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sexta-feira, 22 de abril de 2022

A perversidade da guerra

 A guerra perverte tudo: põe o conhecimento racional e científico ao serviço  das academias militares, das indústrias de armamento,  da sofisticação das armas, das estratégias bélicas, da morte planificada de pessoas…, como se tudo fosse normal.

A razão, ao serviço da total irracionalidade, que confunde tudo, que domina tudo, que destrói tudo. E assim estamos, e assim continuamos, como se estivéssemos na idade da pedra, incapazes  de mudar de vida.

Tropas russas na Ucrânia


terça-feira, 19 de abril de 2022

O jovem morto na guerra - poema de Fernando Pessoa

 O menino de sua mãe

 

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,

De balas trespassado

Duas, de lado a lado,

Jaz morto, e arrefece

 

Raia-lhe a farda o sangue

De braços estendidos,

Alvo, louro, exangue,

Fita com olhar langue

E cego os céus perdidos

 

Tão jovem! Que jovem era!

(agora que idade tem?)

Filho único, a mãe lhe dera

Um nome e o mantivera:

“O menino de sua mãe”.

 

Caiu-lhe da algibeira

A cigarreira breve

Dera-lha a mãe. Está inteira a cigarreira.

Ele é que já não serve.

 

De outra algibeira, alada

Ponta a roçar o solo,

A brancura embainhada

De um lenço … deu-lho a criada

Velha que o trouxe ao colo.

 

Lá longe, em casa, há a prece:

“Que volte cedo, e bem!”

(Malhas que o Império tece”)

Jaz morto, e apodrece,

O menino de sua mãe

 

                                          Fernando Pessoa

 

 

 

 

 

 

sábado, 16 de abril de 2022

Boa Páscoa

 Num mundo tão difícil,  morte, desespero, guerra..., festejar a Páscoa, parece uma ironia. Mas não nos resta mais nada se não continuarmos a fazer o que nos for possível para um mundo mais humano.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

Nas ruínas de Mariupol, Ucrânia

 Começam a aparecer apontamentos de reportagem que tocam a dignidade humana – sei bem que tudo naquela guerra é indigno e que a barbárie russa precisa ser mostrada, mas há limites!

Aquele homem, relativamente novo, de olhar perdido, mais que desorientado, incapaz de articular discurso e a quem perguntam: como se sente? Para onde vai? Quem perdeu? Já não tem casa?

Aquele jovem, em cima de uma montanha de destroços, a quem perguntam: como se sente? O que perdeu? Não tem para onde ir? Não tem medo de ficar aqui?

-  Não saio daqui. Até tenho para onde ir, mas é tão longe, que não sei se ia conseguir lá chegar…


quarta-feira, 6 de abril de 2022

Os impasses do Conselho de Segurança da ONU

É formado por 15 países e destes 5 (China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia) são membros permanentes, com direito de veto, ou seja, se votarem contra uma resolução a mesma deixa de ter aplicação prática.

São dificuldades que se repetem, já vimos isto acontecer noutros conflitos, noutras situações. Parece impossível uma reforma capaz de tornar este Conselho Permanente eficaz e para isso não pode a parte interessada (neste caso a Rússia) votar em si própria.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Algumas notas sobre grandes batalhas (a mesma indecência humana)

Em Austerlitz, França, 1805; - Em Waterloo, atual Bélgica, 1815; - Em Ypres, Flandres, durante a I Guerra Mundial (1914-1918) houve quatro grandes batalhas; na última, a de La Lys, com milhares de baixas portuguesas (mortos, feridos e prisioneiros); - Em Gettysburg, Pensilvânia, Estados Unidos, 1863, na Guerra da Secessão; - Em Verdun, França,1916, I Guerra Mundial, durante dez meses, entre franceses e alemães, com muitas centenas de milhar de

domingo, 20 de março de 2022

Guerras

Empilhem os corpos em Austerlitz e Waterloo. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar – Eu sou a erva; eu cubro tudo. E empilhem-nos também em Gettysburg; Empilhem-nos em Ypres e Verdun. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar. Dois anos, dez anos, e os passageiros perguntam ao motorista: Que lugar é este? Onde é que estamos? Eu sou a erva. Deixem-me trabalhar Carl Sandburg