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domingo, 12 de maio de 2019

As eleições europeias


À porta das eleições europeias, a 26 de maio, sucedem-se os debates entre os candidatos. Temo que sem a atenção devida, pois, é muito o que está em jogo, quando muita da nossa vida é decidida em Bruxelas e Estrasburgo.
A União Europeia é composta por 28 países (ainda com a Grã-Bretanha), que elegem 751 deputados (21 são portugueses), muitas vezes, com interesses divergentes ou até contraditórios. As questões da migração, das alterações climáticas, da privacidade dos cidadãos, da corrupção, das ameaças reais à democracia, com derivas extremistas, em muito países, parecem não ter uma resposta satisfatória, o que faz com que muita gente se afaste da participação.


quinta-feira, 9 de maio de 2019

A demografia em Portugal

No país, a demografia é um dos mais graves problemas. Somos cada vez menos: 10 milhões e trezentos mil no censo de 2017. Uma população cada vez mais envelhecida, para cada 100 jovens há 153,2 idosos. 
Existe um decréscimo na natalidade acentuado, com uma previsão de que, daqui a quarenta anos, seremos menos dois milhões. Se isto não é uma preocupação séria para os políticos, não sei o que seja! 

terça-feira, 7 de maio de 2019

Reis e rainhas

Quando, há poucos dias,  o imperador do Japão abdicou a favor do filho e um novo rei na Tailândia foi coroado, pensei na quase irracionalidade que vejo nesta forma de poder. Não encontro razões para alguém, vindo de uma determinada linhagem, poder ser rei ou rainha. A democracia devia ser antimonárquica.
O rei pode ser a melhor pessoa, ter todos os méritos, indiscutíveis qualidades, carisma, tudo mais e melhor do que qualquer possível presidente, mesmo assim, não parece justo que alguém nasça para ser rei.
Sou contra esta ideia de que o rei  tem um poder quase divino,  não falha; é Deus no céu e o rei na terra (de resto nas monarquias o rei é também o chefe da igreja). 


sábado, 4 de maio de 2019

Lá longe, um país sentido (2)

O barco navega, às vezes depressa, às vezes devagar, afastando-se, mais e mais, até, de repente, desaparecer. Já não vejo o barco, nem quem o conduzia, desapareceram. Surge, como por encanto, um grande jardim, um campo de flores brancas ou, melhor, quase brancas, a puxar para  um dourado claro, muito claro!

O sol brilha, intensamente; tudo resplandece, tudo se liga, como se o tempo contasse de outro modo e as vidas decorressem de outra maneira. É assim, lá longe, no fundo de um vale, a minha aldeia. Pessoas conversando, meninos correndo...,  um lugar a que pertenço, mesmo que a vida me leve para outros mundos e outros lugares.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Lá longe, um país sentido (1)

Um dia um trabalhador migrante que pinta, há anos, prédios altos em Lisboa, falou-me, num inglês perfeito, do seu país como se fosse um sonho. Reescrevo o que me disse, em homenagem a todos os trabalhadores migrantes que deixaram a sua terra, mas, na verdade, nunca saíram dela.

O dia está a despertar, as nuvens, ainda rasteiras, junto às montanhas, afastam-se de mansinho, esfumando-se no ar, passando de cinzento-escuro a um cinzento quase branco e depois a um azul, cada vez mais azul, que se confunde com o céu. Já não são nuvens. É o céu. É dia claro. 

Cá em baixo, a planície é um infinito campo de arroz, de um verde tão forte que, às vezes, cansa o olhar, mas que sempre nos anima a alma; a meio do campo, um canal estreito, onde uma barcaça, a remos, se move sem parar. Anda, distancia-se...

Sempre o mesmo campo, no mesmo arrozal, debaixo do mesmo sol. É um lugar muito longe, num sítio não sei onde, se calhar, na Ásia, porque a única pessoa que vejo, a que conduz o barco, tem uns olhos rasgados, uma pele escura e um chapéu com abas largas, preso ao pescoço com uma fita. Nunca me olhou, se calhar não sabe que eu estou aqui. 



domingo, 28 de abril de 2019

Carta de Zeca Afonso à filha Joana


(Talvez, eu já tenha divulgado, aqui,  este texto. Não recordo. A emoção que nos provoca é do mais belo que há). 

“Querida Joana

Como sabes eu estou preso mas também não sou um homem mau. Viste como foi. Não sejas rabugenta e ajuda o Pedro. Se ele estiver birrento lembra-te que ainda é bebé e tu mais crescida que ele. O que não gosto é que sejas egoísta porque é muito feio. Se alguma das tuas amigas querem tudo para elas deixa lá. Elas fazem mal mas tu não. Explica-lhes que não devem ser egoístas. Tem cuidado com os sugos e outras porcarias iguais porque podes ficar sem dentes. Depois mesmo que os queiras ter já ninguém te os pode pôr.
Ficas como os velhinhos. Alguns deles tinham a mania de comer guloseimas, gelados e caramelos. E também chocolates. Eu lembro-me muito de ti e do Pedro. O Zé ainda não cortou as barbas? Diz à Lena que eu não gosto que ela seja desarrumada. Todos têm que ajudar a mãe e a Dina.

Muitos beijos do
Zeca Pai"


sábado, 27 de abril de 2019

Valores democráticos - respeito pelas diferenças e o papel da lei e da justiça



O respeito pelas diferenças: em democracia, ninguém deve ser ou sentir-se discriminado. Não só os indivíduos têm direitos iguais, também os grupos, independentemente das diferenças sociais e culturais, devem ser protegidos. As diferenças caracterizam-nos e isso não nos diminui, pelo contrário, confere-nos identidade. Temos que pensar que somos diferentes uns dos outros e não que os outros são diferentes de nós. A frase, tantas vezes ouvida: todos diferentes, todos iguais, é mesmo verdadeira e faz todo o sentido.



O papel da lei e o direito à justiça: numa democracia, todos os cidadãos estão sujeitos à lei, ninguém pode agir achando que está acima e que nada lhe vai acontecer. Os que violarem as leis do Estado democrático devem ser julgados, independentemente dos cargos e poderes que exerçam; as democracias asseguram a todos o acesso à justiça e à legítima defesa.