Há muito tempo que a via sozinha. Deixei de ver o filho, mas não  imaginei o pior.  Ontem,  disse-me: - O meu filho já cá não está.  Já não tenho o meu filho.
Quantas vezes esta senhora me falou do filho! De como permaneceu com ele mesmo quando todos o abandonaram e  teve de escolher entre ele e o resto da família; de como lutou por sucessivas recuperações; de como  acreditou ao mais pequeno sinal: - Viu o meu filho, está tão bonito! Não parece o mesmo, engordou, tratou-se; de como  vigiou o consumo com medo de uma overdose; de como continuava a trabalhar a dias, mesmo reformada e com mais de sessenta anos. Agora ele morreu. O inferno acabou, mas o vazio que a consome  é-lhe  insuportável.
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