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quinta-feira, 2 de março de 2023
A guerra da Rússia contra a Ucrânia: crimes de guerra a contra a humanidade
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
Escravatura: seres humanos escravizados
Claro que as palavras magoam, discriminam, ofendem, humilham….
Ouvir dizer: «É descendente de escravos» ou: «Tem sangue negro», como se houvesse uma essência humana negra, como se a natureza dos negros não fosse igual à dos outros seres humanos.
Não há uma essência negra! Há, simplesmente, seres humanos!Ninguém é descendente de escravos; ninguém tem sangue escravo.
Os negros descendem de seres humanos escravizados, de pessoas que alguém escravizou.
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Escravatura, séc. XV e séc. XVI (Foto: Ensina, RTP) |
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
A favor de um rendimento mínimo garantido
Quando os discursos de extrema-direita ganham espaço; quando muita gente está contra determinados apoios sociais, nomeadamente o RSI (rendimento social de inserção), é preciso dizer o óbvio: sem esse mínimo de subsistência garantido não podemos falar de direitos humanos.
Claro que esse apoio deve ser dado a quem não tenha, por razões comprovadas (e que devem ser verificadas e fiscalizadas), outros rendimentos para sobreviver.
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Uma rua de uma cidade |
domingo, 12 de fevereiro de 2023
A justa luta dos professores
A minha total solidariedade para com os professores e as suas reivindicações. É uma profissão tão exigente, tão absorvente (trabalhar com pessoas em formação, seja qual for o nível de escolaridade, não é como trabalhar num gabinete frente a um computador), que devia ser valorizada e respeitada, pela sociedade em geral e pela tutela e o poder político em particular!
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Manifestação de professores, ontem em Lisboa (Foto: Sapo 24) |
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
A desumanidade em que vivem tantos imigrantes em Portugal!
Há poucos dias, um incêndio, num prédio da Mouraria, em Lisboa, fez dois mortos e vinte desalojados. Num espaço, que a proprietária diz ter sido alugado como loja, viviam em condições miseráveis mais de dez pessoas vindas de países do sul da Ásia. O habitual: alguém aluga um espaço que vai subalugando, clandestinamente, aos que couberem em beliches ou em colchões mínimos que, cada manhã, se levantam e encostam à parede.
A situação destes imigrantes é tão precária que não têm outra opção, a não ser a de se sujeitarem ao que as redes mafiosas de tráfico humano lhes exigem. Redes que atuam aqui e nos países de origem, compostas por portugueses e asiáticos, certamente.
Portugal tem de ter instituições (não chega existirem leis) capazes de lidar eficazmente com o problema.
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O incêndio em prédio na Mouraria, Lisboa (foto: Sapo 24) |
sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
27 de janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
O pianista, o filme
É o relato de um sobrevivente, de alguém que perdeu toda a família, passou o inimaginável para sobreviver, mas nunca vendeu a alma. É sobre uma pessoa real, Szpliman, que, na altura do filme, em 2000, ainda vivia em Varsóvia.
Talvez, o que mais perturbe sejam as cenas de humilhação, quando se perde completamente a capacidade de autonomia (ainda que, em rigor possamos dizer que tudo era humilhante), como a cena da dança, à saída do gueto, os judeus dançavam para os guardas, que troçavam, riam, voltavam a rir…; ou as cenas de sobrevivência, como quando um grupo de pessoas tenta roubar uma panela de sopa das mãos de uma senhora; ela foge, a sopa entorna-se, e aquelas pessoas lambem do chão, tudo, até ao mínimo resto de alimentos. Também a cena da criança que grita desesperadamente em casa, a certa altura, sai por um buraco para a rua, mas é tal seu estado que morre, ali, à nossa frente.
Foi o mesmo desespero por comida que levou o pianista, quando estava refugiado numa casa e a pessoa que devia levar-lhe alimentos não pode fazê-lo, tal a dimensão do tiroteio em Varsóvia, a procurar alimentos por todo o lado, a abrir portas de armários, a fechar portas, procurando alguma coisa que pudesse comer. Quando finalmente encontra uma lata, agarra-a com tanta força que a lata cai no chão, espalha-se a farinha e o barulho é tal que os vizinhos chamam a polícia e o pianista é preso.
Também, há no filme encontros humanos muito bonitos: os polacos não judeus que resolvem ajudar os judeus a sobreviver, a organizar a resistência no gueto, etc. Há um encontro particularmente improvável de um soldado alemão que encontra o pianista, fugindo e escondendo-se. Olha-o e pergunta-lhe:
- Quem é você?
- Sou pianista, eu era pianista.
Há um clic qualquer no SS que resolve ajudá-lo. Depois do cerco a Varsóvia, este soldado, tal como todos os outros, é preso e lavado pelos russos para um campo de prisioneiros. Um dia viu, ao longe, um rapaz que gritava: “eu era violinista, tiraram-me tudo".
Lembrou-se do pianista, levantou-se, afastou-se do grupo e disse ao violinista:
- Conhece Szpliman?
- Sim.
- Diga-lhe que estou aqui.
Mas, quando Szpilman o procurou, no campo de prisioneiros, depois de ter tido conhecimento do sucedido, percebeu que o campo tinha sido desmantelado e que esse soldado já não estava vivo.
O filme é em sua memória e em memória dos judeus mortos.
https://www.youtube.com/watch?v=6NXjPxA_z0Q&ab_channel=MillieLamonier
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
Lá longe, a casa
- Vivi nessa casa, até aos 19 anos. Era a minha casa. Sabe de quem é agora?
- Desde a independência, este é terceiro dono. Primeiro, foi dada a gente
de fora, que veio do norte, depois, comprada e voltada a vender a outras
pessoas. Mas, se a quiser ver, talvez possa?
- Não sei se quero…. Vou sentar-me, no muro do pátio, a olhar as acácias, a
ver se ganho coragem para bater à porta e dizer ao atual dono, sem mágoa: esta
casa faz parte de mim, da minha família, muitos a recordam, ainda.
Maxixe (Foto in Facebook: Moçambique a Pérola do Índico). 2/12/2021)