A pandemia do COVID-19 pôs a nu as
fragilidades humanas, sociais e económicas do mundo atual, apesar da globalização e tudo o resto. Mostrou também a interdependência dos
países, a impor a todos, indivíduos, sociedades e instituições
nacionais e supranacionais, reavaliações, reajustamentos e concertações, aos
mais diferentes níveis.
Estamos literalmente no mesmo barco, com muitos a cair à água.
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sexta-feira, 10 de julho de 2020
sexta-feira, 3 de julho de 2020
A escravatura (5)
Há sempre
consciências que elevam a sua voz, em nome dos sem nome, contra todas as indignidades. Foi assim que surgiu o abolicionismo - movimento político contra a
escravatura que faz o seu caminho e se impõe em meados do século XIX.
A abolição da
escravatura em Portugal foi em 1761 e em todo o império português em 1854. Nos Estados Unidos
a escravatura termina em 1863, mas não terminou a segregação dos negros, como acontecimentos recentes mostram à evidência; negros continuam a ser mortos às mãos de polícias racistas.
.
terça-feira, 30 de junho de 2020
A escravatura (4)
Um dos destinos do tráfico negreiro foi o Brasil, primeiro os portugueses, na 2ª metade do século XVI e depois os holandeses. Levavam escravos das colónias africanas para as senzalas, onde viviam sem quaisquer direitos, com tortura física e psicológica,
acorrentados para evitar fugas.
As rotas de
escravos foi um negócio consentido, entre os reinos africanos e árabes e os
países europeus, em muitos destes países, durou até há bem pouco
tempo, a Mauritânia foi último país a abolir a escravatura, apenas, em 1981.
Mas a escravatura não ficou enterrada na história, continua nos nossos
dias, não tenhamos ilusões; continua depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos e tantos tratados e acordos internacionais .
sábado, 27 de junho de 2020
A escravatura (3)
Com os descobrimentos e particularmente com o
povoamento das Américas, a escravatura e o tráfico de pessoas toma uma dimensão
avassaladora e incomensurável que ainda hoje se sente. Quando visitamos
fortalezas, que foram outrora entrepostos de escravos, há um arrepio que nos
atravessa o corpo e nos comove até ao mais profundo de nós mesmos.
Como foi
possível que milhões de seres humanos tivessem sido
reduzidos à condição de escravos, arrancados às suas famílias, às suas terras e
embarcados, em condições sub-humanas, em navios negreiros, para irem para o
outro lado do mundo!
Cruzavam o Atlântico, em viagens
de desespero e morte, cerca de 40% não sobrevivia, para serem utilizados
como força de trabalho, nas plantações de café, nos engenhos de açúcar ou nas
explorações mineiras.
Etiquetas:
escravatura,
navios negreiros
terça-feira, 23 de junho de 2020
A escravatura (2)
Narrador:
Sofrem até ao limite das suas forças, no corpo e na alma, caem inconscientes,
irremediavelmente estropiados e muitas vezes mortos.
Feitor:
- "Era um escravo forte, bom para o trabalho.
Senhor:
- Tanto dinheiro que dei por ele"!
Feitor:
Calados! Ninguém fala!
Narrador:
O silêncio imposto aos que assistem não pode ser mais perturbador, ainda que os
olhos, rasos de água, denunciem a tristeza e a raiva que os consomem por
dentro.
Mas, nenhum
destes homens deixou de sentir ou de pensar, nenhum deixou de ser gente, e
alguns são fortes, muito fortes –
João -
Há alturas em que uma pessoa não pode mais continuar de cabeça baixa, vamos
reunir-nos, combinar, planear fuga. Lá fora, estão os quilombos.
Narrador:
- Lá fora, está a liberdade, sempre sonhada mas quase nunca possível, por perto
há sempre um capitão do mato, de arma ao ombro, pronta a disparar. Sabem que só
com ajuda sairão dali.
Quem poderá
ajudá-los? Talvez alguns negros já libertados, talvez algum abolicionista.
Esperam. Resistem.
A carta de alforria,
domingo, 21 de junho de 2020
A Escravatura (1)
Narrador:
Estamos no século XVIII, no Brasil, uma multidão de negros, debaixo de um sol
escaldante, vai a caminho da plantação de café.
Feitor:
- Em fila e de cabeça baixa, sem conversar, sem parar...
Escravos:
- Sim, senhor, sim, senhor. Está bem, senhor...
Narrador:
João é um escravo ainda jovem, sem família, nem documentos, nunca foi à escola.
Criado com outros, naquela senzala, sonha todos os dias com a liberdade.
Sonha com o dia em que poderá caminhar para lá dos muros daquela fazenda. Às vezes, revolta-se, contra o feitor.
João:
- Eu sou gente! Não me pode proibir de pensar, de ter desejos, de querer outra
vida!
Feitor:
- Você desobedeceu-me. Agora, vai para o tronco, chibata, espectáculo público,
para que todos vejam o que acontece a quem enfrenta o senhor ou as ordens do
feitor.
terça-feira, 16 de junho de 2020
As vidas dos negros contam, e muito
O racismo é a discriminação mais citada em todos os relatórios da ONU, a mais incidente e a que parece, apesar de leis, uma coisa e outra, a mais difícil de combater. Parece que estamos sempre no ano zero, com tudo por fazer. Não sei a dimensão que o movimento: « As vidas dos negros contam» vai tomar. Espero sinceramente que de uma vez por todas haja instituições justas, eficientes, capazes de respostas em que os negros assumam o protagonismo. É duro, estar sempre no campo dos deserdados.
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