Num tempo de tantas
perplexidades – a maior vaga de refugiados depois da II Guerra mundial, os
critérios universais a mostrarem os seus limites, as instituições supranacionais
em impasses ou respostas insuficientes... –, muitos cidadãos questionam-se que
conceitos é preciso redefinir, que conceitos ganham centralidade para que o fosso
entre os princípios e a realidade não seja tão grande? Impossível passar ao lado
como se nada fosse, como se tudo se jogasse na formalidade dos direitos. Ou as regras
servem, se adequam e respondem ou as regras criam dificuldades, por procedimentos vazios, por
burocracias, por excessos de zelo...
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terça-feira, 20 de outubro de 2015
Direitos e dignidade
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humanidade
domingo, 18 de outubro de 2015
A dignidade é um tesouro
A dignidade é como se
fosse um tesouro - tento explicar, ao jovem que me interpela - onde guardas o que mais estimas, aquilo a que dás valor,
coisas que têm a ver com a forma como vês a vida e o modo como desejas e queres
vivê-la. Por exemplo, sei que dás valor à liberdade, nem tu nem ninguém quer viver
aprisionado, queres ser capaz de planear e organizar projectos, de inventar e de transformar a vida, de ter o respeito que julgas merecer e que queres que os
outros te reconheçam.
A dignidade está dentro
de ti, não a podes comprar, herdar do pai ou da mãe, é um bem precioso que não têm um preço e por isso não a podes negociar. És responsável por esse tesouro que guardas no lugar
mais profundo de ti mesmo, não podes tu ou alguém fazer-lhe mal. O tesouro é frágil, se não estiveres atento pode quebrar-se.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Face a face com o outro
A vaga de refugiados, vindos sobretudo da Síria, mas também do Afeganistão, Iraque, Eritreia..., mostra à evidência até onde pode ir a maldade humana. E até onde a questão do acolhimento se coloca na ordem das decisões políticas, sociais e éticas.Se, no mundo, apenas, existissem eu e o outro, a minha
responsabilidade era total. Face a face com o outro, ninguém pode responder por mim. Quando o outro me pede ajuda, cabe-me responder aos seus pedidos, sejam de que ordem forem e tenha ou não como satisfazê-los. Mesmo que a resposta não seja a solução, é da minha responsabilidade a disponibilidade; é da minha responsabilidade dizer: estou aqui.
Claro que pouco podemos fazer sem justiça, sem leis e instituições, mas cada um fazer o que lhe cabe, é um dever.
Claro que pouco podemos fazer sem justiça, sem leis e instituições, mas cada um fazer o que lhe cabe, é um dever.
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refugiados,
responsabilidade individual
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Somos seres humanos situados
Importa analisar a universalidade dos direitos humanos, não para a pôr em causa, mas para
mostrar a sua insuficiência. Não chega dizer: pertencemos todos à Humanidade, temos uma razão e uma liberdade que ninguém pode pôr em causa; não chega dizer: “tu
tens direitos, és um ser de direitos”, importa olhar o individuo na sua
situação. Somos seres situados, na nossa vida concreta, há contextos que se
tornam determinantes do viver; contextos, onde, o que define o humano é muito mais a experiência
religiosa, a pertença a uma cultura, a um povo ou a um grupo, do que a noção universal de Humanidade. Não reconhecer isto, é cair em impasses ou em respostas parciais que não são solução para as questões dos
refugiados, dos migrantes, da diversidade com que a Europa (na verdade, o mundo todo) está
confrontada.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
De que ordem são as injustiças?
São de natureza social, diriam uns; são de natureza cultural, diriam outros; não é possível distinguir entre estes dois pólos, diriam ainda outros. Ou seja , o debate não é linear. Na verdade, o que mostram as sociedades actuais, democráticas, abertas e diversas, é a necessidade de considerar que qualquer hierarquização cultural é ilegítima, não há culturas superiores umas as outras, o que há é diferenças culturais. Mas, depois, vem a realidade e mostra o absurdo: fundamentalismos religiosos que decapitam, crucificam, chicoteiam...como se estivessem num qualquer delírio que os impede de pensar. Isto é o quê?
(O jovem da Arábia Saudita condenado à morte, por crucificação, por estes dias, é um triste exemplo. Intolerável. Vamos ver o que diz a comunidade internacional!)
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diversidade cultural,
fundamentalismo,
injustiça
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Reconhecimento
Não há justiça
sem reconhecimento social, certamente, mas também não há justiça sem o reconhecimento das diferenças culturais. A redistribuição material de bens responde às injustiças económicas, mas não responde às injustiças sentidas pelos grupos minoritários que se vêem culturalmente desvalorizados (talvez, o caso mais flagrante seja entre nós o dos ciganos, mas também há grupos culturais de origem africana, por exemplo, desvalorizados na sua diversidade cultural).
Há padrões que hierarquizam as culturas, nem que seja de forma tácita, há preconceitos e estereótipos em relação a determinados grupos culturais, portanto, a luta por justiça requer tanto
a redistribuição como o reconhecimento cultural.
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diversidade,
reconhecimento cultural,
redistribuição
sábado, 3 de outubro de 2015
Cultura, a diversidade cultural
A cultura é uma construção humana, determinada
pelos contextos geográficos, sociais e históricos em que as pessoas nascem e
vivem, pelas condições que influenciam, desde sempre, a vida e a socialização de
todos os grupos humanos. As pessoas das planícies, das montanhas, dos desertos
ou das ilhas, não vivem as mesmas dificuldades, não lutam contra os mesmos
elementos, não criam os mesmos medos, os mesmos interditos, os mesmos
sentimentos de vitória ou de derrota e por isso não se relacionam do mesmo modo
com o desconhecido, o meio ambiente, os vizinhos…
Assim, pode dizer-se que cada povo tem uma identidade
cultural que vem de muito longe, encerrando traços específicos, alguns
visíveis e que podem ser partilhados e outros invisíveis e dificilmente
partilháveis.Na realidade, podemos
aprender sobre a língua, a história, a música, a literatura, as tradições…, de
outros povos, mas dificilmente aprenderemos sobre os seus valores e os seus
sentimentos – pelo que têm de convicção profunda que só os próprios
sentem e se revela na forma como pensam, amam, educam os filhos, tratam os mais
velhos...
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cidadania;diversidade cultural
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