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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Camané: o dom da voz
Ontem fui ouvir Camané ao teatro São Luís, e valeu a pena. Cantou sobretudo temas do último disco, sobre as coisas do amor, do desamor, da dor e da raiva, como disse. Cantou poetas e outros autores. Mas o que toca verdadeiramente é a sua voz, há alturas que parece tocar o sublime, algo que sou incapaz de descrever; algo que me toca, me envolve e me emociona. Ninguem canta como Camané.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Difícil diálogo
Se eu pudesse acabava com as grandes construções teóricas que têm servido para falar das pessoas e das suas vidas, sem tocarem verdadeiramente no essencial. Passava a falar de ti, de mim, de nós, aqui, agora, num contexto marcado por condicionalismos que nenhuma teoria pode explicar, por serem algo de novo, de diferente, de renovado, como corresponde à existência do humano.
Se calhar, acabava também com alguns adjectivos – espertos, inteligentes, maravilhosos, delinquentes, racistas... – e até com frases que de tão banalizadas se tornaram vazias - todos diferentes, todos iguais ... – e procurava, apenas, histórias verdadeiras, contadas de forma simples, a ver se, de uma vez por todas, nos podemos entender.
Se calhar, acabava também com alguns adjectivos – espertos, inteligentes, maravilhosos, delinquentes, racistas... – e até com frases que de tão banalizadas se tornaram vazias - todos diferentes, todos iguais ... – e procurava, apenas, histórias verdadeiras, contadas de forma simples, a ver se, de uma vez por todas, nos podemos entender.
Mortos e feridos, no Cairo
O mundo assiste estupefacto. Por momentos, acreditámos que aquele movimento podia conduzir o povo a uma revolução pacífica, envolvente, sem exclusões, tiros e mortes. Mas não aconteceu. Mubarak que não sai, um grupo pró, instruído ou não pelo regime, irrompe na praça e agride, confronta, assusta... Nada é já previsível. Tristes ditadores!
domingo, 30 de janeiro de 2011
Egipto: quando tudo treme...
Às vezes apetece acabar com todos os "ismos", capitalismo, socialismo, islamismo... , e pegar num lanterna à procura de homens bons que não se deixem corromper pelo poder e possam servir o seu povo, honesta e democraticamente, sem fingimentos, sem maquilhagem.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Sou o Paulo, sou um artista
Encontrei-o, ao final da manhã, na marginal de Maputo, junto ao cais onde se apanha o barco para Catembe. Segurava, numa das mãos, um conjunto de telas e tentava vender-me uma (ou as que pudesse, claro está). Diz-me: "Olá, senhora, veja as minhas pinturas, sou eu que pinto, sou um artista"!
"Sim, mas agora não tenho tempo, não quero comprar, não quero". E continuo, apressando o passo.
"Fico à sua espera, quero mostrar-lhe o meu trabalho" - diz-me.
E ficou. Primeiro, era só para que eu visse as telas, mas depois usou todos os argumentos e mais um, insistindo sempre, mas sem ser, em nenhum momento, desrespeitoso ou incomodativo, pelo contrário, havia nos olhos de Paulo uma bondade que me chegava, e depois era encantador a forma como falava da sua vida e da sua sensibilidade de artista. Estava convencida que era um artista, na assinatura lá estavam as iniciais do seu nome. Escolhi uma das telas, e comprei-a. "Vou fazer um quadro e, quando o olhar, pensarei: onde estará o Paulo, o jovem artista moçambicano que, num dia de Novembro de 2010, encontrei na marginal de Maputo? Talvez seja agora um artista famoso, espero que sim" - digo-lhe.
No dia seguinte quebrou-se a magia, enquanto passeava pela baixa encontrei muitos “Paulos”, jovens (todos artistas) que vendem telas iguais, usando exactamente as mesmas estratégias. Achei graça, é óbvio que para mim tanto importava. Aliás, se voltar a encontrar o Paulo, tratá-lo-ei por artista, vou falar-lhe de tintas e pincéis, sentimentos e paisagens, como no dia do nosso primeiro encontro. Ele pode não ser artista, mas carrega uma alma de artista.
"Sim, mas agora não tenho tempo, não quero comprar, não quero". E continuo, apressando o passo.
"Fico à sua espera, quero mostrar-lhe o meu trabalho" - diz-me.
E ficou. Primeiro, era só para que eu visse as telas, mas depois usou todos os argumentos e mais um, insistindo sempre, mas sem ser, em nenhum momento, desrespeitoso ou incomodativo, pelo contrário, havia nos olhos de Paulo uma bondade que me chegava, e depois era encantador a forma como falava da sua vida e da sua sensibilidade de artista. Estava convencida que era um artista, na assinatura lá estavam as iniciais do seu nome. Escolhi uma das telas, e comprei-a. "Vou fazer um quadro e, quando o olhar, pensarei: onde estará o Paulo, o jovem artista moçambicano que, num dia de Novembro de 2010, encontrei na marginal de Maputo? Talvez seja agora um artista famoso, espero que sim" - digo-lhe.
No dia seguinte quebrou-se a magia, enquanto passeava pela baixa encontrei muitos “Paulos”, jovens (todos artistas) que vendem telas iguais, usando exactamente as mesmas estratégias. Achei graça, é óbvio que para mim tanto importava. Aliás, se voltar a encontrar o Paulo, tratá-lo-ei por artista, vou falar-lhe de tintas e pincéis, sentimentos e paisagens, como no dia do nosso primeiro encontro. Ele pode não ser artista, mas carrega uma alma de artista.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Educação: um debate permanente
Há sempre na sociedade portuguesa uma discussão latente ou explícita, como acontece agora com as manifestações das escolas do ensino privado com contrato de associação com o Estado. Eu sou levada a pensar que os argumentos da ministra são razoáveis, apesar de defender a liberdade de escolha. Há possibilidade, sempre, de encontrar plataformas de entendimento, de modo a que se garanta a igualdade de oportunidades para todos. O direito à educação é inalienável, mas os contratos de associação não, podem discutir-se, refazer-se, substituir-se ...
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Terror e Morte, num aeroporto de Moscovo
O terrorismo aí está, matando de novo. É um gravíssimo problema de direitos humanos e de cidadania global; é um gravíssimo problema de política internacional. Os homens e mulheres bomba, suicidas em nome de uma crença, de uma ideologia ou do que seja, têm família, contextos, vidas... mas parece nada contar, parece nada ser importante. Por que se deixam armadilhar? Por que escolhem morrer e matar? Alguma coisa tem de estar muito errado nessas sociedades fechadas que não entendem a impossibilidade de fugir da complexidade contemporânea e pretendem reduzir tudo (o privado, o público e o político) ao âmbito de uma crença.
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