Esta ilha italiana, a pouco mais de cem quilómetros da costa africana,
recebe grandes levas de imigrantes clandestinos que, aqui, chegam impelidos
pelas circunstâncias em que vivem nos seus países de origem. São quase todos
jovens, trazem sonhos, vidas por viver, força e vontade de chegar à Europa rica,
para eles, o maná do deserto, o que necessitam para melhorar a sua vida e a das
suas famílias. Mas, acontece que em vez de maná encontram, muitas vezes,
desconsideração e dias amargos.
O Papa foi, ontem, a Lampedusa, rezar missa e falar da imigração clandestina.
Falou da urgência da não indiferença, do acolhimento, da atenção ao outro, a quem
devemos tratar, antes de tudo, como irmão, fraternalmente. Podem não ter a
cidadania europeia, podem não ter documentos válidos, mas são pessoas a quem
devemos acolher em vez de explorar.
Vítimas da pobreza e do subdesenvolvimento, das mafias que os trouxeram
até aqui e dos que agora se aprontam a empregá-los clandestinamente, sem
direitos e por baixos salários – é bem uma face da escravatura do século XXI –
são pessoas em estado de grande fragilidade.
Contam com o trabalho dedicado de ONG’S e de organizações da igreja, que
fazem o que podem, mas, decerto, menos do que desejariam. A resposta à imigração
ilegal é fundamentalmente política e global, todos sabem isso; se a política
internacional não fosse um jogo de interesses, muitos dos problemas que
enfrentam estes imigrantes já teriam sido resolvidos.