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sábado, 16 de maio de 2020

O pai que matou a filha…


Pode um ser humano portar-se daquela maneira? Pode um ser humano bater na filha até à morte, torturando, não pedindo auxílio, escondendo o corpo, no meio do eucaliptal…e continuar como se de um simples desaparecimento se tratasse?

Pode e aconteceu.

A humanidade não é, em nós, uma qualidade, natural ou adquirida, é uma escolha permanente, entre ser uma besta ou um humano; a humanidade é uma decisão pelo bem, esse, sim, uma noção inata, não há ninguém que não saiba o que é o bem, o ponto é saber por que escolhe o mal.

Claro que virão desculpas de desequilíbrio mental, alucinação, psicose…, o que seja. Mas é preciso que exames médicos o comprovem.



quarta-feira, 13 de maio de 2020

Os ciganos - defender a integração


O André Ventura, deputado eleito pelo Chega, que já anunciou a candidatura a presidente da República, defendeu o confinamento dos ciganos a propósito da COVID-19, como se fossem a fonte de toda a infeção.

Sou absolutamente contra, é preciso tratar os ciganos como se tratam todos os cidadãos portugueses, há leis e deveres que todos temos de cumprir. 

Em vez de marginalização é preciso que os 37 mil ciganos que há em Portugal tenham condições de vida, habitação, trabalho, saúde…, mas não podem as próprias comunidades deixar de fazer a sua parte – mandar os filhos à escola, cumprir obrigações e horários, perceber que há um espaço público que os obriga ao cumprimento de regras…

domingo, 26 de abril de 2020

Grândola vila morena...

Ontem e  hoje já me emocionei com esta canção do Zeca Afonso,  cantada por tanta gente. É um hino, uma celebração, uma consciência, um caminho...

A primeira vez que ouvi falar de Zeca Afonso, foi, em 1972 ou 1973, já não lembro bem, quando um jovem  da Guarda, estudante  universitário, em Coimbra,  num gira-discos, pequeno, a pilhas, mostrou,  às escondidas,  a um grupo pequeno de pessoas, um disco dele. Foi algo muito marcante para mim, completamente ignorante sobre a situação política que se vivia, então.
 Deixo a música.

https://www.youtube.com/watch?v=gaLWqy4e7ls

sábado, 25 de abril de 2020

Viva o 25 de Abril!

Sou a favor das comemorações do 25 de abril, mas este ano, com convidados nas galerias (não é por acaso que muitos declinaram o convite), não faz para mim qualquer sentido.

Quando o mal-estar é geral, quando o estado de emergência nos obriga a tantas restrições, quando tantas famílias enterram os seus mortos, na mais completa solidão, como se pode achar que tudo está igual, no que toca a esta comemoração?

Mais ainda, quando se tem feito quase tudo à distância, por que razão não se fez também esta sessão solene do 25 de abril?

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Até ao dia 25 de abril de 1974

Vivia-se, assim, na ditadura:

AUSÊNCIA DE LIBERDADES E DIREITOS – não havia liberdades individuais, nem direitos económicos e sociais.

A PIDE – a polícia política, que sustentava o regime, reprimia, prendia, torturava…

AS PRISÕES e O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO do Tarrafal, em Cabo verde.

A TORTURA – os espancamentos, a tortura psicológica, a estátua (em pé, sem mexer), o sono (sem dormir), o isolamento, a frigideira (espaço tipo caixa, de 3 por 5 metros, onde a sensação era de asfixia), os  choques elétricos…

A CENSURA PRÉVIA - livros, jornais, revistas, espetáculos…tinham de ter a aprovação do regime.

A UNIÃO NACIONAL – o partido único que se encarregava da “instrução cívica”, da propaganda 
do regime, da “falsificação” de eleições, da escolha política dos funcionários públicos…

A GUERRA COLONIAL – fomos o último país a descolonizar. Continuávamos a enviar tropas para Angola, Moçambique, Guiné…

terça-feira, 21 de abril de 2020

Gandhi, o filme (4)

Mesmo depois do estado indiano, os tumultos entre as comunidades religiosas continuam, há lutas, separações, deslocados, miséria humana...Gandhi vai a Calcutá, hospeda-se na casa de um muçulmano, jejua até que terminem os tumultos, diz às autoridades indianas: “Não posso assistir à destruição da Índia”. 

Pede que nenhuma espada hindu se lance contra um muçulmano; está quase a morrer, quando lhe dizem que os tumultos terminaram, em todo o lado. Resiste. Toma água com limão, levanta-se, volta ao caminho. Foi assim ao longo da sua vida, prisões, jejuns, orações, atitudes...

Quem foi Gandhi para os indianos? Quem foi Gandhi para o mundo? Não chega dizer que foi uma Alma Grande (Mahatma), não chega dizer o que fez e pelo que lutou. Há um para lá de Gandhi de que não podemos falar (de que não sabemos falar) e que é, ainda hoje, um sentido.

(voltarei a Gandhi)

sábado, 18 de abril de 2020

Gandhi, o filme (3)


A cena em que queimam a roupa e tomam a atitude de voltar ao velho tear é bem significativa do que pode acontecer à economia britânica. É o primeiro a fazê-lo, a imagem parece irreal, quase do princípio dos séculos, mas o que importa são as consequências. O mesmo com o sal, deixar de comprar o sal, vendido pelos britânicos, e começar a fabricar o próprio sal.

Mas, nem todos os que o seguem, pensam o mesmo. Há os que entendem que é preciso agir pela força, que a não-violência, a não-cooperação, não leva a lado nenhum. Gandhi entende que não se trata de uma resistência passiva, e tem razão; desgastou de tal modo o poder britânico que, em agosto de 1947, se organizou, em Londres, uma conferência sobre a independência da Índia. 

Gandhi está presente, defende a ideia de uma Índia unida, entre muçulmanos, hindus, judeus, siques, cristãos …; uma Índia de todos, a mesma ideia de comunidade, de ashram, onde todos fossem e se sentissem iguais. Mas, a dimensão da Índia é incomparável à comunidade que fundou na África do Sul, não param as lutas entre os indianos e, quando se dá a transferência do poder, a ideia de uma Índia unida, é já impossível. O Paquistão separa-se. A Índia para os hindus e o Paquistão para os muçulmanos; afinal, o argumento religioso, usado pelos britânicos, estava presente e era determinante.