Há ilhas completamente
arrasadas. Destruição por todo o lado, quase três mil mortos confirmados,
milhares e milhares de desalojados, muitos feridos com marcas no corpo e na
alma que dificilmente vão sarar.
Olho a jovem mãe que pede
ajuda para enterrar o seu bebé que já começa a cheirar mal; olho a idosa que
acaba de morrer no centro de acolhimento improvisado; olho a multidão que se
aglomera junto ao porto esperando um lugar no barco, mas acaba por ficar,
porque só há lugar para os casos mais urgentes; olho as valas comuns onde se
enterram os mortos para evitar epidemias…
Olho e penso na
contingência humana, na sua desdita e na sua desgraça. Penso na ajuda
humanitária da ONU que não chega como devia, apesar da ajuda internacional, e
sempre com a mesma desculpa: dificuldades de logística, burocracias, atrasos,…
e os que não podem aguentar mais vão morrendo, debaixo das câmaras de televisão.
A morte humana não é um espectáculo, mas há alturas, como agora, que quase
desculpamos, porque sem imagens como estas, muitas consciências adormecidas dos
poderosos do mundo continuariam a dormir descansadas. E é preciso fazer muito
mais do que aquilo que está a ser feito. É preciso levar a sério os
desequilíbrios ambientais e as alterações do clima, como repetem vezes sem
conta os entendidos nestes temas.
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