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sábado, 24 de março de 2018

Marielle Franco, assassinada


Marielle Franco, tinha 39 anos, era socióloga e vereadora no Rio de Janeiro. Foi morta, no dia 14 de março, com quatro tiros na cabeça, juntamente com o seu motorista.
Por que mataram Marielle Franco? O que incomodava os seus assassinos? Incomodava-os que ela fosse uma ativista dos direitos humanos, contra o racismo, a pobreza, a vida sub-humana das favelas, a violência policial…, voz dos que não têm voz?
Não sei; sei que a sua morte tomou tal proporção que ela se tornará num símbolo para todos os que defendem a dignidade de qualquer ser humano, seja quem for.
Em Portugal, várias organizações organizaram vigílias, em Lisboa, Viseu, Braga e Porto. Prestou-se homenagem, fizeram-se perguntas e exigências: encontrem os assassinos; expliquem o que aconteceu.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Autonomia dos povos – a propósito do caso catalão


O verdadeiramente decisivo e fundamental, na vida das pessoas, pertencentes a um determinado povo, não é uma identificação exterior, ter os traços físicos de terminada raça ou etnia; o que resiste e, em definitivo, se subleva e  manifesta, é uma identidade interior, de valores e crenças que configuram uma consciência comum.  
Foi assim em relação  aos kosovares, aos chechenos..., é assim em relação aos curdos, aos catalães...Os Estados podem definir, delimitar ou usurpar o território, mas em relação ao invisível, àquilo que constitui a raiz profunda do sentir e do pensar humanos, não é fácil fazê-lo, mesmo que proíbam a língua, a religião, as tradições...

terça-feira, 20 de março de 2018

O que terá acontecido às jovens de Teerão?

Há um mês atrás, 29 jovens foram presas, mas não cometeram nenhum crime. Apenas tiraram o lenço, que são obrigadas a usar em público, colocaram-no numa haste e, como se fosse uma bandeira, a sua bandeira, agitaram-no de um lado para o outro, desafiando as autoridades e as policias para os bons costumes daquele país.
Não se percebem estas crenças que atentam contra a liberdade individual, que obrigam a pessoa a diluir-se no grupo e na religião, como se não tivesse vontade própria.
Cada mulher é que pode dizer se quer ou não usar o lenço, não pode ser uma determinação religiosa, social ou o que seja. Quem quer usar, usa; quem não quer, não usa.
O presidente diz que é infantilidade que há 80 milhões de mulheres a usá-lo.  Eu digo que é demência de um regime e de uma deriva fundamentalista  sem racionalidade.


domingo, 18 de março de 2018

Violência doméstica - mais uma mulher morta


A jovem, de vinte e nove anos, do concelho do Fundão, que morreu há uma semana, com vinte facadas, às mãos do companheiro, é uma das últimas vítimas da violência doméstica. Tantas mulheres assassinadas ou marcadas para a vida, por maridos ou ex-maridos!. 
Parece uma guerra surda, às vezes, mesmo silenciosa; quase sempre, ninguém viu, ninguém sabia, ninguém imaginou ou suspeitou, sequer, que um crime destes pudesse acontecer. No entanto, homicídios tentados ou consumados são quase semanais.
É tudo maldade, descontrolo, ciúme, álcool, sentido de posse, de propriedade…? É tudo loucura, perturbação mental? 
É preciso uma outra atenção, por parte da comunidade e das autoridades, policiais e judiciais, para que não morram mais mulheres, nalguns casos, depois de terem pedido ajuda, vezes sem conta. É preciso mostrar a cara dos agressores, dizer quem são, o que os move, o historial de vida...


sábado, 17 de março de 2018

O movimento contra os tiroteios em escolas dos Estados Unidos

Há algum tempo, um jovem de 19 anos pegou numa arma e atirou indiscriminadamente sobre os alunos da escola secundária da Florida que frequentou e da qual foi expulso. Morreram 17 jovens, a maioria com 14 anos. Um massacre.
Com um passado difícil, completamente perturbado, deu todos os sinais: comprou a arma e as munições, publicou fotografias..., mas ninguém parece ter levado o facto suficientemente a sério. 
Este é o ponto: parece tolerável, naquela sociedade, que jovens comprem armas e as utilizem como se nada fosse. Como se o que aconteceu fosse banal, algo que não é necessário questionar.
Parece que finalmente algo está a mudar nas mentalidades,  graças aos jovens e a outras individualidades, incluindo os meios de comunicação, que vieram para a rua a exigir mudanças legislativas e  ações  concretas contra o lóbi das armas e a cegueira de tantos políticos, a começar pelo presidente . 

sábado, 6 de janeiro de 2018

A menina que pedia esmola

- Como e que te chamas?
- Alice.
- Quantos anos tens?
- Catorze.
- Há quanto tempo estás na rua a pedir esmola?
- Não sei, perdi a conta. Sei que desde que ando a pedir já me nasceu mais uma irmã. Vi-a este fim de semana. 
- É bonita, a tua irmã bebé? 
- Muito bonita, mas estou farta de bebés, tenho oito irmãos e sou a mais velha.
- Pedes todos os dias?
- Sim, mas dou o dinheiro à minha mãe.
- Adeus, Alice. Tu também és muito bonita, sabes!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Agir a favor da paz, aqui e agora

A contradição do humano: tantos votos de paz e ao mesmo tempo tanta violência. Celebrou-se a 1 de janeiro o dia mundial da paz. O Papa enviou uma mensagem a todos os católicos, o diretor geral da ONU a todo o mundo, ambos, alertando para os perigos e pedindo (exigindo) que mudemos de atitudes. Mas talvez, tudo continue irremediavelmente na mesma.
Claro que a violência tem muitas caras, muitos graus, muito confronto de interesses e muito domínio de uns sobre outros. Não podemos pensar apenas nas guerras, na fome, nas perseguições, nas limpezas étnicas, nos delírios dos que continuam a ameaça nuclear…, temos de pensar nos desempregados, nos que, mesmo trabalhando, não ganham para pagar as contas, dos jovens que saem à noite e morrem baleados à porta de uma discoteca, da violência doméstica, dos que todos os dias ou nos mentem ou nos dizem meias verdades, dos que nos atendem mal num serviço público ou privado…. Reagir em nome da dignidade e da justiça é já uma atitude a favor da paz de cada um e de todos os outros.