Estive há pouco tempo na casa museu
Anne Frank, em Amesterdão. Havia muitos visitantes, jovens de escola,
adolescentes. Pensei na importância de lugares como este, pelo que significa,
pelo que simboliza, pelo grito ensurdecedor que não deixamos de ouvir, durante toda a visita. Voltamos a mais de setenta anos atrás, recriamos, na mente, o cenário, a vida, os sonhos e os medos, daquelas pessoas que ali viveram durante dois anos. Fechadas, literalmente, como se não existissem, até que um dia são traídas, denunciadas e presas pelos alemães.Voltamos atrás, mas não podemos, infelizmente, achar que tudo é história, que tudo é passado. Não é. Nesse dia, semana e mês, outros perseguidos por guerras, religiões..., atravessam países, procuram refúgio, apelam por solidariedade.
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segunda-feira, 21 de setembro de 2015
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
É o tempo da escolha justa
As imagens dos refugiados tentando chegar à Europa por
diferentes rotas, mostra à saciedade a violência e a precariedade humana. Há uma
linha ténue entre a liberdade e a repressão, entre a solidariedade e o pontapé, entre
o acolhimento e a xenofobia, entre o abrir e o fechar
as portas...
É neste espaço que o ser humano se realiza, que cumpre
ou nega a sua humanidade, que instaura ou impossibilita a relação com o outro. É o tempo das escolhas,
da ética, da responsabilidade individual e cívica, das leis e dos compromissos.
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acolhimento,
humanidade,
refugiados
sábado, 5 de setembro de 2015
O regresso a Kobani
O menino sírio, Aylan, de três anos
que morreu com a mãe e o irmão, no mar, ao tentarem chegar a uma ilha grega,
foi a enterrar em Kobani. Não viveu o suficiente para saber a força das
convicções, a força das montanhas, a força da terra, a força da identidade... O
pai, sim, sabe o que tudo isto significa. Por isso, regressou para enterrar a
mulher e os filhos na sua terra.
Está exausto, pede, em nome do Corão,
que o deixem descansar. É tão ensurdecedor o seu sofrimento! Mesmo que diga que
a mulher e os filhos são agora mártires, mesmo que evoque uma crença
que o pode ajudar, permanece (e permanecerá, por muito tempo) no
limite das suas forças.
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quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Migrantes, uma tragédia diária (2)
As imagens começam a ficar insuportáveis, pela violência, pelo desânimo, pelos contínuos impasses, pelos armes farpados, pelos infindáveis acampamentos, pelos comboios a abarrotar de pessoas...Temo que se tornem banais. Temo que a situação se vá arrastando, apesar das cotas estabelecidas e dos passos que finalmente parecem mais consequentes, sem que as soluções que estas pessoas merecem sejam tomadas. Há muita hipocrisia no ar, há muito discurso vazio...É certo
que se pode dizer que sempre houve margens, guerras, violência social e política, refugiados, populações perseguidas..., mas o que se passa hoje com o tal estado islâmico não é comparável a quase nada, é maldade pura.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Migrantes, a tragédia diária
Mortes, mais mortes e mais e mais..., o número
parece infindável, como infindável parece a situação dos refugiados que continuam
a chegar pelo Mediterrâneo e pelos Balcãs.
Corpos em decomposição, no interior
de um camião abandonado, na Áustria; corpos a chegar às costas da Líbia, de sucessivos naufrágios; corpos a serem resgatados de porões de barcos... Uma tragédia humana que parece não ter limites.
Quem eram estes mortos? Que vidas deixaram para trás? A quem amavam? Por que emigravam? Quem podia ter feito alguma coisa e não fez?
A Europa já percebeu que, o que tem feito, não chega, todos esperam (todos esperamos) que se faça muito mais.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2015
A “Declaração de Lisboa sobre Equidade Educativa, Julho de 2015” – algumas notas
Do 8º Congresso de Apoio Educacional
Inclusivo, que teve lugar em Lisboa, de 26 a 29 de Julho de 2015, saiu uma declaração
de princípios sobre a equidade educativa: http://isec2015lisbon-pt.weebly.com/declaraccedilatildeo-de-lisboa-sobre-equidade-educativa.html.
Desta declaração, dois pontos parecem
fundamentais: a educação inclusiva tem de ser equitativa; a inclusão tem de ser
de qualidade, procurando o sucesso de todos os alunos.
Em relação
ao primeiro ponto, a equidade educativa não parece controversa, justifica-se
pelo direito universal à educação, consagrado na Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948: artº. 26º). Daqui, decorre a obrigação de uma educação para
todos que só será possível se os sistemas educativos forem capazes de criar as condições
necessárias à igualdade de oportunidades no acesso e no sucesso de todos os
alunos.
A Lei de
Bases do Sistema Educativo (1986: art. 2º,2) garante a igualdade de
oportunidades, considerando que ninguém pode ser prejudicado, por ter nascido
nesta ou naquela família, ambiente social ou lugar geográfico e com estas ou
aquelas capacidades. Existem, para tal, apoios diferenciados (económicos,
sociais, educativos...) que devem responder, durante todo o processo educativo,
às necessidades particulares de cada aluno.
São
apontadas três razões para justificar a educação inclusiva: uma educacional,
uma vez que a educação conjunta de todas as crianças, criando soluções
individualizadas conforme as necessidades de cada uma, beneficia a todas; uma
social, uma vez que a educação inclusiva tornará a sociedade menos
discriminatória, mais justa e mais participativa; e uma económica, uma vez que
um sistema inclusivo é menos dispendioso.
Em nosso
entender, esta última razão parece discutível, pois, não temos como certo que
um sistema inclusivo, com base na equidade educativa, seja mais barato. Na
verdade, a necessidade de conhecimentos e de competências específicas, para uma
adequada diferenciação, supõe estruturas de organização, de formação e de
cooperação, entre os diferentes profissionais e as diferentes instituições,
dentro e fora do sistema – parcerias e protocolos com as áreas da saúde, da segurança,
do desporto, do ambiente, das empresas..., - que não pode deixar de envolver
avultadas verbas.
Em relação
à qualidade da educação inclusiva, ao referir-se o apoio à declaração
de Incheon “Rumo a uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e à
educação ao longo da vida para todos” e ao considerar-se a valorização das
diferenças e a abertura à comunidade, “onde a aprendizagem com sucesso seja
possível para todas as nossas crianças e jovens”, coloca-se a tónica na
importância dos contextos sociais e culturais – aspeto que nos parece decisivo
para uma integração educativa efetiva.
Este acento na qualidade é, de algum
modo, o reconhecimento de que são muitas as dificuldades e de que é necessário que
os sistemas inclusivos e equitativos façam tudo o que for possível para elevar
os níveis de exigência e de credibilização das propostas diferenciadas que
oferecem. Investir na qualidade, é seguramente o maior desafio, pela
complexidade de todos os aspetos envolvidos, sendo certo que os objetivos da
inclusão não têm só a ver com a empregabilidade dos jovens integrados, mas
igualmente com a sua autoestima, a sua capacidade de relação e de participação
sociais – aspeto que não parece possível de pôr em causa.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Armas nucleares, o perigo permanece
Há 70 anos (6 de Agosto de
1945), caiam, em Hiroxima e Nagasáqui, no Japão, duas bombas atómicas. Morreram, nos minutos seguintes, de 40 a 80 mil pessoas e, depois, nos dias, semanas, meses
e anos, continuaram a morrer pessoas, devido ao efeito radioativo.
Os sobreviventes (crianças na
altura) ainda choram os seus mortos e as suas vidas. Vão chorar sempre. E o
mundo? O mundo não chora? Parece que não, está tudo no passado, lá longe, nos
arquivos da II Guerra Mundial. Não aprendemos nada. Muitos países têm capacidade
nuclear e outros que não a têm querem tê-la. O raciocínio parece viciado: ter
armas nucleares (com todos os perigos que as mesmas representam) com a intenção
de nunca as usar. Apenas, para dissuadir, amedrontar. O raciocínio devia ser: se
não quero usar uma coisa, simplesmente, não a construo. Ponto final. O pior é
que as relações internacionais são tudo menos raciocínios lineares.
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armas nucleares,
II guerra mundial
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