Dentro da política de tolerância zero
contra a imigração ilegal, assistimos, na última semana, ao impensável: 2047
crianças, algumas muito pequenas, de quatro e cinco anos, foram separadas dos
pais que atravessaram ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos.
A imagem daquela espécie de jaulas, onde as crianças foram acantonadas, abanou as
consciências de muita gente: procuradores gerais democratas, de 17 estados
americanos, vão processar Trump; movimentou-se a sociedade daquele país e do
mundo; o presidente voltou atrás e fez aprovar uma lei que reunirá pais e
filhos. Mas, parece ser um pequeno passo, e provisório, temo que, mas cedo que
tarde, este senhor dê o dito por não dito e tudo volte ao mesmo.
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quarta-feira, 27 de junho de 2018
domingo, 24 de junho de 2018
Distinção entre refugiado e imigrante ilegal
O refugiado precisa de proteção internacional, consagrada na Convenção de 1951; não deixa o seu país por vontade própria, mas para fugir de guerras, de conflitos, de calamidades naturais e de perseguições que põem em causa a sua vida.
O imigrante sai por vontade própria, por razões económicas, fugindo da fome e da miséria; em muitos casos, sem possibilidade de encontrar forma de sobreviver no seu país, parte clandestinamente.
É por isso que nem sempre é fácil a distinção entre migrantes ilegais por motivos económicos e refugiados, muitas vezes, também, há por detrás da imigração ilegal dificuldades ligadas a determinado grupo étnico, religioso ou político.
(Em Portugal, ninguém é perseguido, mas sabemos quanto custa dar trabalho a pessoas de certas comunidades negras e a ciganos, por exemplo).
O imigrante sai por vontade própria, por razões económicas, fugindo da fome e da miséria; em muitos casos, sem possibilidade de encontrar forma de sobreviver no seu país, parte clandestinamente.
É por isso que nem sempre é fácil a distinção entre migrantes ilegais por motivos económicos e refugiados, muitas vezes, também, há por detrás da imigração ilegal dificuldades ligadas a determinado grupo étnico, religioso ou político.
(Em Portugal, ninguém é perseguido, mas sabemos quanto custa dar trabalho a pessoas de certas comunidades negras e a ciganos, por exemplo).
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Dia Mundial do Refugiado
Ontem, dia 20 de junho, assinalou-se o dia mundial do
refugiado. No mundo, segundo informação do ACNUR (Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados), há mais de 68 milhões de pessoas deslocadas ou
refugiadas; pessoas que tiveram de deixar as suas casas, fugindo para locais
seguros, dentro do país ou para fora do seu país.
Desde 1951 que existe uma Convenção Relativa ao Estatuto dos
Refugiados – o que significa que há leis internacionais que definem quem pode ser considerado refugiado e como deve ser tratado. Os países que assinaram esta
Convenção têm o dever de acolher, integrar e assegurar todos os direitos que a estatuto de refugiado lhes confere. Portugal assinou esta Convenção e tem acolhido e integrado
pessoas que aqui pedem asilo, sendo considerado, até, um exemplo, por parte da União Europeia, em políticas de integração.
Etiquetas:
guerras,
perseguições,
refugiado
segunda-feira, 18 de junho de 2018
A migração é uma realidade
A imigração na Europa não é uma
ideia abstrata, distante, sobre a qual possamos elaborar teorias; a imigração é
uma realidade atual, premente, com muitos rostos e muitas causas. Conhecer e
atuar sobre o problema é, a meu ver, o maior desafio colocado aos países e aos seus líderes políticos; espero que a chanceler alemã, mesmo que
tenha de cair, não abdique dos princípios que tem defendido.
Cada vez serão mais as vozes contra; importa por isso recolocar a questão sempre do ponto de vista dos direitos humanos e do direito internacional, há já muito caminho feito, voltar para trás seria impensável.
quarta-feira, 13 de junho de 2018
"O que será dos meus filhos", o filme
Emociono-me com frequência – sobretudo, com aspectos que têm a ver com a identidade profunda das pessoas, com sentimentos que não conseguimos explicar – mas não sou de chorar. Nesse filme, contrariamente ao habitual, recordo ter chorado do princípio ao fim.
É um drama humano, no limite do suportável: uma mãe doente, cancerosa, muito religiosa (de resto, a paróquia é um apoio), que sabe que vai morrer muito proximamente e procura um futuro para os filhos que vê possível, entregando-os a famílias com possibilidades. Entrega um, dois, três, quatro…, mas há uma criança (ou talvez mais) deficiente que não é adoptada e acaba numa instituição.
Deixa com a filha mais velha as direcções de todos os irmãos, na esperança de que não se percam uns dos outros.
Já na fase terminal, resiste a tomar uma certa medicação que lhe alivia as dores, mas a torna inconsciente, alheada, incapaz de continuar a lutar pelos filhos.
Não recordo a figura nem o papel do marido, estaria ausente do filme, seria a senhora viúva?
Não sei, vi-o há muitos anos, e se o recordo hoje, é porque acabo de me cruzar com uma heroína semelhante à do filme, também em fase terminal, e que literalmente me reproduziu a frase: “o que será dos meus filhos”. Fico sem articular palavra, parece-me ouvir um coro de mães: “o que será dos meus filhos”. Haverá lá dor maior!
(publicado em 22/8/2012)
segunda-feira, 11 de junho de 2018
174, Última Parada - o filme
É um filme sobre meninos da rua, no Rio de Janeiro. Tem tudo o que estamos à espera: violência, tráfico, consumos, roubos, favelas..., a sobrevivência mais absoluta. O que mais impressiona é a escalada de uma criança, Ale, no mundo do crime. Impressiona ver como se perdem valores, sentimentos, referências..., como se passa por cima de tudo, como se engana, mente, trafica, mata...e, consequência inevitável, um dia é-se também assassinado. Ale foi capturado e morto a tiro pela polícia, na última paragem do autocarro 174, quando levava a cabo mais um sequestro.
Assistir à desumanização deste jovem, quase criança, sem que ninguém tenha podido fazer nada, nem a (suposta) mãe que, julgando ser o filho que o pai lhe tirara dos braços ainda criança, faz tudo, tudo mesmo, para o recuperar; nem Valquíria, a senhora da associação, que, embora não desistindo dele, lhe diz, "não posso ajudar quem não quer ser ajudado".
Há na vida do jovem uma espécie de precipício, um buraco negro, sempre cada fez mais fundo, de que nunca se vislumbra vontade de sair, como se uma inevitabilidade lhe perturbasse o ser e lhe marcasse o destino.
(publicado em 17/9/2011)v
Etiquetas:
criminalidade juvenil,
tráfico,
violência
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Os meninos de São Judas, o filme
O filme fala dos meninos do reformatório de São Judas, na Irlanda, em 1939. Revela uma realidade que, apesar da brutalidade de algumas práticas, como o abuso sexual e a tortura física, se prolongou, por muitas décadas, em instituições similares – e é por isso que aquela violência parece quase não nos surpreender.
Mas há sempre um limite. Tínhamos assistido à tortura dos dois jovens, debruçados sobre um banco comprido de madeira, rente ao chão, com o resto dos companheiros a assistirem – tal como se torturavam, há séculos atrás, os escravos, presos ao tronco, em espectáculo público, para que todos vissem o que lhes podia também acontecer se ousassem desobedecer – mas não estávamos preparados para a cena do assassínio de Liam, a quem o padre John mata à chicotada e pontapé.
O padre mata por motivos impossíveis de compreender. Quer saber por que apareceu no reformatório um professor laico, William Franklin. "Será comunista"?
O professor trata os jovens como pessoas, pelo nome próprio, promete responder às suas perguntas e levá-los a pensar para lá de si próprios e dos muros do colégio. Na noite de Natal, oferece a todos uma prenda, um livro, que contém algo de especial para cada um – poesia, literatura, teatro, vida, sentimentos, comprometimento… Os miúdos decoram frases, versos, fazem coros, récitas, teatros…
Algo de novo aconteceu e o padre John não aguenta. Estes são fantasmas que se prolongam por décadas. De algum modo, todos somos testemunhas, eu própria recordo uma adolescência e um início da idade adulta em que o comunismo era uma palavra maldita, como não seriam as pessoas que tinham essa ideologia e se empenhavam em transmiti-la? Excomungadas, obviamente. Ainda, hoje, não percebo nada. Mas, depois de sabermos o que se passou, nessa Europa de Leste, quando se derruba o muro de Berlim, vemos que nunca há o branco e o preto, mas nada justificava a paranóia e a maldade do padre John.
Franklin luta, com todas as suas forças, até os abusadores saírem de cena. (Sabe -se, no final do filme, que o padre Mac, o dos abusos sexuais, vai para os Estados Unidos, é-lhe dada uma paróquia e ainda vive; o padre John, o torturador implacável, é mandado para África e morre em 1969). Decide, então, abandonar o colégio, mas não resiste à despedida, particularmente, à atitude de um dos jovens ao recitar-lhe poesias do livro que lhe dera. Franklin quebra. Não pode deixá-los já. Fica por mais cinco anos, alistando-se depois nas tropas aliadas. Morre, na frente de batalha, em 1944.
Para a sua luta é o fim, mas quantos começos não tinha já deixado atrás, junto dos jovens do colégio São Judas! Quantos começos não deixa, ainda, hoje, naqueles que vêem o filme e percebem a força de uma consciência! Nem tudo são entardeceres, mesmo nestes sombrios colégios. Viva o professor Franklin!
(publicado em 28/9/2012)
(publicado em 28/9/2012)
Etiquetas:
abuso de menores,
comunismo,
II guerra mundial
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