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quarta-feira, 12 de junho de 2013

A Praça Taksim, Istambul

Esta é já a praça símbolo de todos os protestos, dos que reivindicam a possibilidade e o direito de viver livremente de acordo com a sua consciência, sem os ditames da religião que não professam. O laicismo é generalizado, por que tem, então, a constituição de por em causa direitos individuais. As crenças dão chão, sustentam, equilibram…, de algum modo, somos aquilo em que acreditamos, mas em rigor têm de ser crenças que aceitamos ou escolhemos livremente.
A liberdade de agir, a liberdade de escolha, é de cada um, da sua autonomia, do seu ser eu, em definitivo. É por isso que todos estamos naquela praça, todos estamos pela decência e pela dignidade humana. Todos estamos em Istambul, Atenas, Lisboa, Paris…, onde faça falta. Nós e os outros, livres e iguais, seja onde for. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Manifestações por direitos individuais, Turquia

As manifestações na Turquia, como já antes noutros países, vieram por em evidência que o homem é um animal político, com um natural sentido de justiça e de vida cívica, por mais que os regimes se possam empenhar em coartar as liberdades individuais dos seus cidadãos.
Afinal, os jovens turcos não estão amorfos, há capacidade de indignação. Outra coisa é saber se há, e em que termos, capacidade de organização e de proposta política consistentes para mudar aquele estado de coisas. Reivindicar eleições para depois radicalizar mais ainda, não chega. A abertura começa pela educação, pelas universidades, pelo debate livre e responsável de novas ideias e projectos, onde a liberdade individual seja absolutamente respeitada, mesmo a daqueles que vêm o islão como o princípio e o fim de tudo.
Mas, não pode, também, a religião impor práticas que ponham em causa essa liberdade. A decisão de beber ou não álcool, de ter ou não ter filhos, de abraçar-se ou de beijar-se na rua,…, não é do estado, é dos indivíduos, dentro do respeito intransigente de uns pelos outros. A sociedade turca, culta e desenvolvida, compreende muito bem isto. A abertura acontecerá, estou em crer.



terça-feira, 21 de maio de 2013

Desenvolvimento, após 2015

O desenvolvimento é muito mais que o crescimento económico. Muito mais que a distribuição da riqueza de forma justa; o desenvolvimento é também, ou até antes de tudo, o desenvolvimento pessoal, as liberdades civis e politicas,  a educação, a dignidade;  um desenvolvimento ético que inclua o bem estar e a felicidade. 
Os objectivos do Milénio (ODM) tiveram, apesar das criticas, a vantagem de, pela primeira vez, se terem definido objectivos e metas quantificáveis a nível global, embora tenham existido falhas de monitorização, de análise de dados..., o que se fez foi muito. Reduziu-se a pobreza extrema, os que vivem com menos de 1.25 dólares por dia, o analfabetismo, as desigualdades, mas muito ainda há por fazer. O desenvolvimento é um projecto sempre em acção comandado pelos direitos humanos, a segurança e a paz. 


sábado, 11 de maio de 2013

Não choro a morte dos meus filhos, a droga

A sala de espera estava cheia, à nossa frente, duas senhoras conversavam sobre os netos, quando a senhora do meu lado direito me diz: “Também, com filhos assim, quem pode viver com eles? Acha estranho que eu diga isto - questiona-me? Sei que acha, muita gente não entende, mas já passei por coisas… Sei bem que, quando não se pode fazer mais nada, o melhor é deixá-los. Deixar os filhos, para não morrermos também”.
Prossegue, olhando-me: “Eu não conto a minha vida, se contasse! Não conto. Um filho morreu-me com trinta e cinco anos, na cadeia, mas ninguém o matou, foi ele que se matou, com comprimidos, davam-lhe muita medicação, tinha hepatite, sida… O outro morreu com uma overdose, com vinte seis anos, nunca trabalhou, em vez de injectar na veia, estava tão perdido, injectou-se fora da veia e morreu. Tenho muito para contar, mas não conto. Criticam-me por não ter chorado a morte dos meus filhos, não choro, sei que foi o melhor que aconteceu a mim e a eles”.
Sigo o que diz, com o olhar e expressões de circunstância: “é assim, a vida é assim, não se pode fazer nada… Não faço qualquer pergunta, mas ela continua: “O mais velho teve filhos, tenho netos…”. Penso: como estará esta mulher por dentro? Olhando-a, ninguém diria que uma tragédia (ou várias) a consomem, mesmo que repita mil vezes que não quer falar, que foi melhor assim.

E como estará, por dentro, a senhora do meu lado esquerdo? E a que está à minha frente? E a que está atrás de mim? Que sabemos uns dos outros? 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A questão do mal, ainda a propósito das jovens de Cleveland

Vivemos em sociedades organizadas, com leis e instituições a funcionar, mas sem saber bem como testemunhamos quase diariamente os maiores horrores - a maldade em estado puro, sem qualquer explicação possível. 
A liberdade individual que devia ser a coisa mais inviolável é todos os dias ameaçada e posta em causa. Com diferentes formas e graus, a violência pode ir  desde a mais subtil chantagem psicológica à mais explícita guerra  com armas de destruição massiva, nucleares, químicas…, a maldade aí está a lembrar-nos a face terrível  de alguns seres humanos. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

as jovens sequestradas de Cleveland

Dez anos sequestradas, até um dia é muito tempo. O que se passou, o que se viveu naquela casa, ninguém sabe. Só as jovens podem falar daquela maldade, com requintes de perversidade. Só as jovens podem falar do inferno que viveram, Para já, a nós, parece-nos quase impossível o que aconteceu, Mas não foi. Que sabemos nós de quem vive na casa ao lado?

sábado, 4 de maio de 2013

Mortes no Bangladesh, debaixo dos escombros

Quem é responsável pela morte de mais de trezentas pessoas, pelas vidas perdidas e pelas famílias destroçadas? Quem é responsável pela construção de oito andares num prédio que tinha apenas fundação para cinco? Quem é responsável pelas condições miseráveis em que trabalham os operários daquela cidade e de tantas cidades do mundo?
Não há responsáveis? Há, com certeza. Talvez muitas das marcas de luxo de todas as avenidas, de cidades europeias, americanas e outras, que exploram, lavando as mãos, como se nada fosse, a mão de obra de trabalhadores que não tem escolha, ou fazem aquilo ou caem na miséria mais absoluta. O direito a um trabalho é ainda uma miragem em demasiados sítios, por causa dos múltiplos interesses. Sempre os interesses de uns quantos a ditar lei.