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quinta-feira, 5 de março de 2015

A jovem moçambicana

Ali ficou, em soluços, assustada, perdida, à espera que a tia chegasse. A vulnerabilidade da jovem era tão evidente, apesar dos seus catorze anos! Chorava convulsivamente, agarrada a mim, que desci do autocarro para a ajudar, como que a implorar: “não me deixem aqui, sozinha”. Mas, como fazer? Tínhamos, eu a amiga, de continuar viagem até Maputo. Quando não viu a tia, como estava combinado, e não reconheceu o sítio, entrou em pânico.
O problema era se havia outra paragem e se desencontravam. Teria ficado no sítio certo? A minha preocupação diminuiu, ao pensar que, numa localidade tão pequena, a tia iria procurá-la e facilmente a encontraria. Talvez se tivesse atrasado, apenas. Digo-lhe: “telefona à tua tia, a dizer que já chegaste”. “Não tenho saldo – é comum toda a gente andar de telemóvel na mão, mas poucos terem saldo) - responde-me.
“Não te preocupes, vamos já telefonar à tua tia, saber se foi atraso ou o que se passou”. Assim foi, a amiga telefonou à tia e ficámos com a certeza de que as duas se encontrariam dentro de instantes.  
O que se passaria com esta jovem, tão impreparada para a vida, tão assustada? Afinal, não conhecia Macia, embora, sempre dissesse: “sou de Macia, a caminho de Maputo”. Mas essa não podia ser a razão para tamanho descontrolo. Que medos e dúvidas a invadiam? Não sei, mas não podem ser pequenos.



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