As manifestações na
Turquia, como já antes noutros países, vieram por em evidência que o homem é um
animal político, com um natural sentido de justiça e de vida cívica, por mais
que os regimes se possam empenhar em coartar as liberdades individuais dos seus
cidadãos.
Afinal, os jovens turcos
não estão amorfos, há capacidade de indignação. Outra coisa é saber se há, e em
que termos, capacidade de organização e de proposta política consistentes para
mudar aquele estado de coisas. Reivindicar eleições para depois radicalizar
mais ainda, não chega. A abertura começa pela educação, pelas universidades,
pelo debate livre e responsável de novas ideias e projectos, onde a liberdade
individual seja absolutamente respeitada, mesmo a daqueles que vêm o islão como
o princípio e o fim de tudo.
Mas, não pode, também, a
religião impor práticas que ponham em causa essa liberdade. A decisão de beber
ou não álcool, de ter ou não ter filhos, de abraçar-se ou de beijar-se na rua,…,
não é do estado, é dos indivíduos, dentro do respeito intransigente de uns
pelos outros. A sociedade turca, culta e desenvolvida, compreende muito bem
isto. A abertura acontecerá, estou em crer.
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