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sábado, 16 de maio de 2020

O pai que matou a filha…


Pode um ser humano portar-se daquela maneira? Pode um ser humano bater na filha até à morte, torturando, não pedindo auxílio, escondendo o corpo, no meio do eucaliptal…e continuar como se de um simples desaparecimento se tratasse?

Pode e aconteceu.

A humanidade não é, em nós, uma qualidade, natural ou adquirida, é uma escolha permanente, entre ser uma besta ou um humano; a humanidade é uma decisão pelo bem, esse, sim, uma noção inata, não há ninguém que não saiba o que é o bem, o ponto é saber por que escolhe o mal.

Claro que virão desculpas de desequilíbrio mental, alucinação, psicose…, o que seja. Mas é preciso que exames médicos o comprovem.



domingo, 12 de janeiro de 2020

O que significa ser humano, na reflexão filosófica


A reflexão filosófica não se afasta muito disto. Ricoeur, por exemplo, diz-nos que, no homem, “… o que é fundamentalmente estimável em si mesmo são duas coisas: primeiro, a capacidade de escolher por razões, de preferir isto a aquilo, a capacidade de agir intencionalmente; segundo, a capacidade de introduzir mudanças no decurso das coisas, de começar qualquer coisa no mundo, a capacidade de iniciativa”[1].
Somos uma razão e uma vontade capaz de produzir acções. Nesta medida, somos também um fim em nós mesmos, projectamos e construímos o nosso viver, sem precisar de donos que arbitrariamente nos possam utilizar para este ou aquele fim particular. Esta questão é decisiva, quando se fala de direitos humanos, pois todos sabemos como ao longo dos séculos (e hoje mesmo) milhões de seres humanos, foram (são) mal tratados, humilhados e espezinhados, sem verem reconhecido o seu direito a ser livres, o seu direito a escolher e a decidir o próprio destino.



[1] Cf. P. RICOEUR, Soi même comme un autre, p.203.

Ser Humano, significa o quê?

A Declaração Universal é o texto fundador 

Comecemos pela fundamentação ética. A própria expressão “direitos humanos” encerra em si a ideia de humanidade, porque não se trata dos direitos dum indivíduo, grupo ou povo em concreto - na perspectiva do sujeito particular, individual - trata-se dos direitos do sujeito universal, de todos grupos e povos em geral. É esta a perspectiva da Declaração Universal dos Direitos Humanos[1] (1948), bem como de todos os textos anteriores e posteriores.
O que entendemos então por humanidade? Ao nível do senso comum, se perguntássemos a alguém: - Quem somos? Todos responderiam: - Somos seres humanos. Pertencer à espécie humana é o que nos identifica, independentemente do sexo, raça, etnia, cultura, crença, etc. Se continuássemos a questionar, todos chegariam a dizer que ser humano significa pensar, falar, escolher, decidir e agir – tudo um conjunto de características que identificamos com o ser pessoa, com aquilo que é comum a todos os homens. É, portanto, a própria ideia de humanidade que define a nossa identidade racional. 


[1] A partir de agora usarei a sigla DUDH.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O humano em nós


Ao nível do senso comum, se perguntássemos a alguém: 
- Quem somos? 
Todos responderiam: 
- Somos seres humanos. 
Assim, pertencer ao género humano é o que nos identifica, independentemente de raças, etnias, culturas, crenças e etc. 
Se continuássemos a questionar, todos chegariam a dizer que ser humano significa pensar, falar, escolher, decidir e agir – tudo um conjunto de características que identificamos com o ser pessoa, com aquilo que é comum à humanidade.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A dignidade humana, uma espécie de tesouro interior

O que é a dignidade de uma pessoa, vocês sabem? De um modo muito simples, podia dizer-vos que é aquilo que de mais precioso cada um de nós tem, uma espécie de tesouro interior que se manifesta na nossa vida e nas nossas acções, quando agimos de acordo com os nossos valores e as nossas crenças, ou seja, aquilo em que acreditamos profundamente.
Como todos os tesouros, tem um valor incalculável, por isso, deve ser estimado pela própria pessoa e pelos outros. Nesse tesouro, guardam a vossa liberdade, a vossa capacidade de projetar coisas, de ter iniciativas, de realizar projectos.... - e também aqueles valores em que acreditam convictamente que são os da vossa família, da vossa cultura, da vossa religião....; valores que marcam a vossa vida e de algum modo determinam o modo como querem viver e ser considerados pelos outros. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Como recuperamos sentidos?

Um dos males que Taylor aponta às sociedades modernas é a perda de significados. Na verdade, temos vindo a perder as referências, antes, estáveis (família, estado, igreja...), que nos permitiam pensar e viver de forma coerente e sem grandes ruturas. Cada vez menos procuramos abrigo em transcendentes, heróis e mitos que antes criavam sentido e davam segurança. Fomos perdendo valores e construindo ilhas, muitas vezes apenas virtuais, mesmo que vivamos vinte e quatro horas ligados a computadores e a telemóveis de última geração. Paradoxalmente, o acesso a tudo em tempo real cria excessos e ruídos que muitas vezes mais não são do que incomunicação. Ora nada mais desumano. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

somos habitantes de relações e de mundos

A relação do ser humano com a vida é sempre de “morada”, de sentir-se em casa, familiarizado, confortável…
É por isso que criamos sentidos, através da ciência, da técnica, da economia, da política, da religião... As pessoas inovam, imaginam, inventam, constroem, reconstroem, projectam, fazem.  Constroem culturas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tumultos na Síria

Há no ar como que uma espécie de inevitabilidade: quem será a seguir? Se alguém pudesse explicar, com a profundidade que a situação exige, o que se está a passar no mundo árabe, era uma preciosa ajuda.  O que se passa é mais que política, economia, petróleo...,  é da ordem do essencial, do ser pessoa, que, apesar de décadas e décadas de estado de emergência, de estado de sítio, de  estados policiais e militarizados, de ditaduras e ditadores..., diz basta.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ser para o outro

Olhamos à volta no mundo conturbado dos nossos dias e muitas categorias e valores que, antes, julgávamos, para sempre, adquiridos começam a desmoronar. Passámos tempo demasiado, tudo submetendo à política e, ultimamente, submetendo toda a política à economia. Caímos nisto: uma recessão presente, e talvez futura, que põe em causa muitos direitos humanos. Precisamos, para não ir ao fundo, de uma nova radicalidade para o viver com os outros, capaz de criar fraternidade,justiça, sustentabilidade...
Apetece convocar Lévinas e a ética da responsabilidade por outrem. O ser humano antes de ser uma liberdade e uma razão, é uma responsabilidade. É a responsabilidade por outrem o que nos constitui como indivíduos únicos, insubstituíveis e nos realiza humanamente. São as respostas aos apelos e às solicitações do outro, o que verdadeiramente nos incumbe. Há aqui uma radicalidade fácil de perceber, mas difícil de levar à prática, sabe-mo-lo. .

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Deve ser boa pessoa (2)

Não me enganei. Ao meio da tarde, recebi uma chamada sua a dizer-me que já tinha conseguido, iriam disponibilizar material escolar para o Internato das meninas de Inhambane. O que se abre no encontro com as pessoas é sempre uma surpresa, um mundo de possibilidades.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Deve ser boa pessoa

Acabo de falar com uma pessoa, responsável por uma loja de uma grande cadeia de distribuição, sobre a possibilidade de poderem doar algum material escolar para um orfanato em Inhambane- Moçambique.
Atendeu-me com uma disponibilidade invulgar, incomodada por ser tão em cima da hora, quando o normal, nestes casos, são pedidos com um mês de antecedência. "Mesmo assim vou ver o que posso fazer, espere aí, que vou lá dentro contactar pelo telefone uma colega que trata disso a nível central". Quando veio, com papel e caneta na mão disse-me: "não consegui falar com ela, ainda, está ocupada, mas deixe-me o seu contacto que eu vou ver o que posso fazer".
Muito obrigada - digo-lhe. "Não sei o que posso fazer, não prometo nada, mas gostava muito de ajudar". E, ao mesmo tempo que dizia isto, emocionou-se. E eu fiquei igual, quase sem articular palavra. Ganhei a manhã.

domingo, 24 de outubro de 2010

Lá longe, em África

Não sei que fascínio África exerce sobre mim, mas exerce, por mais que isto seja um lugar comum. O que mais me fascina são decididamente as pessoas, aliás, nos primeiros tempos, nos primeiros contactos, quase não vejo as paisagens, quase não vejo os contextos. E, se posso, deixo-me conduzir pelo que vem dos rostos, pelas paisagens interiores daqueles seres humanos. Estarei em Moçambique todo o mês de Novembro e talvez escreva textos sobre o que aí acontecer, aqui ou num novo blog.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Debaixo do chão

Os mineiros soterrados no Chile cumprem uma rotina de sobrevivência. O mínimo, para manter a sanidade possível. Quando há medo, desesperação, presente e futuro incertos, toda a liberdade e toda a resistência humanas parecem sucumbir ou diluir-se. Podem vir à tona, sentimentos menos dignos e inevitáveis conflitos. Ter consciência de que é assim, pode ajudar a evitar esses momentos, indesejáveis, obviamente, mas possíveis.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Difícil despedida

Dois sujeitos, encostados a um muro alto, abraçados, choram, comovidamente. É noite. Parece que tinha acontecido uma despedida pouco tempo antes. Por que choram? Que sentimentos ou ilusões cairam por terra? Que expectativas e promessas ficarão por cumprir? Talvez esteja tudo cumprido, e se trate apenas de dois seres humanos unidos por um fortíssimo laço de amizade ou seja que sentimento for. Não sei, mas o momento a que assistimos é verdadeiro, não há máscaras, não há teatro. Ainda que a cena que corre mundo seja teatral e intensa.
Quando se separam, um continua imóvel e o outro, com aspecto transtornado, desce a rua e entra num carro. Dizem que se chama Mourinho, treinador de futebol, implacável, frio, calculista, racional ..... Mas, então, não é ele, ou será? Somos tanta coisa ao mesmo tempo, por que não pode Mourinho desmoronar, chorar, ser sensível, imprevisível ... Pode, claro.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Haiti, o melhor e o pior do humano

Após a catrástrofe, os que chegaram, vindos de muitos países do mundo, para ajudar os haitianos, fizeram-no de forma des-interessada, voluntária, fraterna. Dão-se, respondem, actuam, com total disponibilidade, com total humanidade. Ser humano é isto, é chegar e dizer: “eis-me aqui”, pronto a socorrer, a tratar, a construir um abrigo, a ouvir, a sorrir, a cuidar, sem esperar nada em troca. É bom ver do que somos capazes. (Embora saibamos que, passada a fase da emergência, entrarão em acção a economia e a política - aliás, os franceses e Chávez já começaram a falar dos americanos - e com elas um sem número de interesses).
Mas vemos, também, o não-humano, as pilhagens e a violência organizada tomando, impunemente, conta de algumas ruas e bairros. Aquela imagem de um jovem que numa das mãos leva uma cerveja e na outra uma pistola, é um mau presságio. Percebe-se bem porque é que a segurança é uma coisa tão séria, fundamental.