Pesquisar neste blogue
quarta-feira, 22 de junho de 2016
sexta-feira, 17 de junho de 2016
Palmas para a deputada britânica morta há dois dias
Mataram uma deputada trabalhista, por ódio, simplesmente. Mataram-na a frio e com a crueldade de que são capazes todos os radicalismos, sejam religiosos, ideológicos, políticos... Matam, porque não aguentam quem os olha nos olhos e tem a coragem de agir. Ela agia, denunciava, propunha...
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Fundamentalismo islâmico: o inferno era ali (3)
Queria eu ter um ponto mínimo que
me permitisse compreender. Não encontrava, e isso era o mais terrível, o mais
doloroso. Tudo ruía dentro de mim. Tudo. A minha vida, as minhas crenças, o meu
passado, o meu presente e, pior, ainda, o meu futuro. Sairia alguma vez dali?
Não sabia. Mas, tal como todos os outros, imaginava essa possibilidade.
Precisava, para sobreviver, de acreditar que o pesadelo teria um fim.
- O povo, todo o povo, estará com
os Taliban? – interrogava-me, milhares e milhares de vezes. Não estava, mas não
havia possibilidades de rebelião, a opressão era tal e assumia tais formas que
era impossível, bastava uma fatha e tudo se desmoronava, aumentava a
violência, o medo, a desconfiança. Seria possível mudar? Seria possível uma
coisa diferente? Voltariam as mulheres a fazer parte da sociedade, a ter
direitos, a passear com os filhos? Voltariam a existir jardins, espaços de
convívio e de educação públicos, bibliotecas, escolas, torneios de futebol,
voltaríamos a ouvir música a sentir a emoção de assistir a um filme?
E os homens? Os homens, muitos
deles, são igualmente vítimas.
O uso da Burka é, em primeiro
lugar, uma questão religiosa, um preceito religioso, mas é igualmente uma
questão social. Mas apesar de tudo o mais violento e inaceitável era a
obrigação de usá-la,
Etiquetas:
fundamentalismo islâmico,
indignidade
terça-feira, 7 de junho de 2016
Fundamentalismo islâmico: o inferno era aí (2)
Se ficam viúvas ou são mães
solteiras, renegadas pelos parentes, ficam completamente desesperadas. O
abandono e a fragilidade são completos. Uma tragédia sem limites as devora por
dentro, as perturba, as leva ao limite da sua capacidade de sofrimento mental.
Psicologicamente afectadas, como podem continuar a pensar, a cuidar-se e a
tratar dos filhos? Infinitamente sós vagueiam, pedindo esmola, prostituindo-se,
sendo usadas e abusadas por homens que as tratam sem pingo de humanidade e as
condenam à valeta.
O pior é que o fazem em nome de
uma religião, dum fundamentalismo religioso, que não deixa qualquer espaço para
a denúncia, o confronto ou a fuga. Só alguns podem. Muitas vezes me
interrogava:
- Como podemos continuar caladas? Como podemos continuar passivas?
Como poderemos contar aos nossos filhos o que nos está a acontecer?
Mas a resposta às minhas
perguntas era óbvia. Como podíamos resistir de estômago e mãos vazias? Como
podíamos, sem nada, lutar contra homens alucinados, dependentes do cheiro a
pólvora, armados e sem outra linguagem que não fosse a da violência. Aqui a
vida não tem o mesmo sentido. Não pode ter, senão como explicar isso?
Etiquetas:
fundamentalismo islâmico,
guerra,
indignidade
segunda-feira, 6 de junho de 2016
Fundamentalismo islâmico: o inferno era ali (1)
(Quis escrever, mais uma vez, sobre os refugiados do estado islâmico, mas vieram-me à lembrança imagens de outros ou do mesmo inferno. Este fundamentalismo não começou hoje, vem de longe e de perto, vem de sempre).
Abrir a janela, sair à rua, eram
coisas impossíveis. A guerra, a contínua e destruidora guerra, levava os homens
para a guerrilha, deixando desamparadas muitas mulheres e crianças. Mulheres e
crianças muitas vezes vítimas e várias vezes fechadas. Restava-lhes sonhar que um dia
seria possível atravessar as altas montanhas, atingir o lado de lá da fronteira
e entrar no Paquistão, onde poderiam, pelo menos, ter a esperança de ver
diminuída a insegurança e o medo. Como se fosse possível, aí, aliviar o
inferno!
Mil vezes, perguntei a mim
própria como era possível ter chegado ali. Viver como se tudo tivesse ruído, a
sociedade recuado cem anos, todos os direitos perdidos, toda a dignidade em
causa e toda a capacidade de seguir vivendo normalmente aniquilada. Viver em subterrâneos, educar as
crianças clandestinamente, correr, a toda a hora, sérios riscos de vida, era o
dia a dia de milhões de pessoas. Fecharam as escolas, reduziram a vida e a
condição das mulheres a uma situação humilhante.
Há trinta anos, setenta por
cento dos professores eram mulheres. Trabalhavam, saíam de casa, havia uma
normalidade de vida, embora muito determinada pela cultura e as tradições. Isso
tinha deixado de existir.
Nada, agora, era normal. A
severidade e a demência dos taliban deitavam por terra qualquer tipo de
lógica, qualquer tipo de sentimento, como se os mais elementares traços de
humanidade que cada um de nós transporta não pudessem existir. Começamos por
nos esquecer de rir, de falar, de amar, de ser solidário, com a nossa sanidade
mental,continuamente posta à prova, numa luta diária, para não deixar de ser gente. Manter alguma dignidade e alguma decência exigiam a capacidade de continuar. Resistir era o mais importante.
Etiquetas:
fundamentalismo islâmico,
guerra,
indignidade
sábado, 14 de maio de 2016
Refugiados, continua o desespero
Os refugiados continuam a fugir, a arriscar a vida e a morrer. Pode lá haver pior coisa que este impasse que leva a que se multipliquem as tragédias, se adiem as soluções e se aumente a desesperança. Pode lá haver pior coisa que esta incapacidade da Europa e do resto do mundo de lidarem eficazmente com os refugiados.
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Identidade cultural
“Brasil é meu chão, minhas raízes, meu respirar…”
– diz o músico brasileiro, num encontro intercultural, depois de mais de vinte anos
a viver em Lisboa. “Todos os dias vou à minha casa, à minha cidade, à minha rua…”,
continuou.
Fico a pensar: que sentimento é este que mesmo separado por oceanos, montanhas e países, permanece intacto? Que sentimento
é este que leva o senhor a emocionar-se e a emocionar muitos naquela sala?
Se calhar todos sabemos do que se trata!
Etiquetas:
diferenças culturais,
multicultura
Subscrever:
Mensagens (Atom)