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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

História de um encontro (1)

(Uma história real,  um velho e uma adolescente que saem de casa, um filme a que assisti, há muitos anos, julgo que na televisão espanhola, de que não sei precisar nem o título, e que conto de memória).


 Um velho de olhar triste vagueava sem sentido pela cidade. Era noite e um frio intenso invadia-lhe o corpo e a alma. Contudo, era Verão. Cansado, senta-se num banco de uma, quase deserta, estação de comboios.
Cabeça baixa, segura contra o corpo um embrulho que guarda como se fosse a última coisa que lhe resta. O velho está só, sofre, num silêncio, que magoa quem o observa. Disfarça a custo as lágrimas que teimosamente lhe caem no rosto. De olhos semi-cerrados parece passar em revista toda a sua vida, todo o seu sofrimento.
De repente, de dentro dos arbustos do pequeno jardim contíguo à estação, sai uma jovem mulher, quase criança, fugindo de uns polícias. Grita, abraçando-se ao velho:
- Avô, avô, que bom encontrar-te.
- Este é o meu avô - diz, dirigindo-se a um dos polícias.
Ele não entende. Não podia entender, mas sente que aquela criança precisa de ajuda. Entra no jogo e corresponde ao abraço e ao cumprimento da “neta”. Abraçados permanecem unidos por alguns instantes, enquanto os polícias, embora desconfiados, se vão afastando na direcção contrária à estação.

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