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sábado, 27 de junho de 2015

A cabana do Pai Tomás, o livro

Pai Tomás era um homem invulgar. Escravo e negro percebeu desde cedo que a sua luta era, antes de mais, interior. Lutar para encontrar respostas para uma vida mais justa, sem raiva nem violência. Não usava armas, não dizia palavrões, não se revoltava de forma violenta, antes, levava consigo um compromisso de vida: ser amigo de todos, chegar a comover os mais poderosos apenas com o exemplo do seu trabalho e da sua vida.
Quando o dono da fazenda de algodão, em que trabalhava, era querido e respeitado por todos, o teve de vender, partiu de coração doído, mas sem chorar, sem se lastimar, sem deixar de pensar que a grandeza dos homens está naquilo que eles de facto são e não naquilo que os poderosos deste mundo fazem deles.
O patrão - um homem bom - tentou vendê-lo a alguém que o merecesse, mas não foi possível. No mercado de escravos, em que os homens são mercadoria, vale, como em todo o comércio, a lei da concorrência e ganha a partida quem dá mais. Vendido a um comerciante de escravos sem escrúpulos, foi embarcado num barco que o levaria a uma plantação distante e desconhecida.
“Voltaria a ver a família, a mulher e os filhos? Voltaria a sentir os cheiros e as paisagens em que nascera?” - pensava, retirado a um canto do barco, lendo a Bíblia - aparentemente, o único bem material que possuía, uma vez que não era dono nem do seu corpo, nem da sua vida.
Mas, era dono do seu pensamento e até dos seus sentimentos - procurava entender a coisas e amava as pessoas. Entender porque é que há escravos e senhores? Porque é que a liberdade dos escravos tem de ser comprada se eles nada têm ? Suprema ironia e desumanidade. 
(o livro de Harriet Beecher Stowe, foi publicado em 1852)





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