Para quem não
viu o filme (1940), uma nota sobre a situação: uma imensidão de soldados, todos bem
alinhados e atentos, espera o discurso do grande ditador (Hitler,
evidentemente). Em vez dele, Charlot (que devido à semelhança física fora
confundido) faz este brilhante discurso sobre direitos humanos, falando de respeito pelos outros, de liberdade, de progresso, de justiça e de democracia.
Discurso final de Charles Chaplin no filme “O
grande Ditador”
«Realmente sinto muito mas não
aspiro a ser imperador. Isso não significa nada para mim. Não pretendo governar
nem conquistar nada de nada. Ao contrário, gostaria de ajudar, se possível,
cristãos e judeus, negros e brancos, todos temos o desejo de nos ajudarmos
mutuamente. A gente civilizada é assim. Queremos viver da nossa sorte comum e
não da nossa desgraça comum. Não queremos desprezarmos-nos nem odiarmos-nos
mutuamente. Neste mundo há sítio para todos. A boa terra é rica e pode garantir
a subsistência de todos.
O caminho da vida pode ser livre
e magnífico, mas perdemos esse caminho. A voracidade envenenou a alma dos
homens, rodeou o mundo num círculo de ódio e fez-nos entrar na miséria e no
sangue.
Melhorámos a velocidade, mas somos
escravos dela, a mecanização, que traz consigo a abundância, afastou-nos do
desejo. A ciência tornou-nos cínicos e a inteligência duros e brutais, pensamos
em excesso e não sentimos bastante.
Temos mais necessidade de
espírito humanitário do que de mecanização. Necessitamos mais de amabilidade e
simpatia do que de inteligência. Sem estas qualidades a vida só pode ser violenta
e tudo está perdido».
(continua)
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