(Uma história real, um velho e uma adolescente que saem de casa, um filme a que assisti, há muitos anos, julgo que na televisão espanhola, de que não sei precisar nem o título, e que conto de memória).
Um
velho de olhar triste vagueava sem sentido pela cidade. Era noite e
um frio intenso invadia-lhe o corpo e a alma. Contudo, era Verão.
Cansado, senta-se num banco de uma, quase deserta, estação de
comboios.
Cabeça
baixa, segura contra o corpo um embrulho que guarda como se fosse a
última coisa que lhe resta. O velho está só, sofre, num silêncio,
que magoa quem o observa. Disfarça a custo as lágrimas que
teimosamente lhe caem no rosto. De olhos semi-cerrados parece passar
em revista toda a sua vida, todo o seu sofrimento.
De
repente, de dentro dos arbustos do pequeno jardim contíguo à
estação, sai uma jovem mulher, quase criança, fugindo de uns
polícias. Grita, abraçando-se ao velho:
-
Avô, avô, que bom encontrar-te.
-
Este é o meu avô - diz, dirigindo-se a um dos polícias.
Ele
não entende. Não podia entender, mas sente que aquela criança
precisa de ajuda. Entra no jogo e corresponde ao abraço e ao
cumprimento da “neta”. Abraçados permanecem unidos por alguns
instantes, enquanto os polícias, embora desconfiados, se vão
afastando na direcção contrária à estação.
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