Não há organização social, leis e instituições, sem um princípio de justiça. O principio liberal - todos os indivíduos são livres e iguais - defendendo a indiscutível igualdade perante a lei, não considera as diferenças sociais e naturais dos indivíduos e, por isso, esta igualdade simples pode, em relação a determinados casos particulares, ser muito injusta.
Para tornar a igualdade perante a lei uma realidade, é necessário criar igualdade de oportunidades, diferenciando conforme as necessidades específicas de cada pessoa. Portanto, a equidade não põe em causa a universalidade das normas (a igualdade perante a lei), considera apenas que, para que essa igualdade seja possível, é preciso diferenciar positivamente.
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quinta-feira, 26 de março de 2015
sexta-feira, 13 de março de 2015
A Bondade do Papa
"Por que há crianças a sofrer?" - pergunta
a criança filipina numa mensagem que lia ao Papa. Mas, não aguentou. Mesmo com
o apoio do jovem que a acompanhava e lhe tocava levemente nas costas, como que a dar força e ânimo
para que prosseguisse, continuou soluçando.
A menina chorou e fez chorar. O Papa
disse: “ precisamos chorar”, com o sentido de que precisamos de sofrer com os que
sofrem. “Nós, todos os instalados na vida precisamos chorar”, continuou o Papa.
Não sei quem é aquela jovem. Sabemos
que foi abandonada, que cresceu nas ruas e foi resgatada por uma instituição.
O Papa abraçou-a e ela abraçou o Papa, por baixo da cintura, à sua altura, como
se não houvesse distâncias. Talvez, a humanidade toda esteja aqui, neste gesto,
nesta proximidade, neste encontro.
O que vimos é evangelho, anúncio, boa
nova. O Papa surpreende a cada passo, seja em visitas pastorais, encontros
diplomáticos, encontros com o clero, telefonemas ou cartas para gente anónima…;
surpreende pelo inusitado, pelo novo, pela surpresa. Mas, talvez, cada gesto
tenha sempre o mesmo sentido e a mesma fonte: a bondade do Papa.
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segunda-feira, 9 de março de 2015
Perder a alma
Nem todos perdem a alma da mesma
maneira. Alguns não perdem, porque não a têm. Sem valores, sem sentimentos, agem no limite da animalidade.
Fazem tudo, roubam, batem, torturam, matam…, voltam a matar…como se nada fosse, como se nada se passasse, voltando às suas vidas criminosas, sempre da mesma maneira, sem qualquer consciência. Por que chegaram a este ponto? Por que chegaram aqui? Não sabemos.
Fazem tudo, roubam, batem, torturam, matam…, voltam a matar…como se nada fosse, como se nada se passasse, voltando às suas vidas criminosas, sempre da mesma maneira, sem qualquer consciência. Por que chegaram a este ponto? Por que chegaram aqui? Não sabemos.
Outros ficam loucos, perdem a alma, já não sabem quem são, vivem um inferno que lhes rouba a paz e tortura os dias.
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sexta-feira, 6 de março de 2015
Emigrante
No cais há um vai e vem contínuo;
uns partem, despedem-se, desejam saúde e sorte por lá, de rosto fechado, às
vezes em lágrimas; outros reencontram-se, enchem-se de felicidade, há sorrisos
e alegria.
Aquele homem, afastado de todos, sofria.
Fingia uma força que não tinha: “trabalho na Alemanha, por lá a vida corre bem,
mas o pior é deixar a mulher e os filhos”- diz-me.
Muitos dos que entraram vão à
janela acenar aos que ficam, enquanto o comboio se afasta mais e mais. Ele não
deixou ninguém no cais, não tem a quem acenar, sente-se exausto, cai no
assento, abandona-se, procurando não pensar. Até daqui a um ano, se vier, haverá
tempo para milhares de vezes rever na mente todas as pessoas e paisagens que
deixa atrás e que agora se recusa a olhar. Recolhe-se a um lugar, onde há uma
proximidade e uma presença que só ele conhece.
Já não está ali, apesar de estar.
Regressou à sua casa, à mesa com os filhos, às conversas entrecortadas,
inacabadas, aos gestos e aos mimos dos que ama. Parte, sem partir. Quase nunca
estamos onde vivemos, pisamos as ruas, subimos escadas…, estamos onde sentimos
um existir que nos preenche por dentro.
Passará tempo, até voltar a abrir
os olhos e a perguntar ao vizinho do lado: “também vai para a Alemanha?”
- Não, vou para França.
França, Alemanha, tanto dá. Tantos
destinos, tantas paragens, tanto descer e subir. Era assim nos anos setenta do século passado. É assim (ainda hoje é).
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quinta-feira, 5 de março de 2015
A jovem moçambicana
Ali ficou, em soluços, assustada, perdida, à espera que a tia chegasse. A
vulnerabilidade da jovem era tão evidente, apesar dos seus catorze anos! Chorava
convulsivamente, agarrada a mim, que desci do autocarro para a ajudar, como que
a implorar: “não me deixem aqui, sozinha”. Mas, como fazer? Tínhamos, eu a
amiga, de continuar viagem até Maputo. Quando não viu a tia, como estava
combinado, e não reconheceu o sítio, entrou em pânico.
O problema era se havia outra paragem e se desencontravam. Teria ficado
no sítio certo? A minha preocupação diminuiu, ao pensar que, numa localidade
tão pequena, a tia iria procurá-la e facilmente a encontraria. Talvez se tivesse
atrasado, apenas. Digo-lhe: “telefona à tua tia, a dizer que já chegaste”. “Não
tenho saldo – é comum toda a gente andar de telemóvel na mão, mas poucos terem
saldo) - responde-me.
“Não te preocupes, vamos já telefonar à tua tia, saber se foi atraso ou o
que se passou”. Assim foi, a amiga telefonou à tia e ficámos com a certeza de
que as duas se encontrariam dentro de instantes.
O que se passaria com esta jovem, tão impreparada para a vida, tão
assustada? Afinal, não conhecia Macia, embora, sempre dissesse: “sou de Macia,
a caminho de Maputo”. Mas essa não podia ser a razão para tamanho descontrolo. Que
medos e dúvidas a invadiam? Não sei, mas não podem ser pequenos.
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