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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tantas fardas, na Praça Vermelha

Voltaram às ruas de Moscovo, as infindáveis e "impecáveis" paradas militares. Assim, comemoram o fim da II Guerra Mundial, ao mesmo tempo que mostram o seu poderio militar. Olha-se para aquilo, e pensa-se: voltámos a que tempo? Quase confundo Putin e o actual Presidente com outros senhores de tempos idos. Quero estar enganada, espero que esta democracia, tão militarizada, tão musculada e tão outras coisas ..., não acabe por aqui.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Rasto de morte, na antiga Birmânia

A crueza das imagens do ciclone e dos poucos relatos que chegam dão a dimensão da tragédia, sempre a aumentar. Para o governo são 22 mil mortos, para os diplomatas dos Estados Unidos mais de 100 mil, como se uma guerra de números, nestas circunstâncias, fizesse qualquer sentido. A incrível burocracia, as dificuldades nos vistos e os entraves à ajuda humanitária, mostra a paranóia daquela Junta Militar que governa o país. Até onde é que isto chegará? Os organismos da comunidade internacional têm de ter alguma capacidade de ingerência quando se trata de casos assim, não podemos ficar à espera, quando esperar significa deixar morrer milhares e milhares de pessoas.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Meninos palestinianos

Há poucos dias ouvimos a notícia de que um raid israelita tinha estilhaçado uma casa palestiniana. Quatro crianças mortas, uma família destruída. Um ódio infinito, que assim não pode acabar nunca. Não sei se há justificações, haverá, mas que me importam quando acabam por morrer crianças inocentes. Maldita política, malditas bombas, maldita retaliação! Não existirão outras soluções? Para que serve a diplomacia, para que servem as Organizações Internacionais? Às vezes custa a acreditar, como é possível.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pertenças, sou ou não sou daqui

Hoje fui à igreja do bairro que não frequento com nenhuma regularidade. Fui à missa. Mas o que mais me emocionou foi o antes a missa, as pessoas que estavam e iam chegando. O modo como se posicionavam, se cumprimentavam, falavam... Pareceu-me um espaço comum envolvendo dentro dele múltiplas pertenças: era o grupo do coro, que ocupando o lugar designado, se iam
cumprimentando à medida que chegavam, era um grupo da catequese, as crianças que vinham com a catequista e se sentavam juntas ocupando todo um banco, era o grupo de leitores... Todos falavam, trocavam breves conversas...
Fiquei a pensar: há aqui uma identidade, um sentimento de pertença que ajuda a viver, que faz bem, que compromete, que dá vontade de estar e de voltar ...
Eu não pertenço a nada. Sou quase uma estranha, e sinto pena ...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A escravatura que não acaba

Ontem, soube-se que cinquenta portugueses tinham sido libertados de uma rede de tráfico de seres humanos, em Espanha. O que mais perturba é a maldade humana, quase em estado puro, sem um pingo de sentimento, que utiliza as fragilidades emocionais, mentais e sociais das pessoas para as utilizar a belo prazer. Coisas que não julgamos possíveis, entre nós, são possíveis.
Já sabíamos que o mundo não protege os fracos, mas não estamos na lei da selva. Portugal e Espanha são Estados de direito, por que é que a lei e as autoridades não protegem estas pessoas? Talvez não tenham tido conhecimento em devido tempo, mas havia quem conhecesse o caso, quem visse estas pessoas ser exploradas, escravizadas, maltratadas, e nada tenha feito para o denunciar. Todos somos responsáveis por estes e outros casos idênticos, basta que fechemos os olhos e achemos que não temos nada a ver com o assunto.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Nojoud Muhammed Nasser, a menina do Yemen

No início deste mês uma menina muçulmana do Yémen , de oito anos, foi sozinha a um tribunal pedir o divórcio do marido, um homem de trinta anos com quem vivia há mais de dois meses. Neste caso, choca-nos a imensa pobreza que leva aqueles pais, por um mísero dote, a entregar a filha ainda criança a um adulto. Tudo é explicado pela (in)questionável tradição, mas se ao menos a tradição fosse cumprida, não o foi por este marido, que consumou o casamento antes da menina atingir a puberdade. O grau de violência sobre estas crianças, violadas e abusadas, é imenso, mas o pior é que ninguém as ouve por mais que gritem e peçam ajuda . Não ajuda a família, não ajuda a sociedade, ninguém ajuda. É a tradição, dizem. Mas também é tradição não cumprir a tradição?
Como quase sempre, em situações limite, o ser humano descobre forças onde antes não existiam, e esta menina corajosa vai denunciar o marido e o pai. Tem a sorte de encontrar um juiz também corajoso que não decreta o divórcio mas sim a anulação do casamento para que aquele homem não volte a incomodá-la. A menina foi recolhida por um tio, está a salvo. Mas, até quando? Que fazer destas tradições, como ajudar estas vidas!

sábado, 19 de abril de 2008

Confiar, afinal resolve

- Que horas são? – pergunta-me o jovem (muito menos de vinte anos) que acaba de me ajudar a arrumar o carro.
- São seis horas. Por que será que há tanto movimento, tanta gente, aqui?
- Porque há jogo no Benfica. Já está tudo cheio, teve muita sorte em arranjar aqui um lugar. Podia dar-me este dinheiro todo, por lhe ter arranjado um lugar tão bom – referia-se à nota de cinco euros que eu lhe tinha dado para retirar um euro e devolver-me o resto.
- Sabe que, quando não tenho moedas, não paro, mas olhei para si e confiei – digo-lhe. Pensei: ‑ posso dar-lhe a nota que ele vai dar-me o troco.
- E vou mesmo, senhora. Vou mesmo. Não se enganou.
- Está a ver como vale a pena olhar nos olhos das pessoas!