Foi notícia, o grupo de
romenos, cerca de quarenta pessoas, trabalhadores sazonais no Alentejo, que
vieram para a apanha da azeitona e estão em situação de grande vulnerabilidade.
É sempre o mesmo esquema: vêm clandestinos, sem documentação regularizada,
vivem explorados por diferentes mafias: quem os contrata, quem os traz, quem os
recebe…, parece que não vivemos, nem nós nem eles, em Estados de direito, embora
ambos os países pertençam à União Europeia, onde supostamente há leis a regularizar
o trabalho com direitos. Não haverá possibilidade de outra assistência e outro
cuidado para que o trabalho seja justamente pago e as suas estadias aqui tenha
direito a habitação, comida, saúde…, o mínimo necessário? Tem de ser possível, espero
que quem deve actuar o faça.
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Quantos rostos tem a pobreza
Tinha vestido o
casaco novo, as luvas e o cachecol da sua melhor amiga. Sentia-se outra:
- Estou bonita? – Perguntou-me.
- Estás muito
bonita.
- Eu não posso
ter roupa nova, porque a minha mãe é pobre. Falava da situação familiar e da
pobreza de forma desconcertante, como se isso normal,
- Tu tens roupa
muito bonita, andas sempre muito vaidosa – digo-lhe.
Recordei uma
história que na minha infância ouvi por várias vezes contar a uma vizinha: não
tinha roupa, apenas um fato para a “cote”, um fato para os dias de semana,
muitas vezes remendado, e um fato para o domingo.
Quando ia à casa
da senhora, onde a mãe trabalhava, observava a roupa da filha da senhora e não
resistia a vestir os vestidos da “menina”, que tinha a sua idade, e, às
escondidas da mãe, punha-se à janela a ver se alguém passava e a
via e também para ver a sua imagem reflectida nos vidros.
Ambas, com o
espaço de quase um século, experimentavam sentimentos semelhantes: o desejo de
ser bonitas, de ser vistas e reconhecidas, que alguém as valorizasse.
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auto-estima,
pobreza,
sentimentos,
vidas
Violência de género,
Dia 25 de Novembro foi o dia internacional para a eliminação da violência de género. Por
todo o lado se falou do tema. As estatísticas são negras, segundo dados da ONU, 70% das mulheres sofrem em algum momento da sua vida violência de género,
Dois milhões de
crianças, jovens e mulheres são vitimas de tráfico humano no mundo. Os dados são avassaladores.
O problema tem uma amplitude que custa imaginar. Para fazer algo só através da mudança de mentalidades da educação para igualdade de género desde
a mais tenra idade.
Etiquetas:
igualdade de género,
tráfico humano,
violencia doméstica
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
A banalidade da violação de direitos
As
violações de direitos humanos estão por todo o lado; estão na guerra da Síria, nos conflitos politicos e sociais do Mali, do Egipto, de Moçambique... e de tantos outros lugares, tal como estão nas diferentes
discriminações, no desemprego, na violência doméstica... e noutras
situações que quotidianamente vivemos e observamos.
Não
há dúvida de que existem poderes
políticos, económicos e sociais que ignoram e defraudam as justas expectativas
das pessoas e dos povos, naquilo que é o seu ser fundamental: a dignidade,
consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH, 1948). É certo
que se pode dizer que sempre houve margens, bairros de lata, pessoas
desamparadas, sem-abrigos…, como se um destino inexorável ditasse as suas
vidas, por gerações sucessivas. Ainda assim, não se trata de um determinismo,
outro viver é possível.
Etiquetas:
violação de Direitos Humanos; Violência
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Leonarda, a jovem cigana
Há umas semanas atrás, foi expulsa de França com
a sua família e enviada para o Kosovo, de onde os pais são originários. Detida dentro
do autocarro, durante um passeio escolar, o seu caso comoveu meio mundo.
Legalmente, nada a apontar,
parece que se cumpriu o que as leis determinam, no caso de imigrantes ilegais
em França.
Mas, o problema é que não
se trata de uma questão de legalidade; é uma questão de moralidade, de justiça.
Escolarizada, integrada,
com amigos, os colegas saíram às ruas exigindo o seu regresso ao país, viu a
sua vida truncada, como milhares (se não milhões) de outros emigrantes clandestinos.
Hollande (o presidente
francês) foi obrigado a vir dizer que podia voltar, mas sozinha. Outra
injustiça, como vem, uma criança de quinze anos, sem os pais? Ela recusou, o caso
continua, pelo menos enquanto os média falarem dele, depois cairá no esquecimento como tantos outros dramas da imigração ilegal.
O tufão Yolanda, Filipinas
Há ilhas completamente
arrasadas. Destruição por todo o lado, quase três mil mortos confirmados,
milhares e milhares de desalojados, muitos feridos com marcas no corpo e na
alma que dificilmente vão sarar.
Olho a jovem mãe que pede
ajuda para enterrar o seu bebé que já começa a cheirar mal; olho a idosa que
acaba de morrer no centro de acolhimento improvisado; olho a multidão que se
aglomera junto ao porto esperando um lugar no barco, mas acaba por ficar,
porque só há lugar para os casos mais urgentes; olho as valas comuns onde se
enterram os mortos para evitar epidemias…
Olho e penso na
contingência humana, na sua desdita e na sua desgraça. Penso na ajuda
humanitária da ONU que não chega como devia, apesar da ajuda internacional, e
sempre com a mesma desculpa: dificuldades de logística, burocracias, atrasos,…
e os que não podem aguentar mais vão morrendo, debaixo das câmaras de televisão.
A morte humana não é um espectáculo, mas há alturas, como agora, que quase
desculpamos, porque sem imagens como estas, muitas consciências adormecidas dos
poderosos do mundo continuariam a dormir descansadas. E é preciso fazer muito
mais do que aquilo que está a ser feito. É preciso levar a sério os
desequilíbrios ambientais e as alterações do clima, como repetem vezes sem
conta os entendidos nestes temas.
Etiquetas:
ajuda humanitária,
catástrofe natural,
ONU
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Crise ou mais do que isso?
A situação portuguesa é de tal ordem, cada dia parece pior que o anterior, que não vemos qualquer saída. O pior é que estamos tão pertinho dos gregos, da miséria grega, e tão longe dos irlandeses e dos espanhóis e italianos, para estes há um estado social que ainda responde, por exemplo na Espanha, onde o desemprego é uma enormidade, quando acaba o subsídio a pessoa recebe um mínimo de 400 euros, vê-se diferença, entre o nada e este apoio. aqui verdadeiramente se não é a família, muitos caem na maior desgraça.
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