Passados mais de quarenta anos, voltou a Maxixe (Moçambique). Fala com
alguém:
- Vivi nessa casa, até aos 19 anos. Era a minha casa. Sabe de quem é agora?
- Desde a independência, este é terceiro dono. Primeiro, foi dada a gente
de fora, que veio do norte, depois, comprada e voltada a vender a outras
pessoas. Mas, se a quiser ver, talvez possa?
- Não sei se quero…. Vou sentar-me, no muro do pátio, a olhar as acácias, a
ver se ganho coragem para bater à porta e dizer ao atual dono, sem mágoa: esta
casa faz parte de mim, da minha família, muitos a recordam, ainda.
Não teve
coragem. Despede-se da senhora, entra no carro, rumo a Maputo e ao hotel. Sente
um certo alívio, por não ter quebrado o encanto da casa que guarda na memória: gente a entrar e a sair (os irmãos, os primos, os tios, os amigos…), os
móveis, os quadros, a mesa grande na sala…Maxixe (Foto in Facebook: Moçambique a Pérola do Índico). 2/12/2021)