T A flor murchava cada vez mais. Estava
doente, há muito tempo, mas a doença tinha-se agravado, nas últimas semanas. O
que se passaria com a flor? Fora plantada e regada, tinha sol, cuidados, mas
não crescia como as outras flores suas vizinhas que tinham sido semeadas
naquele canteiro. Talvez seja por ter sido trazida de outra terra e plantada,
nasceu noutro lugar, num bonito vaso e aí era feliz, até ser arrancada com
força e trazida para aqui. Ainda não se adaptou ao lugar e sofre de fraqueza
até se habituar à terra. Precisa de mais atenção, de mais apoio, de mais
água…,para que a sua raiz se agarre à terra, como se fosse sua, como se aí
estivesse desde sempre, ai tivesse nascido, e sentisse que aquela terra lhe
pertencia, também.
Talvez a plantação não tivesse sido feita com o cuidado necessário, talvez a
raiz tivesse ficado muito à superfície e não pudesse alimentar-se como deve
ser, talvez não seja nada disto e nem ela saiba bem porque se sente assim. Estava doente, sabia-se, porque não crescia como as outras e murchava, até que
um dia começou a inclinar-se e a queixar-se de dores no corpo, queixava-se da
coluna, dos braços e dos pés, inclinando-se cada dia mais um pouco até
que parte da raiz ficou ao ar e começou a secar. Era o fim, se não a ajudassem a sobreviver.