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quinta-feira, 10 de abril de 2008

Campo minado, perigo de morte

O dia 4 de Abril é o Dia Internacional de Sensibilização para as Minas e Ajuda em Acções Relativas a Minas. Bem é preciso que pensemos sobre este grave problema, que continua muito para além dos conflitos. São extensões imensas de campos minados, antes, bons para o cultivo e, depois, reduzidos a um cobarde campo de batalha, onde o inimigo não se vê, embora continue lá, pronto a matar, a estropiar e a aterrorizar. E assim se abandonam as terras, se impedem as pessoas de cultivar, de ganhar o seu sustento e de manter a esperança. Desminar estes campos é uma necessidade e um direito, há uma Convenção Internacional de Proibição de Minas Anti-Pessoais, em vigor desde 1999, mas muito falta ainda fazer. É que nestas questões, das armas e da guerra, sempre a política e a economia degladiam os seus interesses, esquecendo ou deixando para segundo plano a dignidade e os direitos da pessoa humana. Basta pensar, ironia das ironias, que são os mesmos que fizeram esses milhões de bombas os que agora produzem o material para a desminagem. Que círculo vicioso este!

domingo, 6 de abril de 2008

Uma dor que não acaba

Há muito tempo que a via sozinha. Deixei de ver o filho, mas não imaginei o pior. Ontem, disse-me: - O meu filho já cá não está. Já não tenho o meu filho.
Quantas vezes esta senhora me falou do filho! De como permaneceu com ele mesmo quando todos o abandonaram e teve de escolher entre ele e o resto da família; de como lutou por sucessivas recuperações; de como acreditou ao mais pequeno sinal: - Viu o meu filho, está tão bonito! Não parece o mesmo, engordou, tratou-se; de como vigiou o consumo com medo de uma overdose; de como continuava a trabalhar a dias, mesmo reformada e com mais de sessenta anos. Agora ele morreu. O inferno acabou, mas o vazio que a consome é-lhe insuportável.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O menino da pedreira

Encontrei-o em Cabo Verde, na Ilha de Santiago. Lá estava ele, mais um dia, sentado naquela maldita posição, que lhe dava cabo das costas e lhe punha os braços que não podia mais. Horas a fio, a partir pedra. Como podia uma criança aguentar, tantas horas, a fazer paralelos para as calçadas e os passeios da cidade! Cidade que não conhecia e passeios onde nunca tinha passeado. Quando iria ele à cidade? Talvez, só daqui a muito tempo, quando crescesse mais um pouco. Não importava que a cidade não fosse longe. Para ele era.
- Ganha para aí uns trezentos escudos (três euros) - disseram-me. O que significará para ele aquele dinheiro? Pensará que é muito ou que é pouco? A quem o irá entregar? O que pensará da vida que tem? Terá sonhos? Certamente que sim, todos os meninos têm.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Meninas escravas, até quando

A propósito de uma reportagem na RTP2. Incomoda ver a vida daquelas meninas, escravas domésticas, fabris ou sexuais, nessa imensa, desigual e injusta Índia, onde o tempo passa, o progresso chega para alguns, enquanto outros continuam na mais profunda pobreza. Percebemos o que é nascer, crescer e morrer nas margens, sem ter a esperança de mudar de vida. Vemos meninas, ainda crianças, de corpo dorido, trabalhando horas sem fim na fábrica ou na casa dos senhores (há sempre senhores); vemos meninas de olhar perdido, a tremer de medo, trabalhando horas sem fim nos bordéis da cidade. Onde ficou a infância? Onde ficou a escola? Onde está o futuro? Acreditamos em organizações como a SACCS ou a STOP, mas é tempo dos governos criarem as condições para implementar e fazer cumprir as Convenções Internacionais que assinam.

sábado, 29 de março de 2008

Ainda, a violência na escola

Uma maneira de lidar com a questão da violência escolar, parece-me a mim, é tentar perspectivar as questões ao nível daquilo a que Ricoeur chama de sabedoria prática: há regras, todos sabemos, os alunos sabem, devem ser cumpridas, mas nem sempre são, umas vezes por impossibilidades práticas, motivadas por circunstâncias várias, outras vezes por escolhas e atitudes individuais. Aceite-se a dificuldade dos casos de violência, oiçam-se os que mais sabem sobre o problema, de forma discutida, concertada, sábia, para termos a certeza de encontrar as melhores respostas, mesmo que não sejam as soluções que desejamos.
Temo que a abordagem parcelar deste problema (a pedagogia, a psicologia, a sociologia, o regulamento escolar, a justiça criminal, etc. ), nos leve sempre a discursos e a procedimentos justapostos, quando não contraditórios, que em vez de reforçar a autoridade a diluem quase completamente. É o que tem acontecido.

quarta-feira, 26 de março de 2008

A violência na escola

Infelizmente não se pode dizer que a violência chegou à escola. A violência está na escola e desde há muito tempo. É uma questão tão complexa e difícil, que não tem explicações nem respostas lineares, por isso os que se têm pronunciado fazendo alarido podiam pensar nisto. Todos acabaríamos com a violência, na escola e em outros contextos, se pudéssemos. Mas denunciar é (e será sempre) a melhor maneira de minorar os problemas. As imagens gravadas pelo telemóvel de um aluno, numa escola do Porto, apesar da gravidade da situação - não é desculpável, nem o que fez a aluna nem o que fez a turma - podem ser uma oportunidade para se enfrentar com outra determinação o problema da violência em espaço escolar.

terça-feira, 25 de março de 2008

Ouvem-se os gritos !

O povo tibetano grita, mas onde estão os gritos da comunidade internacional? Têm medo de quê? De quem? Sim, é a China, a grande China. A ditadura chinesa.
A anexação do Tibete é a violação dos direitos de um povo, de uma cultura, de uma religião, subjugados ao poder e aos (des)mandos dos senhores de Pequim. Na altura dos Jogos Olímpicos aparecerão todos na fotografia, bem vestidos e aprumados, cumprimentando os poderosos deste mundo, como se nada fosse. E quem não sabe, olhará para eles e julgará que parecem santos. Que ricas personagens!