Ontem, 8 de março, foi o dia Internacional da mulher, na luta cívica de todos por direitos iguais. Nas sociedades modernas, democráticas..., a luta é já mais por atitudes e ações concretas do que por direitos; mas há sociedades, lembro as islâmicas mas há mais, onde a luta é ainda ao nível dos mais elementares direitos.
Pesquisar neste blogue
segunda-feira, 9 de março de 2020
domingo, 1 de março de 2020
O discurso da extrema-direita
O atentado da semana passada, na
Alemanha, levado a cabo, por um radical da extrema direita, num bar frequentado
maioritariamente por turcos, com um discurso e um manifesto racista no
computador, matou seis pessoas.
Neste clima de intolerância, ódio
e xenofobia, começamos a achar normal o que acontece, aceitamos a desculpa de
se tratar de um doente mental e já não reagimos com a força necessária.
Deixamos passar discursos contra as minorias, os ciganos, os turcos, os gregos…
porque não são e não vivem, neste caso, como os alemães entendem que devem
viver.
Um dia qualquer, esta ideologia
que já chegou à política e aos parlamentos europeus mostra do que é capaz. Não
aprendemos nada com o nazismo e todos os totalitarismos.
domingo, 23 de fevereiro de 2020
O racismo no futebol e no mais…
Sucessivos relatórios da ONU
mostram que o racismo é a discriminação com maior incidência. É tão comum, que
se banalizou e não parece incomodar-nos muito, a não ser que tome proporções
públicas e mediáticas, como no caso de Marega, o jogador do futebol clube do
Porto.
Se Marega, não tivesse abandonado
o campo, nada de substantivo, em relação ao racismo no desporto, teria
acontecido. Era mais uma tarde ou noite de atitudes e manifestações racistas,
contra profissionais de futebol. Mas, Marega saiu, porque não aguentou mais.
Eu percebo, porque há um ponto,
em que o individuo perde, de tal modo, a sua autonomia, a sua capacidade de
fazer seja o que for, que a sua dignidade é atingida, ao ponto da humilhação.
Humilhar, pisar em alguém, é o pior que há.
A humilhação é a desumanidade em
último grau. Marega, não se deixou humilhar, até ao limite da impossibilidade
de reação. Ainda bem que saiu. Os outros companheiros de equipa e respetivos
dirigentes deviam ter feito o mesmo. Mas há lá valor mais importante que os
três pontos no final do jogo!
Etiquetas:
racismo,
violência no desporto
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
A diretiva da Procuradora-Geral da República
A separação de poderes (legislativo,
executivo e judicial) devia ser inviolável, nas democracias, mas parece que não
é o que acontece.
A atual Procuradora-Geral da República,
com a célebre diretiva que obriga os procuradores a cumprir o que o superior
hierárquico determinar, sem que isso fique registado no processo, criou um
inevitável mal-estar.
A novidade aqui é o não ficar
registado. Por exemplo, no processo de Tancos, quando os procuradores quiseram
ouvir o Primeiro-ministro e o Presidente da República e não o puderam fazer, por
ordem superior, deixaram isso escrito no processo. A partir de agora, não o podem
fazer, se a diretiva, entretanto suspensa, vingar.
Os políticos fazem as leis, mas não
podem aplicar a justiça; aquilo a que estão obrigados é a criar as condições
necessárias, para uma justiça que trate todos por igual. Se o poder político
não dá meios, se não se investiga, e não pode haver nem arguidos nem condenados.
Desde 1994 que existe uma lei
anticorrupção, em Portugal, mas de pouco valeu. Houve um Procurador-Geral,
Pinto Monteiro, que se esqueceu que a lei existia. Só com Joana Marques Vidal se
viu que os poderosos não estavam acima da lei; a atual procuradora parece retroceder
nesta tarefa contra os corruptos, com diretivas deste género que diminuem a
autonomia dos procuradores e tornam tudo mais opaco.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
O rapaz tatuado
Reparei que o rapaz, sentado a meu lado, no metro, tinha o
continente africano e a ilha de Madagáscar (vejam o pormenor) tatuadas no
pescoço, atrás da orelha direita.
Por que é que um jovem de origem africana, muito menos de
vinte anos, de terceira ou quarta geração, faz uma tatuagem destas? Não é nostalgia,
dificilmente alguma vez terá estado lá; também não parece rebeldia, mas é
afirmação de algo…
Fazem-no por um sentimento de pertença a uma cultura, a um
povo, a uma identidade…, de que precisam, mesmo que isso pareça estranho para
os de fora. Aquela tatuagem não pode deixar de ter, para ele, um sentido.
André Ventura – um extremista de serviço
Na sequência de uma proposta do partido
LIVRE, apresentada pela deputada Joacine Katar Moreira, no parlamento, para que
as obras de arte, trazidas das ex-colónias para Portugal, regressem aos países
de origem, André Ventura escreveu, numa rede social, que a deputada é que devia
ser deportada para o seu país de origem.
Por mais argumentos contra a proposta
do LIVRE que possam ser exibidos, não se podem tolerar declarações racistas e
xenófobas, como esta. A deputada é uma cidadã portuguesa, com todos os direitos
e deveres de cidadania.
É um facto que a extrema direita
é racista; é um facto que o André Ventura quer palco, já aconteceu o mesmo, em
relação aos ciganos; mas é meu entendimento que não se pode deixar passar. Precisamos
denunciar e condenar. Viver em democracia, exige respeito a todos, pensem ou
não como nós.
sábado, 25 de janeiro de 2020
Treblinka – o filme de Sérgio Tréfaut
(A propósito do Dia Internacional
em Memória das Vítimas do Holocausto – 27 de janeiro)
Treblinka é um filme/documentário, realizado a partir do livro: “Sou o último
judeu”, de um sobrevivente, deste campo de extermínio nazi, na Polónia,
onde foram mortos mais de novecentos mil judeus.
O que mais impressiona, é a rotina deste homem e de todos os
que, por terem alguma profissão ou competência que servisse os nazis, eram
poupados e passavam a colaborar na morte dos seus «irmãos» judeus.
Chegou ao campo com a irmã que morreu nesse mesmo dia. Quando
os SS perguntam: «Há aí cabeleireiros»? Ele responde, por instinto de
sobrevivência: «Eu sou cabeleireiro». Dão-lhe uma tesoura e assim começa a sua
colaboração naquele extermínio.
A cada chegada de mais um comboio, transportando judeus de
toda a Europa, os que tinham a incumbência de cortar o cabelo, corriam a executar
esse trabalho. Seguiam-se os que faziam a triagem da roupa, dos objetos de
valor (relógios, anéis, fios, brincos…) - tudo, os SS levavam.
A descrição mais pungente é a do rosto dos cadáveres, em pilhas,
depois de saírem das câmaras de gás, e de como a fisionomia da morte era variável,
conforme tinham sido gaseados. Os das câmaras maiores saem deformados, negros,
esverdeados…
Tudo continua, chegada, após chegada, de mais um comboio, como
se uma invisibilidade viral atacasse todos (parece que ninguém via nada) e tornasse
tudo menos doloroso; como se o ver, todos os dias, o mesmo horror, os deixasse insensíveis.
Para alguns, sobreviver é o único pensamento, para outros desistir é o único
pensamento; cada manhã, mais um, outro e outro, aparecem estrangulados nos
barracões onde dormem.
O horror de Treblinka desumanizou, para lá de todos os limites.
Que pensamentos e sentimentos, que realidades e fantasmas, que deuses e homens,
povoavam as mentes dos que morriam, dos que matavam, dos que sobreviviam…? O
horror paralisa. À impossibilidade de ver, junta-se a impossibilidade de
pensar. Todos são autómatos. É tão incompreensível, isto!
Etiquetas:
campos de concentração,
filmes,
holocausto,
Treblinka
Subscrever:
Mensagens (Atom)