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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Guantánamo, a prisão

Esta é uma prisão de alta segurança, por onde já passaram mais de 700 prisioneiros, vindos do Afeganistão e de outros pontos do globo. Obama prometeu, logo que chegou ao poder, fechá-la, pela falta de condições e pelos desvios e abusos aí cometidos. Mas continua aberta, tem cerca de 150 presos, a maioria sem acusação ou  julgamento. Os detidos de Guantánamo têm direito a conhecer de que são acusados e ter a um julgamento justo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Regresso a casa

Já o tinha visto várias vezes, a entrar na igreja, aos domingos, a descer o adro, a caminhar pela rua. Hoje, viu-o de perto, de muito perto, estava atrás e mim na fila única da estação dos Ctt. Está irreconhecível, como a vida foi madrasta para este rapaz, ou melhor, para este senhor, não andará longe dos sessenta anos. A vida maltratou-o até ao limite do suportável, perdeu tudo, casa nova que não chegou a terminar, família (tenho esperança de que não tenha perdido os filhos), trabalho, saúde…
Dizem-me: “não foi a vida, foi ele que se maltratou, perdeu-se por causa do vício”. Acredito que sim, acredito que se tenha perdido de todos e até de si mesmo, mas não há dúvida de que parece estar a reencontrar-se, neste regresso a casa, literal e simbolicamente, depois de décadas nessa França longínqua, mas, por aqui, sempre presente.
Para mim é um homem bom, vejo-o assim. Não tive coragem de lhe dizer nada, mas conheço-o, ele conhece-me. Da próxima vez que o vir vou cumprimentá-lo e se calhar ganho coragem e digo-lhe: “Como está? Vejo que está bem, mas se fizesse a barba, ficava mais novo, não acha? Ficava mais parecido com o jovem que conheci há mais de quarenta anos e com quem julgo ter dançado mais de uma vez”!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Chavez, comandante e presidente.

Hugo Chavez  é um autocrata, autoritário, quase ditador, obviamente que o que se vive na Venezuela não é uma ditadura simples, há eleições, partidos políticos, mas não há separação de poderes, nele está concentrado demasiado poder, politico, militar, económico..., mas  a almejado socialismo, a igualdade, estão longe, muito longe. A pobreza continua, a violencia não diminui, parece que Caracas é das cidades mais violentas do mundo, e a vida não  melhora para a maioria do povo.
Chavez está doente, mas continua firme,  a governar, a manobrar, a conspirar..., sabe que não chega querer, nem ter ideologias, nem proclamar boas intenções, é preciso mais. Até onde irá?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Homs, cidade síria

Nesta cidade, há repressão, tiros, violência, mortes, desde há muito. As tropas governamentais atacam sem piedade, quem ousa gritar pelo direito às liberdades básicas. Junto a uma carrinha queimada, num dos bairros desfavorecidos, um homem grita para o repórter: "Queimaram a carrinha de um homem pobre, com dez filhos, agora, já,  não pode governar a sua vida. Destruiram, casas, lojas, não há, sequer, uma padaria, sem pão morremos à fome". O homem grita, o repórter regista, passará nas televisões, pode ser que assim o mundo se dê conta do que se está a passar verdadeiramente na Síria.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Pensar, filosofar...

Diz-me a jovem com quem converso: "isso da filosofia, é muito difícil".  Querida jovem,  nem tanto. Se formos curiosos, reflexivos e críticos, todos podemos, de algum modo, ser filósofos, ou melhor, ter uma atitude filosófica. Mas, ainda assim, a filosofia é mais do que uma atitude, é mais do que um caminho, é também uma disciplina, uma área de conhecimento ou de interrogações, que faz sentido, hoje, como fazia antes e fará futuramente, aí estão as grandes questões, sem respostas definitivas, aí estão os temas de sempre e outros que o desenvolvimento humano coloca e colocará. Procurar um sentido, avançar no conhecimento é uma necessidade, se não me falha a memória, a  Metafísica Aristóteles começa "todas as pessoas desejam naturalmente saber",  é o humano em nós. Em ti, em mim, em todos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Dia Mundial dos Direitos Humanos, o desemprego

Fixo a fila de desempregados, junto a um centro de emprego. Quem são estas pessoas? Que necessidades, lutas e sonhos, estão por detrás de cada um destes rostos? Não sei, mas podemos adivinhar que, nalguns dos casos, há muito que se ultrapassaram todos os limites.
Sempre escrevo sobre pessoas, mas por respeito, por impossibilidade de expor sentimentos, emoções e vidas que não me pertencem, não as nomeio. Não as nomeio, porque falo de mágoas, tristezas, risos e alegrias que são de outros, embora, se pensarmos bem, sejam de todos nós, de todos os seres humanos, de aqui e de lá. Somos mais parecidos do que julgamos, ainda que, muitas vezes, nos embrenhemos apenas no que nos distingue. É uma desculpa para fechar portas.
Hoje, dia mundial dos direitos humanos, celebramos, mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer que há direitos negados, ignorados e restringidos, mesmo em sociedades como a nossa. Olho de novo a fila. Aumentou. Já não são dezenas, são milhares, milhões, na Europa e no mundo. O desemprego é um problema grave de direitos humanos, porque o direito ao trabalho é, ao limite, o direito à auto-estima e à dignidade humana, algo fundamental, portanto.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tropa de elite, o filme

Todo o filme é perturbador. Tem um dramatismo e uma intensidade tais que, durante o mesmo, quase não conseguimos pensar. Tudo se mistura: traficantes, consumidores, pessoal da Ong - uns altruístas, outros que trabalham aí apenas para poderem ter acesso mais fácil à droga, tornando-se traficantes eles próprios – pessoas que sobem e descem, policias corruptos, polícias sérios, os que não entendem o sistema, os que querem mudá-lo..., um quotidiano policial que, no caso da tropa de elite, encarregue de fazer a segurança do Papa,  em 1997,  é demasiado perigosa.
Como sempre, são os sentimentos a fazer as grandes histórias – o protagonista, o capitão Nascimento, comandante daquela patrulha – não resiste ao pedido da mulher que lhe entra na esquadra e pede: “Quando posso enterrar o meu filho?” “Não matámos o seu filho”. O filho tinha sido morto a mando de Baiano, o comandante dos traficantes, por ter quebrado alguma das regras, sabe-se bem como estes sujeitos são implacáveis. Tem de encontrar aquele jovem, para que a mãe o possa enterrar. Sobe a favela com outros policiais, percorre becos, interroga, tortura mesmo, de forma pouco ortodoxa, outros rapazes na intenção de o encontrar. 
Assistimos à sua desorganização mental, às consultas de psiquiatria, aos comprimidos, à violência continuada, ao subir e descer constante, à família que fica para trás, não se está quando a mulher faz a primeira ecografia, não se está quando nasce o filho. Não se pode estar, simplesmente. Maldita vida, tem que sair da policia, quer sair. Não aguenta mais, mas não pode deixar a patrulha sem comando, inicia um curso, tem de deixar alguém a siubstitui-lo, treina um grupo de homens de onde sairá o chefe da BOPE,  E saiu,  Neto,  um policial incorruptível, que é morto as ordens de Baiano.  Mais uma vez os sentimentos, o capitão Nascimento não sairá sem que Baiano seja capturado e morto; é então quando Matias, amigo de infância de Neto,  toma o comando, por impossibilidade de dizer não. Ficamos com a certeza de que ficou bem entregue, mas atormenta-nos a ideia de que continuarão os tiros, as mortes e tudo o mais, pois, por mais eficiente que seja a repressão, ela nunca dá as respostas desejadas.