E eu fiquei sem
saber o que dizer. Falou-me como se uma «essência cigana» determinasse a vida
dela. Como se os ciganos não fossem cidadãos portugueses e não tivessem os
mesmos direitos, desde logo, o direito a um emprego.
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quinta-feira, 6 de setembro de 2018
A jovem cigana
Encontrei-a num
centro de saúde. Disse-me que tinha dezanove anos, dois filhos e que vivia do
rendimento mínimo. Disse-lhe: «Por que não se candidata um emprego»? Responde-me que
é cigana.
terça-feira, 4 de setembro de 2018
A Venezuela – a cegueira de Maduro
A situação política, social e económica a que aquele povo
chegou parece de não retorno. Sempre a descer, até ao precipício final. Pelo
caminho, o que acontecerá ainda? Ninguém saberá dizer, ao certo; com um ditador
daqueles que continua com a propaganda do costume, sem ter a noção, mínima que
seja, de que não é a ideologia que dá comida ao povo, o que se espera, nem
sequer é mais do mesmo, é sempre o pior. Os números começam a assustar, mais de
um milhão já fugiu para os países vizinhos, para pedir refúgio.
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crise económica,
ditadura,
refugiados
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
A morte de Kofi Annan
No dia 18 de agosto passado, morreu Kofi Annan. Natural do
Gana, foi Secretário Geral das Nações Unidas, entre 1997 e 2006 e Prémio Nobel
da Paz partilhado com a ONU, em 2001. Foi o primeiro negro a chefiar aquela
organização, onde era um alto funcionário, desde há muito.
Annan era alguém a quem o mundo deve prestar homenagem, pela força,
pela capacidade de falar com todos, na procura das melhores decisões. Sempre que
se via Annan, via-se e sentia-se a presença de uma pessoa boa, de uma calma e de uma
sensibilidade que poderiam tornar tudo menos difícil. E houve tempos muito difíceis,
durante os dez anos à frente da ONU: as guerras do Ruanda, dos Balcãs, do Iraque... Em Portugal, já foi referido por muita gente o papel decisivo que teve na
independência de Timor-Leste.
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Direitos Humanos; Personalidades; ONU
terça-feira, 14 de agosto de 2018
A educação em direitos humanos
Os direitos humanos vão para além da vida cívica, na comunidade e nas
relações com o Estado e as instituições; respeitam ao género humano, àquilo que
é pertença de todos os homens por ser próprio da sua natureza racional.
Trata-se
de uma aprendizagem global – não, apenas, porque o seu horizonte é toda a
humanidade – mas também pelo facto de termos de assumir responsabilidades, num mundo
cada vez mais aberto, onde os problemas de uns não podem deixar de dizer
respeito também aos outros, passem-se lá longe ou na rua que acabámos de
atravessar.
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
Lá longe, a França
Nenhuma memória
é mais real, mais marcada e mais continuada na minha vida do que a da emigração.
Naqueles idos anos sessenta, a França era uma realidade diária, estava nas
ruas, nas conversas e nas vidas de todos os habitantes. Se víamos duas ou mais
pessoas a conversar na rua era quase certo que falavam de familiares a viver em
França.
Não havia
família que não tivesse alguém naquele país. Em muitos casos, todos estavam lá,
tinham ficado, apenas, os avós, já de idade. O mesmo acontecia com a minha
família. De algum modo, eu, a minha mãe, os meus irmãos, os meus avós, tal como
o resto das pessoas daquela terra, também estávamos vivendo nos arredores de
Paris.
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
“Já estive na América” - diz-me a senhora
Cheguei muito cedo à estação do
porto do Pico. Queria apanhar o primeiro barco do dia. A sala de espera estava
deserta; passado algum tempo, chegou uma senhora com mais de meia cesta de ovos, empilhados uns em cima dos outros, como antigamente se fazia.
- Vai ao médico – pergunta-me?
Percebi que eu podia ser dali.
Na verdade, nesta ilha, a pronuncia não é acentuada.
- Não, estou a passear, vou
passar o dia ao Faial.
-Ah! Não é daqui! Achei estranho,
não a ter visto antes.
- Sou da Guarda, não longe da
serra da Estrela, a segunda montanha mais alta de Portugal, a seguir ao Pico.
- Nunca fui ao continente. Mas já
estive na América, tenho dois filhos na América.
Não refere a cidade, nem o
Estado, diz na América, como se se tratasse duma coisa única, duma identidade.
E tem razão; quando um açoriano diz «América», fica-se a saber tudo. Sabemos do
que fala.
Quase em cima da hora do barco,
aparecem os que vão trabalhar, os que vão de facto ao médico, ao tribunal ou a
outra instituição pública que só há na cidade da Horta.
Entrámos, pouca gente. Só para
mim, aquela travessia parecia uma novidade. Deixei-me levar, olhando a ilha que
ficava para trás, o mar revolto, as enormes ondas e, pouco tempo depois, o
porto da Horta. A cidade parece um alpendre, ao longo daquela baía, em declive,
roçando o mar. À saída a senhora, com quem tinha falado no Pico, quase me esperou para me desejar um bom dia. Agradeci.
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Emigração,
quotidianos,
vidas
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
A identidade de género
Acaba de ser promulgada a lei sobre a identidade de género, depois da primeira ter sido vetada pelo Presidente da República que a devolveu ao Parlamento com algumas recomendações.
A identidade de género, quando
alguém tem traços biológicos e físicos de determinado género, mas se identifica com o outro género, ser homem em corpo de mulher ou mulher em corpo de homem, é uma questão humana séria.
Trata-se de reconhecer uma necessidade básica, anterior a quaisquer outros
direitos: a identidade pessoal de cada pessoa, perante sim mesma e perante os
outros.
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dignidade humana,
Direitos Humanos,
identidade de género
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