Um dos temas que mais tenho trabalhado, nos últimos tempos, tem a ver com o reconhecimento cultural. Acaba de sair um artigo que escrevi sobre isso. Deixo a referência para o caso de alguém ter interesse em ler.
http://www.revistasisifo.com/2019/06/o-reconhecimento-cultural-para.html
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terça-feira, 2 de julho de 2019
sábado, 29 de junho de 2019
Milton Nascimento
Fui ver, ao Coliseu dos Recreios, Milton Nascimento.
Tem 76 anos, quase não se pode movimentar, canta sempre sentado e precisa ajuda
para se levantar, sair do palco e agradecer no final. Mas a voz está como sempre:
límpida, segura, única, transcendente... Foi Elis Regina que um dia disse: «Se Deus
quisesse cantar, escolheria a voz do Milton». Está tudo dito.
Os temas são os de sempre: a vida, os sentimentos, a liberdade, os direitos, a discriminação, a exploração… (por isso, parece
estranho que este espetáculo passe por Telavive).
Houve duas convidadas especiais: Carminho, a fadista, cantou duas canções, muito tocantes - Milton abraçou-a, numa
cumplicidade invulgar; Fáfa de Belém, artista brasileira, falou da
amizade com Milton e da importância incomparável da sua música. Foi muito bonito.
Fiquei a pensar no valor e
no poder da música. Fiquei a pensar na «eternidade» do Milton.
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sexta-feira, 21 de junho de 2019
20 de junho - Dia Internacional do Refugiado
O
número de deslocados, dentro do próprio país, e de refugiados, os que pedem
refúgio em países estrangeiros, atingiu este ano números impressionantes: 70
milhões. São pessoas que deixaram as suas casas, a sua terra, por causa da guerra, da fome, da insegurança, de catástrofes naturais ou de perseguições
política, religiosa ou outra.
Impossível,
sequer, imaginar, o que isto significa. Olhamos os rostos, as chagas, os corpos,
mas não imaginamos o tormento interior de cada uma delas: o que lhes vai na
alma, as tragédias que carregam, as vidas desfeitas, os sonhos troncados…
Mesmo
assim, uma grande parte do mundo tenta não ver; constrói muros, vigia
fronteiras, cria barreiras. Em Portugal, há estruturas do Estado e da sociedade
civil para ajudar os refugiados que o governo recebe, no âmbito do programa europeu
de recolocação, vindos sobretudo da Grécia.
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recolocação de refugiados,
refugiados
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Sentidos de pertença...
Nalguns
discursos do dia 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas – mais do que dissertar sobre a nação, a pátria, o sentido
identitário do ser português, apareceu, no discurso do responsável pelas
comemorações deste ano – João Miguel Tavares – um sentido de pertença plural,
diverso e nem sempre inclusivo, às vezes, até, de não pertença, quando, como
referiu, há tanto a fazer no sentido da equidade e da igualdade de
oportunidades.
O Presidente
da República fala de vários “Portugais”: O que será isto? Serão diferentes
culturas, diferentes desenvolvimentos, diferentes espaços geográficos...? – e, sempre, na crença de que podemos ser excelentes, aos mais diferentes níveis. Não chega acreditar, diria eu.
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quarta-feira, 5 de junho de 2019
O massacre de Tiananmen – trinta anos depois
Pequim,
praça de Tiananmen, 4 de junho de 1989: jovens que aí se manifestam, há já algum
tempo, pela abertura do regime e por liberdades individuais e políticas, que não tinham e
ainda hoje não têm, apesar do boom económico ocorrido na sociedade chinesa, são
reprimidos e mortos (muitos) com tanques de guerra.
Quantos
morreram, em Tiananmen? Ninguém sabe. Há vários números, desde várias centenas até
10 mil. Tal como não se sabe, hoje, quantas são as pessoas a quem o regime censura,
vigia, reprime, prende, mata…(voltarão os tanques, se acharem necessário). E tudo,
como se nada fosse, sempre o desgraçado argumento da não ingerência externa: «trata-se
de assuntos internos da China».
Mas,
como ficar impávidos, quando a violação de direitos humanos é tão evidente e
tão generalizada? Denunciar, é uma obrigação.
sábado, 1 de junho de 2019
Dia Internacional da criança
(Última parte do poema que Matilde Rosa Araújo escreveu sobre os direitos das crianças).
10.
A criança
deve ser respeitada
Em suma,
Na dignidade
do seu nascer,
Do seu
crescer,
Do seu
viver.
Quem amar
verdadeiramente a criança
Não poderá deixar de
ser fraterno.
Uma criança
não conhece fronteiras,
Nem raças
Nem classes
sociais.
Ela é o sinal
mais vivo do amor,
Embora, por
vezes, nos possa parecer cruel.
Frágil e
forte, ao mesmo tempo,
Ela é sempre
a mão da própria vida
Que se nos
estende, nos segura
E nos diz:
Sê digno de
viver!
Olha em
frente!
sexta-feira, 31 de maio de 2019
Nusrat Jahan Rafi – queimada e morta
Esta jovem, de 19 anos, do Bangladesh, foi morta,
há dois dias, na escola que frequentava, por ter denunciado, junto das
autoridades, que um dos professores a tinha assediado sexualmente, quando a
levou para uma sala e a tocou de forma inapropriada.
Foi-lhe pedido que retirasse a queixa; como não
o fez, sofreu as consequências. Foi atacada e regada com querosene por um grupo
de homens, na escola, que vestiam burkas para não serem identificados. Regaram-lhe
todo o corpo, menos a cabeça, para poderem dizer que se tinha tratado de um
suicídio – malvadez e perversidade em estado puro. Morreu passado umas horas,
mas, ainda, denunciou alguns dos atacantes que reconheceu pela voz e pediu justiça.
Custa a crer nesta brutalidade, nesta
animalidade; custa a crer numa cultura que trata as mulheres como seres de
segunda e onde os direitos e a justiça são uma miragem.
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assédio sexual,
cultura,
direitos das mulheres,
violência de género
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