outros países, mas não pode ser instrumento de ninguém, pessoa ou organização. Tem apenas dezasseis anos.
Às vezes, parece, num ponto ou outro do seu discurso, haver demasiada politização, como, por exemplo, quando falou nas Nações Unidas e disse: “as mulheres têm de lutar pelos seus direitos em todo lado, mesmo aqui, nos Estados Unidos, têm de levar uma mulher a presidente” e os focos caíram sobre a senhora Clinton.
- Malala, sei que vais continuar a estudar, a pensar por ti mesma, a ser capaz de questionar as coisas e de as perceberes no confronto com os jogos de interesses da alta política.