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quarta-feira, 12 de março de 2025
O que entendemos por humanidade?
Seres humanos/Pessoas (Foto da internet)
Ao nível do senso comum, se perguntássemos a alguém: - Quem somos? Todos responderiam: - Somos seres humanos. Pertencer à espécie humana é o que nos identifica, independentemente do sexo, raça, etnia, cultura, crença, etc.
Se continuássemos a questionar, todos chegariam a dizer que ser humano significa pensar, falar, escolher, decidir e agir – tudo um conjunto de características que identificamos com o ser pessoa, com aquilo que é comum a todos os homens. É, portanto, a própria ideia de humanidade que define a nossa identidade racional.
Etiquetas:
condição humana,
Direitos Humanos,
pessoas
sábado, 29 de abril de 2017
Viagem à Índia (2)
Em viagens turísticas, como a que
fiz, só vemos uma parte (pequena) da realidade. Temos a sensação de viajar dentro de uma bolha. Preservados de tudo, em hotéis bons,
autocarros novos, com ar condicionado, motorista, guia e ajudante, cumprindo um
roteiro que não deixa muita margem a iniciativas individuais.
Devem
existir ruas, mercados, praças..., onde a multidão seja visível, mas, nesta viagem,
nunca pude observá-la. Onde estão os milhões de indianos? Onde estão “presos”?
Quem os "prende"?
Há
coisas que impressionam pela grandiosidade: as fortificações mongóis, com
vários palácios dentro, as cidades abandonadas, os monumentos como o Taj Mahal, marcas de uma Índia estratificada de há duzentos ou trezentos anos: os reis e a plebe, os marajás e o povo.
Mas,
para mim, foi particularmente intrigante a visita panorâmica a Nova Deli, depois
de uma manhã a visitar os monumentos da antiga cidade. Quase tudo é herança
britânica, uma cidade administrativa, monumental, com grandes avenidas, um arco
de triunfo, praças..., muitos parques verdes, zonas residenciais, palacetes
individuais, em zonas fechadas, onde, antes, viviam os funcionários da coroa, hoje, destinados a serviços do Estado.
Quando passamos
junto aos edifícios do Estado, palácios do presidente e do 1º ministro,
ministérios, parlamento..., o guia avisa: “aqui não se pode parar, nem descer, aqui,
nenhum carro particular pode circular, nós passamos, porque é turismo. Só duas
vezes por ano (em dias nacionais) as pessoas comuns podem visitar esta parte da
cidade".
Afinal,
Nova Deli (ou parte) é uma cidade proibida, para o comum dos indianos; aberta,
sem muralhas, mas vigiada, destinada a governantes, políticos, funcionários e afins... Não se compreende.
sábado, 25 de junho de 2016
Pessoas e sentimentos
Queria tanto escrever de forma simples, sobre coisas importantes, mas não sou capaz. Vivo enredada em conceitos, teorias..., que servem para muito pouco, porque nada é mais importante que a vida concreta de pessoas concretas, que riem, choram, amam, desprezam, sentem raiva, compaixão...; pessoas reais, afinal de contas.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
A interação é o fulcro
As vidas, as origens, os percursos..., podem
ser e são muito diferentes, mas quando olhamos alguém, por mais estranho e desconhecido
que seja, em qualquer ponto da cidade ou do mundo, a expectativa que temos é a de
que se trata de alguém com autonomia, significados de vida boa, ou seja, quando sorrio, cumprimento, dirijo a palavra a alguém, espero reciprocidade. Espero que me sorriam, cumprimentem, falem... Espero poder interagir.
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comunicação,
pessoas,
relação
quinta-feira, 2 de abril de 2015
As raparigas ciganas
Aconteceu pela Páscoa (há muito tempo). Penso que seriam duas ou três
jovens mulheres ciganas, carregadas de filhos, uns ao colo, ainda bebés, e outros, também de curta idade, agarrados às longas saias. Bateram-me à porta a pedir esmola.
- Senhora dê-nos alguma coisinha,
nasceu um menino no acampamento, esta noite, e a mãe está muito mal e não temos
nada para lhe dar.
- Mas, o que posso dar?
- Podia dar-nos um bocadinho de
azeite, um bocadinho de pão, arroz ou batatas, para fazer uma miga ou uma sopa,
não temos nada.
- Não sei se tenho, vou ver.
- Pela sua saúde, pelas alminhas
que lá tem, dê-nos alguma coisa, o azeite é o que mais precisamos.
Não sei por quê, mas para mim o
pedido era verdadeiro, não me passava pela cabeça que estavam a mentir e que aquela
era mais uma estratégia de pedir esmola.
Acreditei. Fui buscar o azeite,
como já não era muito, dei-lhes a garrafa. Não tinha pão, dei-lhes algum
arroz e algumas batatas. Agradeceram e foram embora.
Fiquei a pensar, o dia todo, naquela rapariga que tinha tido um filho, em condições sub-humanas no
acampamento da beira da estrada e no perigo que corria, ela e o seu bebé. Mesmo que, naquele caso, pudesse ter sido uma história, a realidade era essa: nascer à beira da estrada, sem quaisquer condições, sem quaisquer direitos.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Perder a alma
Nem todos perdem a alma da mesma
maneira. Alguns não perdem, porque não a têm. Sem valores, sem sentimentos, agem no limite da animalidade.
Fazem tudo, roubam, batem, torturam, matam…, voltam a matar…como se nada fosse, como se nada se passasse, voltando às suas vidas criminosas, sempre da mesma maneira, sem qualquer consciência. Por que chegaram a este ponto? Por que chegaram aqui? Não sabemos.
Fazem tudo, roubam, batem, torturam, matam…, voltam a matar…como se nada fosse, como se nada se passasse, voltando às suas vidas criminosas, sempre da mesma maneira, sem qualquer consciência. Por que chegaram a este ponto? Por que chegaram aqui? Não sabemos.
Outros ficam loucos, perdem a alma, já não sabem quem são, vivem um inferno que lhes rouba a paz e tortura os dias.
Etiquetas:
pessoas,
vidas,
violência de género
sexta-feira, 6 de março de 2015
Emigrante
No cais há um vai e vem contínuo;
uns partem, despedem-se, desejam saúde e sorte por lá, de rosto fechado, às
vezes em lágrimas; outros reencontram-se, enchem-se de felicidade, há sorrisos
e alegria.
Aquele homem, afastado de todos, sofria.
Fingia uma força que não tinha: “trabalho na Alemanha, por lá a vida corre bem,
mas o pior é deixar a mulher e os filhos”- diz-me.
Muitos dos que entraram vão à
janela acenar aos que ficam, enquanto o comboio se afasta mais e mais. Ele não
deixou ninguém no cais, não tem a quem acenar, sente-se exausto, cai no
assento, abandona-se, procurando não pensar. Até daqui a um ano, se vier, haverá
tempo para milhares de vezes rever na mente todas as pessoas e paisagens que
deixa atrás e que agora se recusa a olhar. Recolhe-se a um lugar, onde há uma
proximidade e uma presença que só ele conhece.
Já não está ali, apesar de estar.
Regressou à sua casa, à mesa com os filhos, às conversas entrecortadas,
inacabadas, aos gestos e aos mimos dos que ama. Parte, sem partir. Quase nunca
estamos onde vivemos, pisamos as ruas, subimos escadas…, estamos onde sentimos
um existir que nos preenche por dentro.
Passará tempo, até voltar a abrir
os olhos e a perguntar ao vizinho do lado: “também vai para a Alemanha?”
- Não, vou para França.
França, Alemanha, tanto dá. Tantos
destinos, tantas paragens, tanto descer e subir. Era assim nos anos setenta do século passado. É assim (ainda hoje é).
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Emigração,
pessoas,
sentimentos,
vidas
quinta-feira, 5 de março de 2015
A jovem moçambicana
Ali ficou, em soluços, assustada, perdida, à espera que a tia chegasse. A
vulnerabilidade da jovem era tão evidente, apesar dos seus catorze anos! Chorava
convulsivamente, agarrada a mim, que desci do autocarro para a ajudar, como que
a implorar: “não me deixem aqui, sozinha”. Mas, como fazer? Tínhamos, eu a
amiga, de continuar viagem até Maputo. Quando não viu a tia, como estava
combinado, e não reconheceu o sítio, entrou em pânico.
O problema era se havia outra paragem e se desencontravam. Teria ficado
no sítio certo? A minha preocupação diminuiu, ao pensar que, numa localidade
tão pequena, a tia iria procurá-la e facilmente a encontraria. Talvez se tivesse
atrasado, apenas. Digo-lhe: “telefona à tua tia, a dizer que já chegaste”. “Não
tenho saldo – é comum toda a gente andar de telemóvel na mão, mas poucos terem
saldo) - responde-me.
“Não te preocupes, vamos já telefonar à tua tia, saber se foi atraso ou o
que se passou”. Assim foi, a amiga telefonou à tia e ficámos com a certeza de
que as duas se encontrariam dentro de instantes.
O que se passaria com esta jovem, tão impreparada para a vida, tão
assustada? Afinal, não conhecia Macia, embora, sempre dissesse: “sou de Macia,
a caminho de Maputo”. Mas essa não podia ser a razão para tamanho descontrolo. Que
medos e dúvidas a invadiam? Não sei, mas não podem ser pequenos.
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