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sábado, 7 de agosto de 2010

Situações-limite


Tenho assistido a uns programas , da parte da tarde, na RTP 2, em que se coloca uma questão, a pessoas de diferentes países e continentes. Aparentemente, uma pergunta simples, mas que pode levar a respostas que tocam o fundo da alma dos inquiridos. Ontem, a pergunta era: Qual foi o momento mais difícil da sua vida?
E as respostas, ocupando o tempo que cada um entende, pausadas, sofridas, falam da morte (do filho, do pai, da mãe, do irmão...), da guerra (relatos de sofrimento, tortura, humilhação, morte...), da prisão (própria ou de um filho...), do desemprego (relatos de miséria, descrença, humilhação...).
Ficamos a pensar até onde resiste o humano, a que ponto as situações limite nos moldam os dias, a esperança, os sentimentos, as crenças e a confiança no outro. Ficamos a pensar no que nos molda a existência, no sofrimento que nos tolda até ao limite de nós mesmos, quantas vezes sem reacção, pensando que nada mais faz sentido, que tudo é impossibilidade, demasia, excesso, dias a mais.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mandela

Mandela fez 92 anos rodeado da sua família. Parecia feliz, embora cansado e frágil. Apesar disso, Mandela é vigor, força, determinação, integridade. Um ser humano excepcional,um símbolo, um farol para toda a humanidade.
Por isso, as Nações Unidas declararam o dia 18 de Julho, um dia de celebração dos direitos humanos, um dia de celebração da justiça, da tolerância, da dignidade…
Que o arco-íris da diversidade humana, tal como o arco-íris da África do Sul que ele construiu, possa conviver em paz e em justiça, no respeito que é devido a todos os seres humanos. Há tanto por fazer!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Libertação de presos políticos em Cuba

Com mediação da igreja (o arcebispo de Havana, creio) e da diplomacia espanhola, o governo dos irmãos Castro vai libertar cerca de cinquenta presos políticos. É algo de novo, de muito novo mesmo, é algo para aplaudir e acompanhar. Não se trata de uma libertação sem condições, estes cidadãos cubanos não poderão permanecer em Cuba, serão recebidos em Espanha, mas é um começo. As mudanças fazem-se de começos, de abrir caminhos, de encontros ... Espero que todos os presos de consciência sejam libertados e que finalmente as liberdades individuais e políticas sejam uma realidade em Cuba. É tempo demais, sempre foi tempo demais, soubemos disso há muito. Aonde nos levaram as ideologias? Aonde nos conduziram os radicalismos?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Matilde Rosa Araújo

Para mim, embora nunca a tenha conhecido pessoalmente, era uma pessoa próxima. Talvez ninguém tenha escrito sobre sentimentos, em textos infanto-juvenis, como Matilde Rosa Araújo o fez. Escreveu como ninguém sobre o sentir, o pensar, o amar, o sonhar, o respeitar, o crescer, o ser digno… E isso é muito!
Li praticamente todos os seus livros, alguns dos textos trabalhei-os, uma e outra vez, quer com alunos quer na formação de professores, recordo, particularmente, “O gato dourado”, “A capa da Ana”, “O livro da Tila”, o “Poema sobre os direitos das crianças”…
O mais fabuloso é a simplicidade com que falava das coisas mais importantes e vitais. Quando a lemos invade-nos um silêncio que nos questiona. Precisamos pensar. A mim ajudou-me a pensar, a ver mais claro, a vislumbrar lucidez… Obrigada, Matilde Rosa Araújo.

sábado, 19 de junho de 2010

Morreu José Saramago

Morreu um homem grande. Grande, sim. Grande para o seu país, para a Europa, para o mundo. Morreu um cidadão universal. Muitos duvidam, claro, por mesquinhez, vil inveja, formatação ideológica..., outros têm a certeza da sua importância, hoje e através dos séculos. Fica a literatura, mas também a sua integridade, a sua inteireza, a sua luta incessante por causas que considerava justas. Um homem como Saramago, com o poder que tinha no mínimo que dissesse, faz falta.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fome

A fome ronda a rua , o bairro, a cidade, o país. Não está lá longe, na África, na Ásia. Está aqui. E o que fazemos? Os que deveriam fazer, parecem atordoados, a reboque de Bruxelas, sem um plano pensado, definido e executado para as pessoas daqui, para os vizinhos do lado... Ai, se não houvesse igreja, banco alimentar e outras ONG'S, o que seria de muita desta gente, há anos e anos, no fim da linha, muitos sem qualquer protecção social! Sobem impostos para reduzir o deficit, por causa da dívida pública, dos mercados, disto e daquilo. Ficamos a pensar: para que serve isto tudo, tal é a precaridade da situação?
E as pessoas sem trabalho? E o desemprego que não pára e continuará a subir? Falem do deficit a quem não tem nada para comer, a ver se entendem o que lhes dizem! Como podem entender!
As pessoas esperam, desesperam, desiludem-se. Já não há ilusões, já não há utopias, tudo é decepção e desânimo. Mas, é mesmo. Não se vêem saídas. O desengano é a pior das crises.

domingo, 6 de junho de 2010

Ajuda humanitária de uns, desumanidade de outros

Seis barcos foram atacados pela tropa israelita. O problema não é de hoje, e o impasse internacional também não. Israel continua o bloqueio à Faixa de Gaza, mesmo tratando-se de ajuda humanitária. Num dos barcos de nacionalidade turca nove pessoas foram mortas a semana passada, a justificação foi a de que depois de avisados, ao serem interceptados, reagiram com violência. É normal que os porta-vozes respectivos digam isto para justificar o injustificável; mas não é normal que ninguém, muito menos um povo inteiro, seja privado do direito a uma vida digna.
Mas, obviamente que do lado dos palestinianos não há só vítimas, há violência organizada, o Hamas não é inocente, é evidente que não é, mas tem de haver um entendimento mínimo, que gere a confiança necessária a um processo de paz. É tempo de mais para tanta aniquilação, é tempo de mais para tanta gente armada, para tantas bombas a cair de ambos os lados…
A proposta que tem vindo a ser trabalhada, por parte dos Estados Unidos e da ONU, dois estados e um estatuto especial para a cidade Jerusalém, que todos querem e ninguém aceita dividir, não parece descabida e tem de ser possível. Sem uma solução para a Palestina, o fundo é cada vez mais fundo e a luz cada vez mais ténue. Às vezes a sensação é de noite escura, terreno propício ao extremismo, como todos sabemos.