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domingo, 18 de março de 2018

Violência doméstica - mais uma mulher morta


A jovem, de vinte e nove anos, do concelho do Fundão, que morreu há uma semana, com vinte facadas, às mãos do companheiro, é uma das últimas vítimas da violência doméstica. Tantas mulheres assassinadas ou marcadas para a vida, por maridos ou ex-maridos!. 
Parece uma guerra surda, às vezes, mesmo silenciosa; quase sempre, ninguém viu, ninguém sabia, ninguém imaginou ou suspeitou, sequer, que um crime destes pudesse acontecer. No entanto, homicídios tentados ou consumados são quase semanais.
É tudo maldade, descontrolo, ciúme, álcool, sentido de posse, de propriedade…? É tudo loucura, perturbação mental? 
É preciso uma outra atenção, por parte da comunidade e das autoridades, policiais e judiciais, para que não morram mais mulheres, nalguns casos, depois de terem pedido ajuda, vezes sem conta. É preciso mostrar a cara dos agressores, dizer quem são, o que os move, o historial de vida...


sábado, 17 de março de 2018

O movimento contra os tiroteios em escolas dos Estados Unidos

Há algum tempo, um jovem de 19 anos pegou numa arma e atirou indiscriminadamente sobre os alunos da escola secundária da Florida que frequentou e da qual foi expulso. Morreram 17 jovens, a maioria com 14 anos. Um massacre.
Com um passado difícil, completamente perturbado, deu todos os sinais: comprou a arma e as munições, publicou fotografias..., mas ninguém parece ter levado o facto suficientemente a sério. 
Este é o ponto: parece tolerável, naquela sociedade, que jovens comprem armas e as utilizem como se nada fosse. Como se o que aconteceu fosse banal, algo que não é necessário questionar.
Parece que finalmente algo está a mudar nas mentalidades,  graças aos jovens e a outras individualidades, incluindo os meios de comunicação, que vieram para a rua a exigir mudanças legislativas e  ações  concretas contra o lóbi das armas e a cegueira de tantos políticos, a começar pelo presidente . 

sábado, 6 de janeiro de 2018

A menina que pedia esmola

- Como e que te chamas?
- Alice.
- Quantos anos tens?
- Catorze.
- Há quanto tempo estás na rua a pedir esmola?
- Não sei, perdi a conta. Sei que desde que ando a pedir já me nasceu mais uma irmã. Vi-a este fim de semana. 
- É bonita, a tua irmã bebé? 
- Muito bonita, mas estou farta de bebés, tenho oito irmãos e sou a mais velha.
- Pedes todos os dias?
- Sim, mas dou o dinheiro à minha mãe.
- Adeus, Alice. Tu também és muito bonita, sabes!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Agir a favor da paz, aqui e agora

A contradição do humano: tantos votos de paz e ao mesmo tempo tanta violência. Celebrou-se a 1 de janeiro o dia mundial da paz. O Papa enviou uma mensagem a todos os católicos, o diretor geral da ONU a todo o mundo, ambos, alertando para os perigos e pedindo (exigindo) que mudemos de atitudes. Mas talvez, tudo continue irremediavelmente na mesma.
Claro que a violência tem muitas caras, muitos graus, muito confronto de interesses e muito domínio de uns sobre outros. Não podemos pensar apenas nas guerras, na fome, nas perseguições, nas limpezas étnicas, nos delírios dos que continuam a ameaça nuclear…, temos de pensar nos desempregados, nos que, mesmo trabalhando, não ganham para pagar as contas, dos jovens que saem à noite e morrem baleados à porta de uma discoteca, da violência doméstica, dos que todos os dias ou nos mentem ou nos dizem meias verdades, dos que nos atendem mal num serviço público ou privado…. Reagir em nome da dignidade e da justiça é já uma atitude a favor da paz de cada um e de todos os outros.


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Um mundo menos desigual, é possível

Não é possível não sentir um desconforto, ficar insensível à vida de tanta gente marcada por um destino que lhe determina os dias. Não é possível compreender que alguns vivam junto a um mar onde nunca tomarão banho, arrumem quartos em hotéis onde nunca poderão dormir, sirvam em restaurantes onde nunca  comerão uma refeição sentados na sala...
Não é possível aceitar um desenvolvimento tão desequilibrado, onde a par dos maiores luxos subsistem as maiores dificuldades e as maiores carências. Um desenvolvimento assim, devia envergonhar todos os poderosos do mundo. Nem tudo é economia, senhores; nem tudo são índices macro económicos; olhemos para a vida quotidiana das pessoas concretas.
Se algum voto faço para 2018 é a de um mundo menos  desigual.



quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A violência que não desaparece


Por mais leis e quadros jurídicos que possam existir, não será possível, acabar com o mal e a violência que nos rodeia, a não ser por escolha ética. O mal é da natureza humana. Somos todos capazes de ser bons e maus, santos e demónios, vítimas e carrascos, explorados e exploradores..., como se existisse uma falha originária que nos impedisse de reconhecer o outro, seja quem for, como um individuo único e irrepetível a quem devemos respeito. A atitude é sempre de alerta e a ação é sempre a da responsabilidade individual: o que escolho fazer perante aquele a quem acolho e a quem devo respostas? 

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Um dia, talvez, terminem todas as atitudes racistas

Eu, também


Também eu canto a América
Sou eu o mais preto dos irmãos.
Mandam-me comer na cozinha
Quando chegam as visitas,
Mas eu rio,
E como bem,
E forte vou crescendo.

Amanhã,
Estarei à mesa
Quando as visitas chegarem.
Ninguém ousará
Dizer-me
Come na cozinha,
Então.

Aliás,
Eles verão como sou belo
E envergonhar-se-ão.
Também eu sou a América.

(saiu na Revista Pública de 14 de Outubro de 2001, retirado de Langston Hughes, 1925, Collected Poems)