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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sabedoria popular, provérbios


- A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome.

 - Ninguém pode despir um homem nu.

 - Se crias uma serpente, serás o primeiro a quem ela morde.

- Se ouves falar mal do teu amigo, escuta como se tratara de ti.

- Quem deu à luz um monstro está obrigado a amamentá-lo.
                                                                                              Provérbios africanos



sábado, 18 de julho de 2015

A flor que veio de longe

A flor nasceu e cresceu num canteiro do jardim da escola. Ela e as irmãs vivam felizes. Gostavam das brincadeiras dos meninos, do calor do sol e da sombra da tília nas tardes quentes de Verão. Mas um dia a escola fechou, os meninos deixaram de aparecer, ninguém mais regou as flores e elas começaram a ficar tristes e a secar.
- Ai se alguém nos viesse salvar! Precisamos de ajuda – pediam as flores!
Como há sempre fadas boas a ouvir os pedidos, na manhã seguinte, apareceu um jardineiro da Câmara que as arrancou com cuidado e as pôs na parte de trás de uma carrinha. A flor foi levada, juntamente com a mãe e algumas irmãs (as que ainda não estavam murchas), para outro lugar para aí ser de novo plantada. Está triste e sem forças, mudou de terra, de jardim, de cidade..., e, quando foi arrancada, as suas raízes partiram-se bastante e algumas folhas amareleceram e caíram. Já não é a mesma, tudo lhe dói. Até a estaca que lhe puseram para a ajudar a manter-se direita a incomoda.
- Estou mal, esta terra não é igual à minha, sinto tudo tão estranho! Para onde ficará a terra de onde vim? Será para o Sul ou para o Norte? Terei atravessado o rio ou as montanhas?
Não sabe. Como estava cheia de dores nunca levantou a cabeça, durante a viagem, para olhar a paisagem. Não sabe, mas imagina que veio de longe, lembra-se de ter passado muito tempo e de ter sentido fome e sede, e também porque o tempo, aqui, não é o mesmo, faz muito frio. Quando estiver melhor vai querer passear e descobrir este novo lugar.
Às vezes, diz à mãe:
- Não me sinto lá muito bem! Tenho saudades de lá! 
- Filha, vais ficar outra vez forte, bonita e cheia de saúde. Quando chegar a Primavera, terás folhas e pétalas novas. Os dias difíceis dos primeiros tempos vão passar, vais aprender coisas novas, encontrar amigos, ser convidada para as festas de anos, os bailes de domingo, o coro do jardim e a vida voltará a ser feliz para ti.
- E depois, mãe, sou daqui ou de lá?
- És daqui e de lá – repete-lhe a mãe, enquanto lhe canta baixinho uma canção que fala da terra de onde vieram.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Vítimas de grupos armados, sequestros


“Fui sequestrada (pelo exército de Resistência do senhor) quando eu e a minha mãe íamos para o campo…Outra das meninas sequestradas procurou escapar, mas apanharam-na. Os rebeldes disseram-nos que tinha tentado fugir e por isso devia morrer. Mandaram os meninos mais novos matá-la. Disseram-nos que se tentássemos fugir matariam as nossas famílias. Fizeram-nos caminhar uma semana… Algumas das crianças mais pequenas não puderam acompanhar o passo, caminhávamos muito sem descansar, e mataram-nos.. Algumas das crianças morreram de fome. Senti-me impotente a ver tantas crianças a ser assassinadas. Pensei que me iam a matar.”


(É o caso de  uma criança do Uganda, nos anos oitenta do século passado, mas hoje mesmo, 2015, o sequestro é um acontecimento banal.O Boko Haram, na Nigéria, acaba de o fazer, mas há muitos mais grupos terroristas que o fazem ).

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Génesis, a exposição

Visitei a exposição de Sebastião Salgado, e gostei muito. Não posso dizer que tenha sido surpreendida, de algum modo, conhecendo outros trabalhos do autor, esperava o que vi. Há uma qualidade e uma essência nas fotografias que chega e ultrapassa a mera observação. Salgado mostra, denuncia, propõe, compromete...
Para mim são particularmente tocantes os rostos. O que dizem os rostos de Sebastião Salgado? Ninguém sabe. Dizem tudo.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Voltando aos ditadores (4)

Mas vem um dia e a justiça aparece, no caminho do ditador. É acusado e detido em Londres,  ficando em prisão domiciliária numa mansão nos arredores da cidade. 
Abrem-se noticiários, formam-se movimentos a favor e contra, o próprio governo chileno empenha-se para que ele não seja extraditado para Espanha e seja julgado no Chile. A senhora Thatcher visita-o, intercede por ele. Todos se movimentam; a novela dura mais dum ano, até que, finalmente, depois de revogações e nova sentença, surge o veredicto: Pinochet vai de volta ao Chile.
O argumento da sua debilidade física e mental, do seu precário estado de saúde, parece sortir efeito. Contudo, não convenceu e foi desmentido, logo que o senhor pisa solo chileno. Levanta-se leve e fresco para abraçar os companheiros de sempre. Os que acreditaram na sua doença, devem estar roídos de fúria; foram bem enganados. 
(a  justiça seguiu os seus trâmites) 

domingo, 12 de julho de 2015

Voltando aos ditadores (3)

O mesmo telejornal  que mostrava estudantes a serem massacrados e mortos nas ruas de Santiago, mostrava também o ditador a assistir à missa. Não parece aceitável, para nenhum católico,  ver a igreja bajular e dar a comunhão a criminosos. 
Não sei se eles sabem, mas eu sei que Deus está zangado com todos “Pinochets” deste mundo, só pode estar, mesmo que alguns tenham financiado a construção de igrejas, templos e catedrais - sim, que estes senhores usam descaradamente a religião, porque sabem que a instituição nunca diz não aos poderosos - o que se passou e ainda se passa na América Latina é intolerável. Uns quantos, poucos, com tudo e todos os outros, muitos, sem nada. 
(agora, parecem soprar novos ventos)

sábado, 4 de julho de 2015

Voltando aos ditadores (2).

Como se podem perdoar os ditadores que, ao longo da história da humanidade, foram autores e mandantes das chacinas mais brutais e horrendas? Não se pode, evidentemente. Mesmo, analisando todas   as circunstâncias, contextos e situações, não se encontram  razões para justificar os seus atos.
Talvez o caso limite seja Hitler e o nazismo, mas há (e houve) outros:  Fidel Castro, Mugabe, Hussein, Kadafi, Miloseviche e muitos, muitos, outros, em todos os continentes. 
Todos têm uma ânsia infindável de poder; fazem o que for preciso para o manter. Formam exércitos, constroem castelos, palácios, bunkers...; compram iates, aviões..., colocam rios de dinheiro em paraísos fiscais e, enquanto isso, o povo, o seu povo, vai definhando na pobreza, na ignorância na falta de todos os direitos.