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sábado, 11 de abril de 2015

Anthony Hinton, a injustiça da pena de morte

Anthony Hinton foi libertado dia 3 de Abril. Esteve vinte e nove anos no corredor da morte, no Estado do Alabama, USA. Foi condenado pelo assassínio de duas pessoas, que afinal não tinha morto, pois comprovou-se agora que a arma encontrada em sua casa não tinha o mesmo calibre da que assassinou aquelas pessoas.
Vinte e nove anos roubados, mais do que isso, vinte e nove anos de sofrimento e de tortura. Podemos lá imaginar o que passaram este homem e a sua família!
A possibilidade de condenar inocentes é um argumento forte contra a pena de morte, mas não é único. O mais decisivo é o do direito inalienável à vida que ninguém pode tirar a ninguém, muito menos as leis de um sistema jurídico.
Ainda assim e apesar dos erros que ocorrem os Estados Unidos continuam a condenar pessoas à pena de morte, logo a seguir à China, ao Irão, à Arábia Saudita e ao Iraque.

terça-feira, 7 de abril de 2015

A violência, uma escolha ou um destino?

A violência é o maior enigma da natureza humana: por que existe o mal? Por que não somos capazes de evitá-lo? E o pior é que ninguém pode dizer que está a salvo, de um dia se tornar um assassino. Todos podemos odiar, ferir e até matar. Ou não podemos? Podemos. É este limite entre a violência e a bondade que define o humano. A liberdade é escolher entre a animalidade e a humanidade, entre a lei da selva e a civilização. A escolha é da razão e da bondade humanas.  A escolha é de cada um. A violência não não é um destino.

Terror e morte numa universidade do Quénia

Mais de cento e cinquenta mortos,  dezenas de feridos em estado grave, inexplicável o que se passa em tantos lugares, em que o extremismo árabe tem adeptos e grupos prontos a matar e a morrer.
É o mal em estado puro.  Não me venham falar de Deus, do profeta, de religião, do que seja, não me venham falar de valores não ocidentais, de pureza e  de regresso à essência do islão. Não me falem de nada, assassinos cruéis.  São vocês que têm de ouvir. Aqui não há passagens, não há pontes, enquanto se mantiverem nesse obscurantismo.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

As raparigas ciganas

Aconteceu pela Páscoa (há muito tempo). Penso que seriam duas ou três jovens mulheres ciganas, carregadas de filhos, uns ao colo, ainda bebés, e outros, também de curta idade, agarrados às longas saias. Bateram-me à porta a pedir esmola.
- Senhora dê-nos alguma coisinha, nasceu um menino no acampamento, esta noite, e a mãe está muito mal e não temos nada para lhe dar.
- Mas, o que posso dar?
- Podia dar-nos um bocadinho de azeite, um bocadinho de pão, arroz ou batatas, para fazer uma miga ou uma sopa, não temos nada.
- Não sei se tenho, vou ver.
- Pela sua saúde, pelas alminhas que lá tem, dê-nos alguma coisa, o azeite é o que mais precisamos.
Não sei por quê, mas para mim o pedido era verdadeiro, não me passava pela cabeça que estavam a mentir e que aquela era mais uma estratégia de pedir esmola. 
Acreditei. Fui buscar o azeite, como já não era muito, dei-lhes a garrafa. Não tinha pão, dei-lhes algum arroz e algumas batatas. Agradeceram e foram embora.
Fiquei a pensar, o dia todo, naquela rapariga que tinha tido um filho, em condições sub-humanas no acampamento da beira da estrada e no perigo que corria, ela e o seu bebé. Mesmo que, naquele caso, pudesse ter sido uma história, a realidade era essa: nascer à beira da estrada, sem quaisquer condições, sem quaisquer direitos. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Equidade

Não há organização social, leis e instituições, sem um princípio de justiça. O principio liberal - todos  os indivíduos são livres e iguais - defendendo a indiscutível igualdade perante a lei,  não considera as diferenças sociais e naturais dos indivíduos e, por isso, esta igualdade simples pode, em relação a determinados casos particulares, ser muito injusta.
Para tornar a igualdade perante a lei uma realidade, é necessário criar igualdade de oportunidades, diferenciando conforme as necessidades específicas de cada pessoa. Portanto, a equidade não põe em causa a universalidade das normas (a igualdade perante a lei), considera apenas que, para que essa igualdade seja possível, é preciso diferenciar positivamente.

sexta-feira, 13 de março de 2015

A Bondade do Papa


"Por que há crianças a sofrer?" - pergunta a criança filipina numa mensagem que lia ao Papa. Mas, não aguentou. Mesmo com o apoio do jovem que a acompanhava e lhe tocava levemente nas costas, como que a dar força e ânimo para que prosseguisse, continuou soluçando.
A menina chorou e fez chorar. O Papa disse: “ precisamos chorar”, com o sentido de que precisamos de sofrer com os que sofrem. “Nós, todos os instalados na vida precisamos chorar”, continuou o Papa.
Não sei quem é aquela jovem. Sabemos que foi abandonada, que cresceu nas ruas e foi resgatada por uma instituição. O Papa abraçou-a e ela abraçou o Papa, por baixo da cintura, à sua altura, como se não houvesse distâncias. Talvez, a humanidade toda esteja aqui, neste gesto, nesta proximidade, neste encontro.
O que vimos é evangelho, anúncio, boa nova. O Papa surpreende a cada passo, seja em visitas pastorais, encontros diplomáticos, encontros com o clero, telefonemas ou cartas para gente anónima…; surpreende pelo inusitado, pelo novo, pela surpresa. Mas, talvez, cada gesto tenha sempre o mesmo sentido e a mesma fonte: a bondade do Papa.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Perder a alma

Nem todos perdem a alma da mesma maneira. Alguns não perdem, porque não a têm. Sem valores, sem sentimentos, agem no limite da  animalidade. 
Fazem tudo, roubam, batem, torturam, matam…, voltam a matar…como se nada fosse, como se nada se passasse, voltando às suas vidas criminosas, sempre da mesma maneira, sem qualquer consciência. Por que chegaram a este ponto? Por que chegaram aqui? Não sabemos. 
Outros ficam loucos, perdem a alma, já não sabem quem são, vivem um  inferno que lhes rouba a  paz e tortura os dias.