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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Má sorte, ser imigrante ilegal

Ontem, a Comissão Europeia aprovou a nova lei do repatriamento de imigrantes ilegais. Na verdade, não podem entrar na Europa todos aqueles que o desejem , é preciso regular os fluxos e garantir-lhes condições mínimas. Mas, em muitos casos, a imigração ilegal é o fim da linha, não têm outra saída. São repatriados, mas voltarão a tentar de novo, porque em muitas regiões do mundo, as condições de vida agravam-se, a cada dia que passa. Hoje, mesmo, milhões de pessoas irão dormir com fome, sub-nutridas, vulneráveis a doenças e a epidemias que as deixarão marcadas para o resto das suas vidas ou as levarão a uma morte prematura – a SIDA é o caso mais flagrante, com dimensões devastadoras, mas continuam a matar a malária, a tuberculose, a cólera, etc. Hoje, mesmo, milhares seres humanos voltarão a cruzar desertos, continentes e oceanos, para chegar à Europa. Não têm alternativa. É de uma alternativa que precisam, os políticos europeus e mundiais têm a obrigação moral de a encontrar ou então a política vale muito pouco.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Que valor tem o referendo europeu?

Não percebo nada de economia, e, portanto, a minha desconfiança pode ser só ignorância. A economia tornou-se nos tempos que correm algo de "sagrado", com os seus gurus a analisar, a dizer, a prever (às vezes muito mal, por certo). Em nome dela, por ela, se governa o mundo, se fazem escolhas, decisões, etc. e até se põe em causa a democracia.
Mas, por favor, não enganem o povo, se acham que o Tratado de Lisboa - como já antes a Constituição que quiseram fazer aprovar - é algo decisivo para a Europa, para o futuro de todos nós, e já viram que muitos europeus, quando expressam o seu voto, não pensam assim, porque consultam o povo, apenas para cumprir formalidades democráticas ou para procederem democraticamente, cumprindo escrupulosamente os resultados? Basta um raciocínio simples: era necessário que a Irlanda aprovasse o Tratado, não aprovou, logo, não há Tratado. Mas à lógica, impõem-se os interesses da "alta política", o que antes era, hoje já não é, e siga o processo. Que bela democracia a destes senhores da Europa!

domingo, 15 de junho de 2008

A selva urbana

Como todas as frases que se aplicam a tudo, esta corre o risco de perder o sentido. Vi umas imagens do metropolitano de Paris - a suburbana linha 13 - que a partir das cinco e meia da manhã é já hora de ponta, com funcionários nas estações a empurrar as pessoas para se poderem fechar as portas, e quase fiquei em choque. O desumano da cena, comum a todas as grandes cidades, leva-me a pensar: caminhamos para onde? E se a gasolina continuar a subir, a subir, e mais, e mais, pessoas tiverem que andar de metro? Será a ruptura? Pensaremos então em novos modos de habitar os espaços?
Aprendemos tão pouco em tantos anos de civilização! Tantas incompatibilidades com o viver simples, próximo e solidário! Por mais que usemos a retórica, a realidade que criámos esmaga-nos.

sábado, 14 de junho de 2008

Todos os fundamentalismos reduzem o humano

Também não gostei de ouvir o Presidente da República referir-se à raça, mas não faço disso uma tempestade, até porque se tratou de uma gafe. É assim que eu vejo.
Estou contra os fundamentalismos, pela irracionalidade que muitas vezes contém e sempre pela pobreza que constituem, ao reduzirem o campo de conhecimento, de análise e de acção - aquilo que deve constituir a base da escolha individual - a uma resposta já feita, seja de natureza ideológica, religiosa ou outra.
Mas também me aborrecem, quase diría, os novos fundamentalismos, o daquelas pessoas "militantes", eu conheço algumas, que tem uma visão tão restrita que caem em atitudes que tocam o ridículo. Há tempos escrevi um pequeno texto, e alguém o corrigiu: onde eu tinha "os alunos", colocou " as alunas e os alunos", onde tinha "os professores", colocou "as professoras e os professores", onde tinha "os pais", colocou "a mãe e o pai", etc.
Observei: - isto prejudica a clareza do discurso.
-Mas tem de ser assim - disseram-me .
Em presença de tal correcção, perguntei: - então, é sempre o género feminino, antes?
- Não, a gente vai trocando, umas vezes "as" outras vezes "os".
Grande explicação, não percebeu nada do que lhe estava a querer dizer. Perante isto, desisti. O que ia dizer a quem tem da relação e da igualdade de género uma visão tão redutora? Nada. Por mim, não aceito fundamentalismos destes, porque o essencial não está aí, todos sabemos e essas pessoas também deviam sabê-lo. Mas se quiserem continuar, façam favor, mas já agora vejam se percebem que o mais importante é fazer tudo para que as pessoas não falhem nas suas atitudes e comportamentos, o mesmo é dizer, nos valores da estima, da igualdade e do respeito que devemos uns aos outros..

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Que loucura é esta!

Como se de uma catástrofe natural se tratasse, e como se os homens, os que dominam a política e a economia, não tivessem nada a ver com isto, aí está a falta de alimentos, a fome a espreitar, já não só em África mas em muitas outras partes do mundo e até nos países ricos, mas claro apenas para aqueles que nestes países são pobres, sem emprego, excluídos .
Parece que a civilização e o desenvolvimento, que julgámos imparável, dá mostras de ruptura, não é coisa que racionalmente não se possa compreender, não precisamos de profecias sobre o fim do mundo - já alguém disse que as próximas armas serão de novo os arcos e as flechas, tal o tamanho de destruição das que existem, e a fome é a pior. Será o regresso ao início, se houver inicio, não é seguro que haja.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Obama! Obama! Obama!

Olho Obama a declarar a sua vitória nas Primárias dos Estados Unidos, a abraçar a mulher, a dirigir-se à sua adversária, e penso: é uma pessoa especial, tem de ser, para isto ter sido possível, de vez enquando a humanidade é brindada com homens sábios, brilhantes, bons. Sei que Obama não vai decepcionar, tenho a certeza. Algo de novo acaba de acontecer.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Violência e Xenofobia

Nos últimos dias tem havido notícias sobre imigrantes de Moçambique, Zimbabué, Malawi ... saindo apavorados da África do Sul, onde uma onda de violência e de xenofobia varre os bairros e as ruas de algumas cidades, destruindo, queimando, matando. Triste ironia, os que antes eram segregados, segregam agora, com o mesmo ódio e a mesma indiferença estampados no rosto, não é nada que a história não tenha já mostrado inúmeras vezes. Triste natureza humana! Séculos de civilização de pouco adiantaram.