Agora, até os leigos na matéria, como eu, veem que os números vão piorar muito, em Portugal. Temo mesmo ruturas, já anunciadas, neste e naquele hospital. Por mim, vou cumprir à risca o que as autoridades politicas e de saúde mandarem.
Pesquisar neste blogue
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Bom Ano Novo
Desejo a todos um bom ano de 2021, em primeiro lugar a nível pessoal e familiar, mas também a nível social e global. Espero :
- Que a epidemia COVID-19, que transtornou as nossas vidas e mostrou como nada está adquirido, possa ser debelada.
- Que os desastres naturais - o sismo que ontem atingiu a Croácia, as tempestades..., possam ter a ajuda humanitária internacional que precisam.
- Que as guerras que podemos evitar - Síria, Iémen..., desapareçam de vez, com acordos viáveis e ajudas sustentadas.
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
A sabedoria prática, em Paul Ricoeur
Muitas pessoas que me leem sabem que faço investigação na área da Ética, Direitos Humanos, Cidadania.... Deixo um artigo que acabou de sair.
http://fajopa.com/contemplacao/index.php/contemplacao/article/view/267
UMA SABEDORIA PRÁTICA PARA O VIVER ATUAL, EM PAUL RICOEUR fajopa.com |
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Sem-abrigos nas ruas de uma cidade (6)
São dois irmãos, marcados pelo alcoolismo, que arrumam carros, há mais de vinte anos, à entrada de um centro comercial. Primeiro, contam as moedas para ver se já chegam para comprar tabaco. Depois, contam as moedas para ver se já chegam para comprar o que comer e beber (sempre vinho). Se é suficiente, compram comida, se é pouco comem pão sem nada ou com mortadela.
Uma vez perguntei-lhes:
- Têm família?
- Ele – aponta para o irmão – tem filhos,
mas não querem saber. Estamos a arrumar carros desde que a minha mãe morreu. Pedimos,
mas não roubamos nada a ninguém. Se o dia corre mal, esperamos até mais tarde e pessoas do
supermercado dão-nos comida.
sábado, 26 de dezembro de 2020
Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (5)
Tem 21 anos e foi abandonada pela mãe quando tinha quatro.
- A minha mãe seguiu a vida dela sem
olhar para trás, deixou-me em casa do meu pai, mas como a minha madrasta não me
via com bons olhos andei de um lado para o outro, uma vez na minha avó, outra
no meu pai, até que um dia fugi e vim para aqui, para esta casa abandonada
juntar-me a um grupo.
- Consumiam drogas?
- Claro, eu também; se não fosse a
droga, não tinha ido para a prostituição. Quero sair disto, mas é impossível, quero
uma vida como a gente normal. A assistente social sabe disso e prometeu-me arranjar
lugar num albergue e um tratamento. Já lhe garanti que desta vez não fujo. Não fujo,
como fiz da outra vez.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Sem-abrigos nas ruas de uma cidade (4)
Um casal, sentado no muro, na casa dos trinta anos, espera a carrinha.
- Tenho três filhos, mas só as duas
mais pequenas vivem connosco. O meu filho mais velho não é filho dele, vive num
lar de rapazes – diz a mulher.
Estão os dois desempregados, não vivem
na rua, mas é como se vivessem – diz-nos um dos voluntários.
– Quem é que dá trabalho a um tipo que
esteve preso? Ninguém. Foi a puta da droga que deu cabo da minha vida. Já não
consumo, mas fumo tabaco como uma chaminé.
Comem a sopa quente e o resto que lhes
distribuem e levam para as filhas pacotes de leite, pão e bolachas,
Ela agradece e despede-se. Não parece
tão revoltada como o companheiro.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (3)
Visivelmente perturbado e com um discurso sem nexo, diz aos voluntários que tentam acalmá-lo:
- Tenho uma fortuna para receber, mas não
posso, porque me roubaram os papéis do banco. Roubaram-mos aqui. Vou lá todos
os dias, chamam a polícia e não me deixam entrar.
- Não quer uma sopa quente e o resto que
aqui temos para si – diz-lhe um dos jovens.
- Não me chateiem, desapareçam, não
preciso de nada…
- Fica aqui o saco; quando o senhor
quiser come, não há problema.
Dos que vivem na rua, os doentes
mentais são os mais frágeis dos frágeis. Nada se compara, a um delírio que permanentemente
os atormenta.