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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Diferentes culturas da sociedade portuguesa

 Em Portugal, estiveram, desde sempre, os ciganos. Mas, a seguir ao 25 de abril de 1974 e à descolonização, a diversidade cultural ganha outra expressão, com a vinda de comunidades de origem africana das ex-colónias: Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Nas décadas seguintes, até hoje, continuam a vir migrantes africanos, mas sobretudo brasileiros (a maior comunidade de migrantes, nos últimos vinte anos) da Europa de Leste e de vários países asiáticos (chineses, paquistaneses, nepaleses, indianos…). Persistem  problemas de integração variados, apesar de politicas ativas de integração.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Onde não há o que distribuir...

Não podemos falar de direitos, em sociedades onde não há para distribuir, onde há desequilíbrios de tal ordem que em vez de respostas, criam-se impasses, maiores e novos problemas.

Por isso, casos como os acesso gratuito a consultas, mas impossibilidade económica de comprar a medicação receitada, escolas gratuitas, mas incapacidade de comprar os livros, cadernos, sapatos ou uniforme escolar..., não servem de muito. Tem de existir um mínimo garantido.

domingo, 10 de outubro de 2021

Educação: contra os radicalismos

 Para mim é cada vez mais claro, que só há uma saída para os radicalismos: a educação, o conhecimento.

Sem capacidade de pensarem de forma reflexiva e crítica, o que muitos radicalismos culturais proíbem ou nem sequer possuem, como no exemplo gritante dos talibãs, no Afeganistão, torna-se impossível dialogar com eles. 

Ao imporem quase um analfabetismo generalizado, sobretudo às mulheres, mas também a eles próprios, tornam-se incapazes de apresentar e discutir argumentos (obviamente, do ponto de vista racional, que os diferentes interlocutores possam entender); tornam-se incapazes de perceber o atoleiro de irracionalidades em que estão.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Abuso de menores na igreja francesa

 São tão assustadores e tão trágicos os dados do relatório independente, feito em França, sobre os abusos sexuais na igreja francesa, nos últimos 70 anos, que não consigo escrever nada sobre o assunto. Republico um texto que escrevi sobre o tema depois de ver o filme: 

Os meninos de São Judas

O filme fala dos meninos do reformatório de São Judas, na Irlanda, em 1939. Revela uma realidade que, apesar da brutalidade de algumas práticas, como o abuso sexual e a tortura física, se prolongou, por muitas décadas, em instituições similares – e é por isso que aquela violência parece quase não nos surpreender.
Mas há sempre um limite. Tínhamos assistido à tortura dos dois jovens, debruçados sobre um banco comprido de madeira, rente ao chão, com o resto dos companheiros a assistirem – tal como se torturavam, há séculos atrás, os escravos, presos ao tronco, em espectáculo público, para que todos vissem o que lhes podia também acontecer se ousassem desobedecer – mas não estávamos preparados para a cena do assassínio de Liam, a quem o padre John mata à chicotada e  pontapé.
O padre mata por motivos impossíveis de compreender. Quer saber por que apareceu no reformatório um professor laico, William Franklin. "Será comunista"?
O professor trata os jovens como pessoas, pelo nome próprio, promete responder às suas perguntas e levá-los a pensar para lá de si próprios e dos muros do colégio. Na noite de Natal, oferece a todos uma prenda, um livro, que contém algo de especial para cada um – poesia, literatura, teatro, vida, sentimentos, comprometimento… Os miúdos decoram frases, versos, fazem coros, récitas, teatros…
Algo de novo aconteceu e o padre John não aguenta. Estes são fantasmas que se prolongam por décadas. De algum modo, todos somos testemunhas, eu própria recordo uma adolescência e um início da idade adulta em que o comunismo era uma palavra maldita, como não seriam as pessoas que tinham essa ideologia e se empenhavam em transmiti-la? Excomungadas, obviamente. Ainda, hoje, não percebo nada. Mas, depois de sabermos o que se passou, nessa Europa de Leste, quando se derruba o muro de Berlim, vemos que nunca há o branco e o preto, mas nada justificava a paranóia e a maldade do padre John.
Franklin luta, com todas as suas forças, até os abusadores saírem de cena. (Sabe -se, no final do filme, que o padre Mac, o dos abusos sexuais, vai para os Estados Unidos, é-lhe dada uma paróquia e ainda vive; o padre John, o torturador implacável, é mandado para África e morre em 1969).  Decide, então, abandonar o colégio, mas não resiste à despedida, particularmente, à atitude de um dos jovens ao recitar-lhe poesias do livro que lhe dera. Franklin quebra. Não pode deixá-los já. Fica por mais cinco anos, alistando-se depois nas tropas aliadas. Morre, na frente de batalha, em 1944.
Para a sua luta é o fim, mas quantos começos não tinha já deixado atrás, junto dos jovens do colégio São Judas! Quantos começos não deixa, ainda, hoje, naqueles que vêem o filme e percebem a força de uma consciência! Nem tudo são entardeceres, mesmo nestes sombrios colégios. Viva o professor Franklin!

(publicado em 28/9/2012) 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Responsabilidade, justiça e direitos do outro homem, em Lévinas

 Divulgo um artigo meu sobre Lévinas, que saiu em agosto numa revista brasileira, 

RESPONSABILIDADE, JUSTIÇA E DIREITOS DO OUTRO ...

 



quinta-feira, 30 de setembro de 2021

João Rendeiro, um foragido à justiça

 João Rendeiro, um antigo banqueiro que se revelou um burlão, falsificador…, fugiu para o Belize para não cumprir, em Portugal, uma das penas (tem três para cumprir) já transitada em julgado, depois de todos os recursos possíveis.

Fugir, é uma cobardia. Os cobardes concentram em si os piores instintos – maldade, imoralidade, incapacidade de assumir erros…

Também os órgãos de justiça que não fizeram o suficiente para impedir a sua fuga, deviam explicar bem aos cidadãos o que é que se passou para isto acontecer?

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Os imigrantes haitianos, debaixo daquela ponte, no Texas

Chegaram aos milhares, atravessando o rio Grande na fronteira do México com os Estados Unidos, junto da cidade Del Rio, no estado do Texas. Uma vaga de migrantes clandestinos, na maioria haitianos, na maior precariedade que possamos imaginar: não têm literalmente nada.

É-lhes atribuído um número e têm de aguardar que as autoridades americanas os chamem para ser feito o registo e o longo inquérito sobre a possibilidade de abrigo ou a deportação. Milhares já regressaram ao Haiti, um país em ruínas.  

Entretanto, assistimos a atos cruéis que julgávamos uma coisa do passado; policias a cavalo, contra aquela multidão, pisando, agredindo indiscriminadamente. Isto é perversidade, um abuso. Era necessário isto, quando olhamos a fragilidade daquelas  pessoas? Claro, que não era.