Uma história real:
|
Uma história real:
|
No último relatório do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) 2020, de 18 de junho de 2021, havia no mundo:
Destes:
- 20, 7 milhões têm apoio do ACNUR;
~48 milhões são deslocados
internos, fogem para zonas seguras, sem saírem do pais;
- 4,1 milhões solicitam asilo, em
diferentes países, ainda sem uma situação regularizada.
É um dos maiores enigmas da natureza humana: por que existe o mal? Por que não somos capazes de evitá-lo?
Eu não lhes dou o benefício da dúvida. Os talibãs, que já governaram o Afeganistão de 1996-2001, são um grupo terrorista, baseado num fanatismo religioso incompreensível.
Têm
na cabeça que, se seguirem à risca os preceitos do Corão e a lei islâmica, estão
destinados ao paraíso, eles e todos os seus seguidores. Não precisam de mais
nada.
Recuam
mil e quatrocentos anos, ao tempo do profeta Maomé, como se a humanidade não
tivesse séculos de pensamento, conhecimento e civilização.
Fecham
escolas e universidades, proíbem quase tudo, sobretudo, às mulheres e meninas.
O que importa é saber recitar de cor versículos do Corão, mesmo que não se saiba ler, e todos os meninos
aprendam a manejar uma arma e a matar, sem qualquer tipo de culpa, convencidos
de que estão a fazer o bem – isto é a absoluta perversão.
Isto é um mal extremo, massivo, sem limites, como foi maldade nazi. Espero que a comunidade internacional não reconheça o poder talibã, e todas as vozes se ergam para que o pesadelo acabe.
Hoje faz anos que morreu Sérgio Vieira de Mello, dia 19 de agosto de 2003,
num atentado
(…)
A melhor oportunidade de
prevenir, limitar, resolver e recuperar do conflito e da violência, reside na
implementação e na defesa da lei. Os conflitos armados erguem-se como um
sangrento monumento à falência da aplicação da lei. Devemos quebrar o ciclo de
violência. Onde quer que as repressões armadas despojem as pessoas dos seus
(Houve há dois dias um sismo, no Haiti. Quando olhamos as imagens vemos destruição e morte (já mais de 700 pessoas), mas não comparável ao que ocorreu há dez anos, em que houve 300 mil mortos. Republico um texto que escrevi nessa altura; dói perceber que a precariedade daquele povo é quase a mesma).
Haiti, os meninos de ninguém
Queria escrever sobre o inferno do Haiti, mas não sou capaz. Dizer o quê?
Dizer que tenho vergonha de pertencer a essa parte do mundo que deixa, que permite, que existam, em 2010, países como o Haiti, com este nível de pobreza, subdesenvolvimento, fraqueza ou inexistência das instituições fundamentais do Estado…; dizer que sou incapaz de compreender que se atulhem, no aeroporto, milhares de toneladas de ajuda humanitária e a mesma não chegue às pessoas afetadas; dizer que cada vez acredito menos na eficiência da ONU, como se tem visto nesta situação em que os capacetes azuis não conseguem garantir a distribuição da ajuda em condições de segurança; salva-se a resposta massiva do mundo todo, ou quase, em solidariedade com o povo do Haiti.
Desde o dia do terramoto, também eu deambulo pelas ruas de Port-au-Prince, dando a mão aos meninos que ninguém veio buscar, órfãos de tantas e tantas tragédias. Meninos ausentes, perdidos, que já não choram, que já não pedem... Meninos com direitos, meninos de toda a gente. Meninos meus. Um dia, quando for possível, inventarei histórias bonitas para vos contar! E sei que vão querer ouvi-las.
(Publicado em 19/01/2010)
Saiu ontem o Relatório da ONU sobre o clima e as notícias não podem ser mais desanimadoras. Já o sabíamos, porque as consequências da crise climática são visíveis por todo o lado: as cheias na Alemanha e na Bélgica, os fogos na Turquia, Grécia, Califórnia…, fenómenos extremos devidos ao aquecimento global.
As metas definidas, no
Acordo de Paris, de 2015, já não se adequam, a realidade ultrapassa todas as
previsões. Temos de levar a sério a urgência do clima, exigir informação científica
rigorosa, como a deste Relatório, ação concertada dos que governam o mundo e também
de cada um de nós.
Não podemos continuar
a viver com estes níveis de consumo, poluição, destruição… e quase tudo em
menos de um século.