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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Líbia, a guerra

Na guerra,  já o sabemos,  ultrapassam-se quase todos os limites. A maldade, o  terror e as bombas,  andam à solta. O amigo, o vizinho de ontem, pode ser o atirador, o assassino de hoje. Aquela jovem de 16 anos, entrevistada pelo repórter da euromeus, matou  16 homens,  que os soldados de Kadhafi lhe iam trazendo de dois a dois, diz que o fez porque foi obrigada,  porque senão seria morta: "Ou matas ou morres tu", diziam-lhe.  Diz  que baixava os olhos,  sempre que atirava.  Não guarda nehum rosto. Será defesa, estratégia ou necessidade? Talvez seja impossível matar a quem olhamos o rosto, face a face.

domingo, 28 de agosto de 2011

Kadhafi, a queda

A tristemente célebre frase: “Todos os ditadores morrem”, denunciando a impossibilidade de alguma vez saírem de cena de outro modo, tal o domínio e a alucinação que têm pelo poder, não se cumpriu, desta vez, mas sabe-se bem à custa de quantas vidas e de quanta destruição.
Kadhafi parece definitivamente encurralado. Ele, os filhos e o séquito que, durante décadas, 42 anos, mais precisamente, dominou e explorou um território e um povo, como se fossem donos do país e das pessoas, vão ter de prestar contas. Festeja-se nas ruas. A transição será difícil, a democracia será difícil, mas o poderem olhar-se nos olhos uns aos outros como cidadãos livres e iguais, parece ser um adquirido, a comunidade internacional estará evidentemente atenta e cooperante, como lhe compete. Kadhafi é um louco, inebriado pelo que seja, merece ser julgado, tal como os filhos e os colaboradores mais próximos, pelo Tribunal Penal Internacional, o que fez ao povo líbio, a quem devia proteger, é um crime contra toda a humanidade.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O assassino de Oslo

Ontem, o assassino de Oslo voltou à ilha, onde matou sessenta e nove jovens, para uma reconstituição do massacre, durante oito horas. Dizem que não mostrou qualquer arrependimento, apesar de alguma emoção. Haverá alguma redenção para pessoas como este norueguês? Será possível alguma réstia de humanidade, em pessoas como este sujeito? Não sabemos, ou melhor, não sei. Durante muito tempo,  acreditei que há a humanidade para lá do ser humano, que cada ser concreto é habitado por um infinito que nos surpreende e desarma, embora, perante desequilíbrios tão chocantes, como o do caso em questão,  tenhamos que  pensar que uma finitude implacável, cruel e mesquinha,  espreita em cada vez mais pessoas. Por todo o lado, actos tresloucados ocorrem, com justificações muito parecidas.  Há demónios à solta,  ninguém está a salvo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desordem e violência em bairros de Londres

Nada parece novo, nem inesperado, já vimos, antes, o mesmo  cenário, em França, por exemplo. Mas o que aqui parece ser novo é a idade dos jovens e a quota parte de diversão que esta violência parece ter. Sem escola e sem clubes de ocupação dos tempos livres, tomam a rua por casa e o alheio por seu. Nada justifica esta violência , este vandalismo,   mesmo se quisermos invocar o desemprego, a crise e a vida sem esperança nestes bairros. Nada justifica o que está a acontecer,  mas temo que o rastilho, uma vez lançado, deixe mossas profundas, porque  o pior  é começar, um sentimento de revolta e vingança apodera-se dos grupos e  vão acontecer desgraças maiores, há já um morto.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Secção Portuguesa da Amnistia internacional: 30 anos

A  Aminstia Internacional - Portugal, faz trinta anos, a propósito desta data,  a RTP2  vai passar, domingo, às 19:30, um documentário sobre o trabalho feito em Portugal, nestes anos.  Muito se lutou pela defesa e protecção dos direitos humanos, numa primeira linha pelos direitos civis e polítios, mas também pelos direitos económicos e sociais, na convicção de que os direitos são interdependentes e não
é possível defender uns enquanto outros são violados.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

...toda a humanidade é rosto, Lévinas

Quem é esse outro que me responsabiliza e me humaniza continuamente? Esse outro que ocupa o lugar a meu lado, em frente ou atrás de mim, no transporte público, na repartição, no teatro, na rua, na casa onde vivo… Esse outro que vejo sentado no muro de um qualquer lugar, que trabalha comigo no mesmo campo, na mesma escola, no mesmo hospital… Esse outro, meu vizinho, meu amigo, meu irmão, meu filho…?
Algumas são pessoas a quem julgo conhecer bem e de quem, aparentemente, poderia falar. Mas, por mais que eu pudesse dizer acerca delas, nunca diria verdadeiramente quem são; o outro é alguém que não se deixa encerrar em nenhum conceito ou representação; o outro é e permanecerá um desconhecido, desde logo, para mim mas também para si próprio.
O outro é rosto. Não o rosto físico, percepcionado, que poderíamos descrever; mas o rosto metafísico, infinito, exterior a toda a ordem, a todo o significado, que se anuncia, na sua epifania. A manifestação do rosto é linguagem, discurso, fala, significado.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Interculturalidade, para um diálogo entre culturas

Vivemos num mundo em que os grandes sistemas ideológicos já não respondem à organização e ao viver social. Tudo gira em torno da economia e dos mercados, num inexorável movimento de globalização que cria inevitáveis dezenraízamentos e sentimentos de exclusão; já não somos verdadeiramente de lado nenhum, ao mesmo tempo, que somos de todos os lugares. Este sentimento de não pertença, faz toda a diferença quando se trata de pensar as questões da convivência intercultural, na procura de uma perspectiva fundamentada que permita práticas sociais e cívicas concretas, para o enquadramento de leis, a definição de políticas e planos de acção, envolvendo pessoas reais – imigrantes, grupos étnicos, religiosos...