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terça-feira, 7 de maio de 2019

Reis e rainhas

Quando, há poucos dias,  o imperador do Japão abdicou a favor do filho e um novo rei na Tailândia foi coroado, pensei na quase irracionalidade que vejo nesta forma de poder. Não encontro razões para alguém, vindo de uma determinada linhagem, poder ser rei ou rainha. A democracia devia ser antimonárquica.
O rei pode ser a melhor pessoa, ter todos os méritos, indiscutíveis qualidades, carisma, tudo mais e melhor do que qualquer possível presidente, mesmo assim, não parece justo que alguém nasça para ser rei.
Sou contra esta ideia de que o rei  tem um poder quase divino,  não falha; é Deus no céu e o rei na terra (de resto nas monarquias o rei é também o chefe da igreja). 


sábado, 4 de maio de 2019

Lá longe, um país sentido (2)

O barco navega, às vezes depressa, às vezes devagar, afastando-se, mais e mais, até, de repente, desaparecer. Já não vejo o barco, nem quem o conduzia, desapareceram. Surge, como por encanto, um grande jardim, um campo de flores brancas ou, melhor, quase brancas, a puxar para  um dourado claro, muito claro!

O sol brilha, intensamente; tudo resplandece, tudo se liga, como se o tempo contasse de outro modo e as vidas decorressem de outra maneira. É assim, lá longe, no fundo de um vale, a minha aldeia. Pessoas conversando, meninos correndo...,  um lugar a que pertenço, mesmo que a vida me leve para outros mundos e outros lugares.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Lá longe, um país sentido (1)

Um dia um trabalhador migrante que pinta, há anos, prédios altos em Lisboa, falou-me, num inglês perfeito, do seu país como se fosse um sonho. Reescrevo o que me disse, em homenagem a todos os trabalhadores migrantes que deixaram a sua terra, mas, na verdade, nunca saíram dela.

O dia está a despertar, as nuvens, ainda rasteiras, junto às montanhas, afastam-se de mansinho, esfumando-se no ar, passando de cinzento-escuro a um cinzento quase branco e depois a um azul, cada vez mais azul, que se confunde com o céu. Já não são nuvens. É o céu. É dia claro. 

Cá em baixo, a planície é um infinito campo de arroz, de um verde tão forte que, às vezes, cansa o olhar, mas que sempre nos anima a alma; a meio do campo, um canal estreito, onde uma barcaça, a remos, se move sem parar. Anda, distancia-se...

Sempre o mesmo campo, no mesmo arrozal, debaixo do mesmo sol. É um lugar muito longe, num sítio não sei onde, se calhar, na Ásia, porque a única pessoa que vejo, a que conduz o barco, tem uns olhos rasgados, uma pele escura e um chapéu com abas largas, preso ao pescoço com uma fita. Nunca me olhou, se calhar não sabe que eu estou aqui. 



domingo, 28 de abril de 2019

Carta de Zeca Afonso à filha Joana


(Talvez, eu já tenha divulgado, aqui,  este texto. Não recordo. A emoção que nos provoca é do mais belo que há). 

“Querida Joana

Como sabes eu estou preso mas também não sou um homem mau. Viste como foi. Não sejas rabugenta e ajuda o Pedro. Se ele estiver birrento lembra-te que ainda é bebé e tu mais crescida que ele. O que não gosto é que sejas egoísta porque é muito feio. Se alguma das tuas amigas querem tudo para elas deixa lá. Elas fazem mal mas tu não. Explica-lhes que não devem ser egoístas. Tem cuidado com os sugos e outras porcarias iguais porque podes ficar sem dentes. Depois mesmo que os queiras ter já ninguém te os pode pôr.
Ficas como os velhinhos. Alguns deles tinham a mania de comer guloseimas, gelados e caramelos. E também chocolates. Eu lembro-me muito de ti e do Pedro. O Zé ainda não cortou as barbas? Diz à Lena que eu não gosto que ela seja desarrumada. Todos têm que ajudar a mãe e a Dina.

Muitos beijos do
Zeca Pai"


sábado, 27 de abril de 2019

Valores democráticos - respeito pelas diferenças e o papel da lei e da justiça



O respeito pelas diferenças: em democracia, ninguém deve ser ou sentir-se discriminado. Não só os indivíduos têm direitos iguais, também os grupos, independentemente das diferenças sociais e culturais, devem ser protegidos. As diferenças caracterizam-nos e isso não nos diminui, pelo contrário, confere-nos identidade. Temos que pensar que somos diferentes uns dos outros e não que os outros são diferentes de nós. A frase, tantas vezes ouvida: todos diferentes, todos iguais, é mesmo verdadeira e faz todo o sentido.



O papel da lei e o direito à justiça: numa democracia, todos os cidadãos estão sujeitos à lei, ninguém pode agir achando que está acima e que nada lhe vai acontecer. Os que violarem as leis do Estado democrático devem ser julgados, independentemente dos cargos e poderes que exerçam; as democracias asseguram a todos o acesso à justiça e à legítima defesa.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Valores democráticos - eleições livres e transparência


As eleições livres: são actos regulares na vida política democrática. Periodicamente, há eleições legislativas, presidenciais e autárquicas. Os cidadãos, com mais de 18 anos de idade, podem manifestar o seu desejo, quanto ao destino político do seu país. Através delas, elegemos os deputados que nos vão representar na Assembleia da República. A nossa democracia é representativa, são os deputados com mandato eleitoral conferido pelo povo que decidem da vida política, social e económica do país.  .

A aceitação dos resultados eleitorais: em democracia a vontade expressa dos eleitores é indiscutível. Não se podem pôr em causa os resultados eleitorais, faz parte das regras democráticas. Os que ganham governam, os que perdem vão para a oposição. A maioria deve criar condições para que os partidos da oposição cumpram o seu papel e estes não devem impedir o governo de governar e aprovar as leis. A tolerância e o respeito pelas regras democráticas são fundamentais.

A transparência: um governo democraticamente eleito, através de eleições livres, responde perante os deputados e também perante todos nós, por isso devemos estar informados daquilo que acontece: o quê e o porquê das decisões, o modo como atuam e tomam as decisões. Neste aspecto, é muito importante o papel da comunicação social, chamado nas democracias de 4º poder.


terça-feira, 23 de abril de 2019

Valores democráticos - os direitos humanos e a cidadania


Os direitos humanos: todas as democracias têm o dever de proteger a vida e a dignidade da pessoa humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra um conjunto de valores comuns a toda a humanidade, por isso, é a referência fundamental para todos os Estados e governos democráticos do mundo. A democracia ao defender a liberdade, a igualdade, a justiça e a identidade cultural está a defender os direitos humanos. 


A cidadania: um dos pilares da democracia, é a participação  de todos os cidadãos na vida pública, começando pelos ambientes e locais onde desenvolvemos o nosso trabalho - a escola, a família, o bairro, a associação, o clube... A participação tem de ser informada e responsável; quando debatemos um assunto, participamos numa reunião, manifestação ou campanha, temos de saber porque o fazemos, quais as razões que justificam o nosso empenhamento e o nosso compromisso e, também, quais as consequências. Temos todos o dever de ajudar a construir uma sociedade melhor e mais justa.